Paraibuna, MG

O Registro de Paraibuna


Casarão na Zona da Mata recupera história de Minas (2007)

Gustavo Werneck - Estado de Minas
Ricardo Beghini - Estado de Minas

Termo de ajustamento de conduta acaba de ser assinado pelo Ministério Público Estadual e Prefeitura de Simão Pereira para conservação da mais importante alfândega do Brasil Colônia Uma das construções mais importantes da Estrada Real - o legendário caminho aberto nos séculos 17 e 18, pela coroa portuguesa, para levar ouro e diamantes, via porto do Rio de Janeiro (RJ), a Lisboa - vai ser salva da derrocada. E o melhor: será restaurado e equipado para se tornar um centro cultural. O Ministério Público Estadual (MPE) e a Prefeitura de Simão Pereira, na Zona da Mata, a 285 quilômetros de Belo Horizonte, assinaram, na semana passada, termo de ajustamento de conduta (TAC) para recuperação e proteção do Registro do Paraibuna, prédio do século 18, que funcionou como principal alfândega do Brasil Colônia. Nessa construção, tombada pelo município desde 2000 e pertencente a particulares, era feita a fiscalização das mercadorias que entravam e saíam da Capitania de Minas, cobrava-se o quinto do ouro e, muito mais, procurava-se impedir o contrabando das riquezas. Pelo documento, a municipalidade terá que desapropriar o casarão de dois pavimentos e 39 metros de fachada, que fica a 100 metros da divisa de Minas com o Rio de Janeiro, à beira da antiga Rodovia União Indústria. Diante da situação precária do imóvel, a prefeitura deverá elaborar, para análise, o projeto de restauração, com aprovação do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico (Iepha-MG), vinculado ao sistema estadual de cultura, e do Conselho Deliberativo de Cultura e Patrimônio Histórico de Simão Pereira. O TAC foi assinado pela promotora de Justiça Vânia Menezes Costa Pinheiro, pelo prefeito Antônio José Gonçalves da Silva e pelo chefe da Coordenadoria das Promotorias de Justiça de Defesa do Patrimônio Histórico, Cultural e Turístico/MG, Marcos Paulo de Souza Miranda. Segundo o secretário de Turismo de Simão Pereira, Geraldo Francisco do Nascimento, a desapropriação deverá ocorrer até fevereiro do ano que vem. "A questão transcorre de forma amigável, havendo total interesse da prefeitura em resolvê-la. A nossa idéia é permitir que esse patrimônio, depois de restaurado, abrigue toda a documentação histórica do município, museu, salão de exposições, espaço para teatro e outros. Vamos buscar recursos via lei de incentivo à cultura. Como estamos perto do Rio de Janeiro, esse ponto cultural poderá atrair turistas", afirmou Nascimento. Morador de uma casa ao lado do Registro do Paraibuna - tem esse nome devido ao rio que passa perto -, o proprietário Nelson Oliveira Tomaz, de 56 anos, aposentado, ficou satisfeito com a assinatura do TAC e vê a desapropriação com bons olhos, embora ouça falarem sobre o assunto há cerca de 30 anos. "Eu gostaria de preservar, mas não tenho condições financeiras. Esse é um lugar de relevância para a história do país, um marco do Caminho Novo da Estrada Real, o único registro fiscal que restou no território nacional,", afirma Nelson.

Fonte: http://www.uai.com.br/UAI/html/sessao_2/2007/10/21/em_noticia_interna,id_sessao=2&id_noticia=34590/em_noticia_interna.shtml