Avenida Rebouças
Bairro de Vila América, SP
Início: rua da Consolação
Final: avenida Nações Unidas

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A avenida Rebouças chamava-se originalmente rua Doutor Rebouças, em homenagem ao Engenheiro André Rebouças. Já aparecia no mapa da cidade de 1905 com esse nome. Começava na rua da Consolação, num largo triangular de onde, além de sair a rua para sudoeste, saía também a alameda Santos para sudeste e a continuação estreita da rua da Consolação para sudoeste, quase paralela com a Rebouças. Logo após o início da rua, encontrava-se também saindo para noroeste a Estrada do Araçá (hoje avenida Doutor Arnaldo), que levava ao Cemitério do Araçá. Esse trecho da Rebouças seria muito antigo, pertencendo segundo historiadores ao Peabiru, sendo também conhecido por Estrada de Pinheiros ou de Sorocaba.


Trecho original da avenida Rebouças em 1930: começa no canto direito superior do mapa e vai até o cantoesquerdo inferior. A curva que se vê ali corresponde ao início da rua de Pinheiros. A rua Itapirussu começa logo depois (Sara Brasil, 1930).
 

Não se sabe exatamente quando a Estrada passou a ter o nome de Doutor Rebouças (o nome existia até o início da rua de Pinheiros, onde a estrada cruzava o córrego Verde, hoje Praça Portugal) e nem por que esse nome apenas vigorava até o córrego. Porém, quando se decidiu pelo alargamento e asfaltamento da rua ela já era conhecida como Avenida Rebouças. Era, realmente, segundo relatos de época, um péssimo trecho para carros, mesmo carros de boi, tanto que, quando a Light and Power colocou o bonde elétrico para Pinheiros, fê-lo virar da Consolação para a avenida Municipal (como se chamava a Estrada do Araçá no início do século XX) e dali para a rua Teodoro Sampaio, dali descendo para o largo de Pinheiros. Em 1926, um morador se queixava da "avenida", que não possuía "nem calçamento nem guias. Nos dias seccos, levanta-se grandes nuvens de poeira, de modo que os moradores são constrangidos a ficar com as portas e janelas fechadas. Nos dias chuvosos transforma-se em um grande lamaçal" (1).


Trecho da rua Itapirussu em 1930: começa na curva inicial da rua de Pinheiros, no centro do mapa, e segue para sudoeste. Reparem nas poucas construções que lhe encostam e na sigla "n. o." - rua não oficial
(Sara Brasil, 1930).
 

O nivelamento, alargamento e asfaltamento da avenida Rebouças iniciou-se em março de 1935
(1). Ele seria entregue no ano seguinte (1) já com pista dupla e canteiro central até a rua Henrique Schaumann, por onde passava o córrego Verde (2); dali para a frente, já nos anos 1920, existia uma rua de nome Itapirussu, que, no mapa da SARA BRASIL de 1930, aparece com esse nome, estreita, saindo realmente da rua de Pinheiros e não exatamente como continuação da Rebouças, rua essa que continuava depois em linha reta com o nome de Boaventura Rosa. Pelo mapa, deduz-se que essas ruas eram não calçadas e estreitas em relação à Rebouças asfaltada (e mesmo não asfaltada, como o era em 1930): as duas eram ruas "não-oficiais". Tinham pouquíssimas construções. A reta terminava na rua Iguatemi (atual avenida Brigadeiro Faria Lima, na praça Itália). Não continuava para a frente nem existia a avenida Eusébio Matoso.


Trecho da rua Boaventura Rosa em 1930: não está claro onde acabava esta e onde começava a rua Itapirussu. Seu final está onde hoje fica a Praça Itália (cruzamento Rebouças x Fria Lima). Notar que não existe a continuação de hoje nem a Eusébio Matoso: mais à frente, em reta com a rua, aparece um emissãrio que dobra para oeste, exatamente onde hoje está o leito da rua Marte, que liga a Rebouças à Eusébio Matoso. A rua Sampaio Vidal tem outro nome (Doutor Rosa) (Sara Brasil, 1930). Os Rosa eram da família proprietária da Chácara Bela Veneza, cujos terrenos deram origem a boa parte da aevnida.


Somente no final dos anos 1930, início dos 1940, fizeram-se as obras de alargamento dessas duas ruas, que continuou pouco depois com o prolongamento da avenida Rebouças além da rua Iguatemi e não para alcançar a nova ponte sobre o rio Pinheiros, como foi inicialmente aventado, mas sim para alcançar o rio sem ponte alguma, no local onde está hoje. Hoje o seu final está na avenida Nações Unidas, mas, nos anos 1960, por exemplo (lembrança minha) chegando-se ali tinha-se de virar à esquerda na rua Hungria, que hoje, mantendo esse nome, é a pista local da Marginal do Pinheiros entre as pontes de Cidade Jardim e de Pinheiros. Naquela época, no entanto, o seu final era ali, no final da Rebouças. Não continuava até a Eusébio Matoso. Isso só veio nos anos 1970.

A construção da avenida Eusébio Matoso, nos anos 1940, fez com que o tráfego que vinha da cidade pela Rebouças cruzasse o rio passando pela nova avenida. O trecho final da Rebouças, hoje a rua para aonde o Shopping Eldorado dá sua frente, sempre foi do jeito que é: estreito e com calçadas largas ajardinadas. Era um trecho residencial até o início dos anos 1970; com a chegada do Shopping, aberto em 1980, praticamente todas as suas casas foram transformadas em escritórios.


Notar também que a avenida Rebouças é uma das poucas ruas de São Paulo fora do Centro Histórico que não tem fiação aérea.



Avenida Rebouças em1935/36, sendo asfaltada (REALE, Ebe: Brás, Pinheiros, Jardins, EDUSP, 1982)


Avenida Rebouças em 1939, foto tomada do seu início na rua da Consolação no sentido de Pinheiros. (LEMOS, Carlos A. C. e SAMPAIO, Maria Ruth Amaral: Renata e Fábio Predo, a Casa e a Cidade, Museu da Csa Brasileira, Governo do Estado de São Paulo, 2006).


Avenida Rebouças 2907, três casas mais antigas adaptadas nos anos 1970 para ser escritório de uma construtora. Este conjunto ficava em frente à avenida Pedroso de Moraes. Foto VEJA, edição 292 de 10/4/1974


Avenida Rebouças em 6/4/2010: fotografia tirada do prédio da esquina com a avenida Brig. Faria Lima, sentido cidade. Vê-se a saída do túnel que vem da Eusébio Matoso. Foto Ralph M. Giesbrecht


 


(1)
REALE, Ebe: Brás, Pinheiros, Jardins, EDUSP, 1982
(2)
Por ali cruzava o braço 2 do córrego Verde, hoje canalizado, também chamado de Córrego da Água Branca
(3)

Atualização: 30.05.2010