|
|
E. F. Bragança
(1884-1965) |
MARITUBA
Município de Marituba, PA |
E. F. Bragança - km 17,210 (1960) |
|
PA-4134 |
Altitude: 16 m |
|
Inauguração: 09.11.1884 |
Uso atual: sede de batalhão da Polícia
(2008) |
|
sem trilhos |
Data de construção do
prédio atual: n/d |
|
|
|
HISTORICO DA LINHA: Em 1616,
quando Francisco Caldeira Castelo Branco aportou em Belém,
já lá encontrou comerciantes batavos e ingleses. Com a cidade já estabelecida,
açorianos também ali se instalaram e com isso outros núcleos foram
surgindo, como Souza do Caeté, a futura Bragança. Para prover o abastecimento
da região, já existia a cidade de São Luiz, no Maranhão, mas as comunicações
por mar, por terra e por via fluvial eram difíceis. Ao longo do caminho,
formaram-se pequenos povoados, como Castanhal, Igarapé-Açu, Timboteua
e Capanema. Somente no último quarto do século 19 é que o Governo
Provincial resolveu-se pela construção de uma estrada de ferro na
região, quando esta já tinha produção agrícola razoável, mas uma imensa
dificuldade de escoamento. A ferrovia deveria ligar Belem a São
Luiz. Em 1870 já havia negociações nesse sentido. Após várias
demoras e desistências, a obra começou em meados de 1883. Em 24 de
junho de 1884 foi inaugurado o trecho inicial até a colônia de Benevides
e em 1885, a Apeú. O trecho seguinte até Jambu-Açu, a 105 km de Belém,
foi completado em 1897. Até 1907, a ferrovia avançou mais 31 km e
em 1908 chegou a Bragança, seu objetivo mais importante: a essa altura,
São Luiz era já um sonho numa estrada que não atingia 300 km de extensão.
A ferrovia, sempre deficitária, tentou-se arrendar em 1900, mas, como
o desenvolvimento na região por ela percorrida compensava os prejuízos,
resolveu-se por um empréstimo externo no valor de 650 mil libras esterlinas.
Finalmente, em 1923, a ferrovia foi repassada para a União e o Estado
tornou-se seu arrendatário até 1936. A partir daí, passou de vez para
administração federal. Em 1965, em péssimas condições de operação,
fechou de vez. |
|
A ESTAÇÃO: A estação
de Marituba parece ter sido aberta com o primeiro trecho da
ferrovia, entre Belém e Benevides, em 1884. Em
1896, o quadro de estações e paradas da linha era este.
A linha chegava até Castanhal
e tinha oito estações. A de Belém era
a 1a e a de Castanhal, a 8a.
Havia ainda 16 paradas, tudo isso
em 75 km de linha-tronco. A parada de Marituba era a
7a. parada (Folha do Norte, 29/2/1896). O prédio
estaria em pé em 2008, servindo como sede de um batalhão
policial. A antiga estação, sede da vila operária
da ferrovia, havia se tornado município em 1997.
Como estavam Marituba
e seu antigo complexo em 2008: "Chego a Marituba, onde recupero
o leito da antiga ferrovia, que passava ao lado da caixa-d'água, que
por ser a mais antiga não é de concreto armado. Mas é muito mais bonita,
justiça se lhe faça. O reservatório, que me parece de cobre - a julgar
pela durabilidade e pela cor azinhavrada - está intacto. Do outro
lado ficavam as oficinas da estrada de ferro, onde hoje é a EMATER.
As oficinas eram enormes e nelas rabalhavam muitos operários. Marituba era, na verdade, uma
vila operária da ferrovia. Perto da igreja havia casas antigas, sólidas,
cobertas de telhas francesas - como as que ainda hoje existem na EMBRAPA,
antigo IPEAN - destinadas aos que trabalhavam na ferrovia e nessas
oficinas. Nunca entrei nas oficinas, mas já vi fotos dos seus equipamentos.
Os tornos mecânicos eram imensos. Imagine o que era tornear uma roda
motriz de uma locomotiva. Essa oficina era o que de mais avançado
havia em transporte terrestre e por ela se pode medir o grau de inserção
da economia paraense na economia mundial. Muitos dos avanços tecnológicos
aqui chegavam rapidamente. Era, bem comparando, como se hoje tivéssemos
aqui um TGV francês ou um trem-bala japonês. Perto do Rio Uriboca,
perto de se tornar mais uma vala - daqui por diante os igarapés correm
para as bandas do Maguari - há um outro fragmento das oficinas"
(José Maria Quadros de Alencar, Blog do Alencar, 27/01/2008).
José de Alencar nada comentou sobre a estação
em si, que outro visitante afirma ser a sede de batalhão da
polícia. Estaria ela realmente ainda de pé em 2008?
ACIMA: Planos para a construção de colônia em Marituba (aqui escrito Murituba) em 1876, ainda no período pré-ferrovia (A Provincia de S. Paulo, 19/3/1876).
ACIMA: A estação e a colônia
de Marituba, na extrema-esquerda neste mapa e sem a data de sua implantação assinalada. O mapa é de 1908. Aparece também o ramal do
trenzinho a burro para Bemfica, aberto, segundo o mapa, em 1875 (Revista
Brasileira de Geografia, jul-set 1961).
ACIMA: A estação, ao fundo, a torre
da caixa d'água e a vila ferroviária. A estação,
nessa época, parecia não ser a mesma que existia em
1957 - ver foto no pé da página. A foto deve ser dos
anos 1910.
ACIMA: Mesma época da fotografia mais acima: o pátio visto da estação,
com a caixa d'água e a vila operária (Autor e data desconhecidos).
ACIMA: Rua principal da cidade de Ananindeua, nos anos
1950. Era exatamente a que passava o trem da E. F. Bragança,
na época já capenga. Curiosamente, a publicação
da qual foi estraída a fotografia não falava em nenhum
momento o nome Marituba - apenas Ananindeua, nome do município.
Aí era em Marituba, que na época não era município
(Enciclopédia dos Municípios Brasileiros,
IBGE, vol. XIV, 1957, p. 281).
(Fontes: José Maria Quadros de Alencar;
Folha do Norte, 1896; Wikipedia; IBGE: Revista Brasileira de Geografia,
julho-setembro de 1961; IBGE: Enciclopédia dos Municípios
Brasileiros, vol. XIV, 1957; Guia Geral de Estradas de Ferro do Brasil,
1960) |
|
|
|
A estação de Marituba. Foto publicada na Enciclopédia
dos Municípios Brasileiros, IBGE, vol. XIV, 1957,
p. 281
|
As oficinas nos anos 1950. Foto publicada na Enciclopédia
dos Municípios Brasileiros, IBGE, vol. XIV, 1957,
p. 280 |
A caixa d'água também sobreviveu em janeiro de
2008. Compare... |
...com as fotos acima. Fotos José de Alencar |
Parte das antigas oficinas viraram lojas em janeiro de 2008.
Foto José de Alencar |
|
|
|
|
|
Atualização:
13.05.2021
|
|