A B C D E
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L M N O P
Q R S T U
VXY Mogiana em MG
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Bauru-CP
Bauru-NOB
Posto 1
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Saída para o ramal de Bauru (EFS): Bauru-EFS
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Tronco NOB - 1935
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ESTIVE NO LOCAL: SIM
ESTIVE NA ESTAÇÃO: SIM
ÚLTIMA VEZ: 2008
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E. F. Noroeste do Brasil (1906-1975)
RFFSA (1975-1996)
BAURU
Município de Bauru, SP
Linha-tronco - km 0   SP-0986
Altitude: 496 m   Inauguração: 01.09.1906
Uso atual: em reforma (2016)   com trilhos
Data de construção do prédio atual: 1939
 
 
HISTORICO DA LINHA: A Estrada de Ferro Noroeste do Brasil foi aberta em 1906, seguindo a partir de Bauru, onde a Sorocabana havia chegado em 1905, até Presidente Alves, em setembro de 1906. Em janeiro de 1907 atingia Lauro Müller, em 1908 Araçatuba e em 1910 atingia as margens do rio Paraná, em Jupiá, de onde atravessaria o rio, de início com balsas, para chegar a Corumbá, na divisa com a Bolívia, anos depois. O trecho entre Araçatuba e Jupiá, que até 1937 costeava o rio Tietê em região infestada de malária, foi substituído nesse ano por uma variante que passou a ser parte do tronco principal, enquanto a linha velha se tornava o ramal de Lussanvira. Em 1957, a Noroeste passou a fazer parte da RFFSA. Transportou passageiros até cerca de 1995, quando esse transporte foi suprimido. Em 1996, a RFFSA deu a concessão da linha para a Novoeste, que transporta cargas até hoje.
 
A ESTAÇÃO: A E. F. Noroeste foi inaugurada em Bauru em 1906 com muitas festas, mas a estação utilizada para os seus trens era a da Sorocabana, que ali já tinha sua estação desde 1905 - a Paulista somente chegaria a Bauru em 1910.

Quando foi aberta e inaugurada a estação primitiva usada pela Noroeste? Boa pergunta, até agora, não consegui encontrar esta data. O que se sabe, segundo Douglas Ruzon, é que inicialmente era um pequenino prédio de alvenaria projetado pela Sorocabana (e não pela Noroeste) que, aos poucos, com o aumento do tráfego, ganhou "puxadinhos" de madeira. Tratava-se da pequena estação de madeira que pode ser vista em algumas fotografias ao pé da página.

No ano de 1921, a Noroeste inaugurou suas novas oficinas no pátio ferroviário (clique para ver).

A estação de madeira durou até novembro de 1938, quando começou a ser desmontada, antes mesmo da conclusão da estação atual: os passageiros já estavam, então, utilizando as plataformas provisórias da estação nova para embarque e desembarque (veja quadros mais abaixo).

Em 1 de setembro de 1939, com a conclusão da nova e enorme estação da Noroeste (que havia iniciado a estação em 4 de dezembro de 1935 pela Leão, Ribeiro e Companhia), e que englobava também os escritórios da empresa, todos os embarques e desembarques das três ferrovias passaram a ser centralizados nessa estação e os prédios da Sorocabana e da Noroeste foram desativados.

Enquanto houve trens de passageiros naquele que era chamado de maior entroncamento ferroviário do Brasil, a estação teve enorme movimento.

Meu nome é Antonio Silvano Gustinelli. Gostaria de perpetuar, através do seu site, acontecimentos que me agrada te-los na memória;  vamos então a eles: Nos meados dos anos 1960, frequentemente eu ia de Americana a Lins e dali a Guararapes – onde nasci – e adjacências.

'Usando a Companhia Paulista de Estradas de Ferro até Bauru, onde fazia-se o transbordo para a Noroeste, visto que as bitolas eram diferentes. A monumental estação de Bauru era para mim um santuário. Ali testemunhei, varias vezes, para meu deleite, aqueles que participavam ativamente e passivamente, como eu, da partida do trem da NOB.

'Às 14h27, uma voz de belo timbre, tipo Alfredo Alves, da Radio Cultura FM de São Paulo, ou então, Anderson Guimarães, aqui de Americana, falando em um sistema de som poderoso, dizia assim: “Atenção, Senhores passageiros do trem da Noroeste, a composição com destino a Corumbá, partirá dentro de 3 minutos”. Fazia o pronunciamento com o vigor e gosto adequados, como se aquilo fosse a coisa mais importante na face da terra.
Transcorridos os 3 minutos, exatamente ás 14,30, aquela voz manifestava-se assim: ATENÇÃO, SENHOR CHEFE DO TREM DA NOROESTE. O TREM COM DESTINO A CORUMBÁ PODE PARTIR. Era enfático naquele ‘pode partir’. O chefe do trem, tomado do inebriamento que as palavras, proferidas daquela forma, produziam, trilava longamente e prazerosamente o seu apito.


'O operador da locomotiva respondia então com um buzinaço, também longo e de som característico da poderosa propulsora.
Incontinente, acelerava o motor diesel-elétrico, tracionando a maior composição ferroviária de passageiros que eu vi. E em curva, deixava lentamente aquele santuário. Ali, naquele momento sublime, estava-se construindo um tipicismo. Ali, naquele momento imorredouro, erigia-se a conformação mística da terra que o trilho percorria, a minha terra, o meu rincão
” (Antonio Silvano Gustinelli, 3/9/2017).
No final de 1995, os trens de passageiros da Noroeste foram extintos no trecho que ainda estava em operação, entre Campo Grande e Corumbá. Em 1993, os trens de passageiros para Campo Grande já haviam deixado de existir. A estação fechou para passageiros da Noroeste, permanecendo aberta apenas para os trens da Paulista, que ainda chegavam ali diariamente pela linha da ex-CP.

A partir de quando a concessionária Novoeste assumiu a ferrovia, em 1996, o prédio definhou rapidamente. Em 1999, os escritórios da concessionária se mudaram dali e a estação caiu de vez no abandono.

Os trens de passageiros para Bauru, na antiga linha da Cia. Paulista, chegaram à estação pela última vez em 14 de março de 2001, sendo então suprimidos. A estação, então, somente servia como plataforma de embarque e desembarque.

Depois desse dia, nem para isso. O abandono e a sujeira tomaram conta do prédio e de suas plataformas. Em meados de 2010, o prédio da estação foi adquirido pelo município. Em 2016, estava sendo reformado.

1906
AO LADO:
Em outubro de 1906, o anúncio dos primeiros trens regulares de passageiros da Noroeste: eles partiam duas vezes por dia, às segundas e quintas, da estação da Sorocabana de Bauru e chegavam a Jacutinga (atual Avaí) e voltavam no mesmo dia (O Estado de S. Paulo, 6/10/1906).

1925
AO LADO:
A Sorocabana era autorizada a entrar com seus trens na primitiva estação da Noroeste (O Estado de S. Paulo, 21/3/1925).

1933
AO LADO:
Começava-se a falar numa nova estação que juntaria as estações das três ferrovias na cidade (O Estado de S. Paulo, 24/11/1933).

1938
AO LADO:
A estação já estava quase pronta em novembro de 1938, mas ainda tudo era provisório. A data de inauguração da estação velha (que estava já sendo desmontada) não é deste velho prédio, mas outra cuja data (ver acima) não se conseguiu ainda determinar (O Estado de S. Paulo, 30/11/1938).

1938
AO LADO:
Catorze dias mais tarde, a nova estação ainda não havia sido inaugurada em meados de dezembro de 1938, mas parte de suas plataformas já embarcavam e desembarcavam passageiros (O Estado de S. Paulo, 14/12/1938).

1939
AO LADO:
Quarenta e dois dias mais tarde, a nova estação já tinha novos equipamentos e funcionava parcialmente (O Estado de S. Paulo, 26/1/1939).
ACIMA e ABAIXO: A estação de Bauru em construção (1938-39) (Autores desconhecidos).



ACIMA: O famoso trem Ouro Branco da Sorocabana chega a Bauru em abril de 1939 (O Estado de S. Paulo, 24/3/1939).

ACIMA: Passagem sobre tilhos em Bauru (O Estado de S. Paulo, 28/10/1939).

ACIMA: A estação à esquerda e a cidade ao fundo (Illustração Brasileira, 02/1947).
ACIMA: A rotunda nas oficinas de Bauru, em 1947 - CLIQUE SOBRE A FOTO PARA VER MAIS SOBRE A ROTUNDA (Illustração Brasileira, 1947).

ACIMA: Pátio de Bauru e esquema de linhas no tempo da RFFSA. Provavelmente anos 1970. O prédio da estação está ao centro-direita, na perna do "V" à direita. CLIQUE SOBRE A FIGURA PARA VÊ-LA EM TAMANHO MAIOR (RFFSA).
ACIMA: A estação de Bauru ainda funcionando, cheia de gente nas plataformas. Possivelmente anos 1980 (Foto Luiz Antonio Gasparini).

ACIMA: O entroncamento das três ferrovias em Bauru. Ainda existia em 2017, mas esta fotografia não tem data. Os trilhos que cruzam e saem para a esquerda correspondem aos da Sorocabana, sentido Agudos. Os que seguem em frente numa reta, bitola larga, são os da Companhia Paulista, sentido Garça. Os que seguem em bitola métrica para a direita são os da Noroeste, sentido Araçatuba (Foto Nilton Gallo, sem data).

ACIMA: Apesar da depredação e sujeira geral na antiga estação hoje abandonada em Bauru, o hall de entrada ainda mantém o balcão com o toldo cheio de informações ainda do tempo da RFFSA-10a Divisão, em 2008, quando ali foi realizado um evento de ferromodelismo. Os mais desavisados podiam até pensar que ainda se vendiam passagens para Corumbá... (Foto Julio Cesar de Paiva, 27 de setembro de 2008).

ACIMA: Gare da estação de Bauru em 2016. (Foto Fernando Marietan).

(Fontes: Ralph M. Giesbrecht, pesquisa local; Douglas Ruzon; Luiz Antonio Gasparini; Julio Cesar de Paiva; Ricardo Frontera; Hermes Hinuy; Adriano Leonardo Pazzini; Daniel Gentili; O Estado de S. Paulo, 1906, 1925, 1938 e 1939; Illustração Brasileira, 1947; RFFSA: Noroeste, Ferrovia da Integração, 1982; Mapa - acervo R. M. Giesbrecht)
     

Bauru, estação original, sem data. Foto do jornal "Noroeste, ferrovia da integração" - RFFSA, Bauru, 1982

Bauru, estação original, sem data. Foto do jornal "Noroeste, ferrovia da integração" - RFFSA, Bauru, 1982

Em 1938, a estação antiga convive com as obras da nova, à esquerda. Foto do jornal "Noroeste, ferrovia da integração" - RFFSA, Bauru, 1982

Bauru - provavelmente anos 1950. Foto Postal Colombo

Fachada da estação de Bauru, em 20/05/1999. Foto Ralph M. Giesbrecht

Plataforma da estação, vazia, em 20/05/1999. Foto Ralph M. Giesbrecht

Estação de Bauru, em novembro de 2000. Foto Ricardo Frontera

Plataforma 2 da estação de Bauru. Foto (sem data) Adriano Leonardo Pazzini

Plataforma da estação em 15/1/2011. Foto Daniel Gentili

A estação em 27/12/2016. Foto Hermes Hinuy
   
     
Atualização: 09.02.2021
Página elaborada por Ralph Mennucci Giesbrecht.