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Cia. Mogiana de
Estradas de Ferro (1900-1971)
FEPASA (1971-1998) |
BARRACÃO
Município de Ribeirão Preto,
SP |
Linha-tronco original - km 314,264
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SP-0998 |
Altitude: 517 m |
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Inauguração: 01.06.1900 |
Uso atual: desconhecido (2021) |
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com trilhos |
Data de construção do
prédio atual: 1900? |
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HISTORICO DA LINHA: A
linha-tronco da Mogiana teve o primeiro trecho inaugurado em 1875,
tendo chegado até o seu ponto final em 1886, na altura da estação
de Entroncamento, que somente foi aberta ali em 1900. Inúmeras retificações
foram feitas desde então, tornando o leito da linha atual diferente
do original em praticamente toda a sua extensão. Em 1926, 1929, 1951,
1960, 1964, 1971, 1973 e 1979 foram feitas as modificações mais significativas,
que tiraram velhas estações da linha e colocaram novas versões nos
trechos retificados. A partir de 1971 a linha passou a ser parte da
Fepasa. No final de 1997, os trens de passageiros deixaram de circular
pela linha. |
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A ESTAÇÃO: Em 1886,
continuando com a política de núcleos coloniais para
imigrantes do Governo Imperial e também paulista, foi fundado
o Núcleo Colonial Senador Antonio Prado (sim, o que
depois foi Prefeito de São Paulo e Presidente da Companhia
Paulista de Estradas de Ferro por 28 anos), em terras devolutas
para a fixação de mão-de-obra onde se estabeleceram
(pelo menos neste caso) colonos alemães, portugueses, cearenses
e, em sua maior parte, italianos.
A proximidade da linha-tronco da Mogiana, que cortava as diversas
glebas do núcleo mais ou menos no meio, acompanhando o alto
ribeirão Preto (sim, o córrego), facilitou a fixação
desses colonos, que adquiriam os lotes (chamados então de chácaras)
e ali moravam, plantavam e tinham pequenas indústrias e artesanatos.
Segundo Adriana Capretz Borges da Silva, a estação
já existiria no ponto onde hoje está, desde 1892 - provavelmente
como um estribo simples para o desembarque desses colonos para o barracão,
um galpão próximo, que abrigava os imigrantes que chegavam
à cidade.
Somente em 1900, a estação de Barracão
foi finalmente inaugurada com o mesmo prédio, bem ao estilo
Mogiana, que hoje ali está com pequenas modificações.
O seu nome foi dado tendo como motivo o tal galpão, que nomeou
tanto a estação quanto os bairros ao seu redor, chamados
por muitos anos de Barracão de Cima (hoje Ipiranga)
e Barracão de Baixo (hoje Campos Elísios).
O prédio, que foi destruído por um incêndio no
início do século 20, era o equivalente a uma hospedaria
de imigrantes, como existia por exemplo na cidade de São
Paulo.
Daqui passou a sair o ramal de Sertãozinho, que já existia
desde o ano anterior.
Dado interessante: embora a estação existisse desde
1900, os terrenos onde ela estava somente foram comprados pela Mogiana
em 1913, quando ela adquiriu diversos lotes que jamais haviam sido
vendidos ou ocupados por colonos, junto à atual rua Capitão
Salomão e ao lado dos lotes 6a e 7a do loteamento original
do Núcleo Antonio Prado, pagando esses lotes compridos
e numerados de 1 a 25 (no mapa abaixo eles aparecem como pequenos
riscos com a linha da Mogiana cortando-os ao meio). Eram 3,2 hectares
pelos quais a ferrovia pagou 25:600$000.
O ramal de Sertãozinho, a partir de 1914, passou a se
ligar com o ramal de Pontal, da Cia. Paulista, permitindo a
ligação entre as duas linhas-tronco principais das duas companhias.
Em 1964, com a modificação da linha-tronco da Mogiana, a estação passou
a fazer parte do próprio ramal, ficando fora do tronco, e o ramal
passou a sair da nova estação de Ribeirão. Quando foi construída
a linha nova, foi feita uma alça de ligação da nova com a linha antiga
e para se atingir a velha, um desvio passou a sair de Ribeirão-nova.
Depois de uma enorme curva, ele encontrava a linha antiga, precisamente
entre as estações do Alto e de Barracão. Isso servia
para acessar o ramal de Sertãozinho, as grandes instalações
da Ribeirão-velha (oficinas, estação central, depósitos,etc)
e o ramal de Guatapará, até a sua extinção, em 1976. Com a
efetivação da linha nova e a demolição "de toda e qualquer coisa
que lembrasse ferrovia nas cercanias da então futura rodoviária
de Vila Tibério (1)", a alça passou apenas a servir de acesso
para o ramal de Sertãozinho e a estação passou
a fazer parte do ramal.
Portanto, em 2000 ainda existia um trecho, mesmo que pequeno, da antiga
linha-tronco no meio de Ribeirão Preto.
Barracão esteve por muitos anos desativada, depois de por vários
anos, e há até meados dos anos 1990, ser o palco de uma curiosa manobra
de trens cargueiros que se dirigiam de Ribeirão-nova para o
ramal de Sertãozinho, e que complicava o trânsito de veículos
na avenida Dom Pedro I, ali ao lado - a manobra existia justamente
porque o trem tinha de entrar num trecho que sobrou da linha original
do tronco da Mogiana e que seguia para a Vila Tibério e voltar
para entrar no ramal. Como o ramal está desativado desde 1998,
isso não ocorre mais.
Em 2021 o prédio estava bem externamente, mas sem iso conhecido por mim..
1892
AO LADO: Venda de terrenos no núcleo Antonio Prado já em 1892, quando a estação ainda nem existia
(O Estado de S. Paulo, 23/9/1892). |
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ACIMA: Parte do Núcleo Antonio Prado,
no local hoje parte do bairro do Ipiranga. Vê-se a linha da
Mogiana, tronco, e a estação, assinada com uma flecha
(essa marca foi feita pelo autor deste site). Para cima na figura
(na realidade, sentido nordeste na realidade; ver mapa recente, abaixo
nesta página) a linha ainda existia em 2006. Para baixo,
a linha já foi retirada há muitos anos. Na época
do mapa, ainda não existia o ramal de Sertãozinho, inaugurado
em 1899 e que cortava os lotes longos de 1 a 11 (onde estão
assinalados pela autora do trabalho de onde o mapa foi extraído
as marcas dos nomes das ruas do loteamento, de 9 a 15). Esses lotes
foram comprados pela Mogiana para que o ramal pudesse ser construído.
A estação do Barracão está mostrada entre
os lotes 6a e 7a (últimos à direita, ao lado da linha)
e o ribeirão Preto. A rua 3 é a avenida Dom Pedro I,
sendo que ao lado da estação ela se chama Capitão
Salomão. É sempre interessante assinalar que o Núcloe
Colonial abrangia uma área bem maior do que a constante no
mapa acima, que somente mostra a parte próxima à estação,
que aqui nos interessa. (Mapa extraído da obra de Adriana Capretz
Borges da Silva, Campos Elísios e Ipiranga, Memórias
do Antigo Barracão, Editora COC, 2006).
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1900
AO LADO: A inauguração da estação de Barracão é prevista para o dia 1º de junho (O Estado de S. Paulo, 24/05/1900) |
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1920
AO LADO: Desastre e morte perto da estação de Barracão (O Estado
de S. Paulo, 31/7/1920). |
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1923
AO LADO: Apedrejamento do expresso de São Joaquim próximo a Barracão (O Estado
de S. Paulo, 27/3/1923).
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1941
AO LADO: Atropelamento próximo a Barracão (O Estado
de S. Paulo, 27/7/1941). |
ACIMA: Esquema do pátio de Barracão
em novembro de 1968 (Clique sobre a figura para ter maiores
informações) (Acervo Museu da Companhia Paulista, Jundiaí,
SP - Reprodução Caio Bourg).
ACIMA: A estação de Barracão
em 11/4/1977. Pela data, ela havia sido fechada para passageiros
havia poucos meses, com a supressão desses trens no ramal de
Sertãozinho (Foto: José Roberto Pascon).
ACIMA: A estação do Barracão
, ao lado direito da rua Capitão Salomão (nro 2). O
pontilhado vermelho mostra o antigo leito da Mogiana dirigindo-se
à não mais existente estação de Ribeirão
Preto na Vila Tibério. Ali não existem mais trilhos
desde há muito, fato que gerava a manobra dos trens, junto
ao (nro 2). e que hoje não mais ocorre justamente por falta
dos trens para o ramal. A nordeste da estação (retângul
vermelho junto ao nro 2), a bifurcação para o ramal
(à esquerda) e para a estação de Ribeirão-nova
(essa linha que se juntava à variante Bento Quirino-Entroncamento
era remanescente do tronco original, de 1886). Finalmente, o trecho
em vermelho (no Ipiranga) mostra a continuação dos trilhos,
que ainda estão lá hoje (2006), mas que o mapa estranhamente
não mostrou, nesta edição de 1998. Note-se ainda
a noroeste dos trilhos o bairro do Ipiranga, antido bairro do Barracão
de cima, e a sudeste, parte do de Campos Elísios, antigo bairro
do Barracão de Baixo (Star Guia, 29a edição,
1998).
SOBRE O NÚCLEO: As casas do núcleo
eram feitas com o suor do rosto: "...construíram
a casa deles, colocaram plantas, cobriram e meu pai morou
lá até completar um ano. Depois eles se mudaram
para uma casa que fizeram recolhendo barro de um buracão.
Amassaram com os pés, faziam uns tijolos grandes. Aquela
casa existe ainda. Os tijolos eram só para eles, não
vendiam. O madeiramento das árvores foi feito com as
árvores do lugar, aqui só tinha mato. Compraram
as telhas. Era um casarão muito grande, tinha uma sala
comprida no meio, os dormitórios dos lados e no fundo
tinha duas cozinhas. A sala parecia um salão, os quartos
também, com janelas grandes de madeira" (Sônia
Girotto, 11/2000, depoimento para Adriana Capretz Borges
da Silva).
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ACIMA: Cerveja INVICTA com a figura
da estação de Barracão (fev/2014,
cessão Tales Cardoso).
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ACIMA: A estação do Barracão,
vazia em agosto de 2011 (Foto Marcelo Tomaz).
(Fontes:
Ralph M. Giesbrecht: pesquisa local; Silvio Rizzo; Tales O. C. Cardoso;
Marcelo Tomaz; Dirceu Baldo; Rodrigo Cabredo; José Roberto
Pascon; Caio Bourg; Museu da Cia. Paulista, Jundiaí, SP; Cia.
Mogiana: relatórios anuais, 1875-1969; Cia. Mogiana: Relação
oficial de estações, 1937; Adriana Capretz Borges da
Silva: Campos Elísios e Ipiranga - Memórias do Antigo
Barracão, Editora COC, 2006; Star Guia, Ribeirão Preto,
29a edição, 1998; Diário da Manhã, 1967-76;
Mapa - acervo R. M. Giesbrecht) |
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A estação de Barracão, c. 1910. Acervo
Ralph M. Giesbrecht |
Em foto de 1990, a estação de Barracão.
Foto Rodrigo Cabredo |
Em 29/12/1999, a estação de Barracão. Foto
Ralph M. Giesbrecht |
Em 29/12/1999, a estação de Barracão. Foto
Ralph M. Giesbrecht |
A estação, em dezembro de 2000. Foto Dirceu Baldo |
A estação em 2007. Foto Daniel, Ribeirão
Preto |
A estação em 27/3/2016. Foto Silvio Rizzo |
A estação em 1/11/2021. Foto Julio Cesar Okumoto |
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Atualização:
28.06.2022
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