Estação de Nogueira reformada, Município de Petrópolis, RJ

Fotos: Carlos Miguez, abril de 2008


"Em abril de 2007, na Semana Santa, procurando um lugar para almoçar nos deparamos com a estação de Nogueira: está localizada no centro de uma grande praça arborizada com comércio e restaurantes em volta; é a sede do Distrito de Nogueira, antiga Bonclima. A edificação é toda em alvenaria de tijolos ingleses à vista, com portas e janelas em pinho de Riga. Funciona ali o Centro Cultural Estação Nogueira, onde existe um espaço para eventos e também um pequeno museu. As atendentes/estudantes recepcionam turistas e mostram toda a história da estação, inclusive pequenos artefatos ferroviários, mobiliário, livros, várias fotos antigas e uma maquete. Em um painel acima da maquete, um mapa e um texto com a história da estação, que transcrevi no anexo; ressaltando a importância das "estradas de ferro (que) conduziam em seus trilhos, além de cargas e passageiros, o progresso até as regiões mais distantes". (Ver texto completo mais abaixo)


ACIMA: Placa externa do Centro Cultural, infelizmente já com marcas de vandalismo

ACIMA: Placa da inauguração da restauração (2004). Antigamente estas placas eram de cobre ou brinze. Hoje, para não serem roubadas, são de aço inixidável.

ACIMA: Diorama da estação, na parte interna do museu..

ACIMA: Na parede externa, ainda a marca do tempo do trem, mostrando a altitude da estação e a distância da estação de Barão de Mauá - 92 km..

ACIMA: Vista externa da estação.

ACIMA: Vista externa da estação.

ACIMA: Vista externa da estação.

ACIMA: Um dos "banners" que contam a história do local, no interior do museu.

ACIMA: Vista externa da estação.

ACIMA: Interior do galpão restaurado.
"Estação Nogueira - BREVE HISTORICO - O bairro Nogueira nasceu da Fazenda Nogueira, que era propriedade do Sr. Domingos de Souza Nogueira, português, industrial e empreendedor. A ele se deve em grande parte a construção da Estação Ferroviária de Nogueira, inaugurada em 10 de junho de 1908, entre Itaipava e Cascatinha. Instalada na linha da Leopoldina Railway, antiga Estrada de Ferro Príncipe do Grão-Pará, a estação tem sua construção retangular em alvenaria de tijolos aparentes, telhado em duas águas de inclinações diferentes e vãos em verga reta. As fachadas são realçadas, havendo um alpendre com estrutura de ferro e madeira, voltado para a linha do trem, cobrindo a plataforma de embarque e desembarque de passageiros e cargas. Esta estação se distingue das demais existentes no município de Petrópolis pelo fato de suas paredes externas não serem rebocadas e pintadas. Para festejar a construção da Estação de Nogueira como importante melhoramento local, o Sr. Domingos Nogueira ofereceu um grande almoço às pessoas convidadas a assistirem a inauguração, e a superintendência da Cia. Leopoldina gentilmente colocou um trem especial à disposição dos convidados. A Estação Ferroviária de Nogueira, assim como as demais, tinha como finalidade promover as operações relativas à circulação dos trens, ao uso do material rodante e as relações entre ela e o público no que dizia respeito ao transporte. Na estação operavam Agentes, Auxiliares de Agentes, Cabineiros, Guarda-chaves, e vários outros trabalhadores. Esta era utilizada para o transporte de passageiros que moravam no interior e para o transporte de cargas como: gado, café, leite, legumes e verduras, além de comunicação através do telégrafo, aparelho para comunicação a distancia usado para diversos fins, entre outros, telegramas particulares. Os trens da linha Grão-Pará circulavam em dois horários, um pela manhã, passando por Nogueira em direção a Três Rios as 08:44 hs, e outro a noite seguindo para Petrópolis às 18:51 horas (o fluxo de trens poderia aumentar de acordo com o número de passageiros e quantidade de cargas). As locomotivas, também conhecidas no interior como "mata-sapos", transportavam além de cargas, vagões de passageiros muito confortáveis, cada um com quarenta assentos estofados e encosto de palhinha. Havia um toalete bem pequeno em cada ponta, os vidros das janelas eram filetados com desenhos em jato de areia, o charme sobre os trilhos, que passaram durante décadas por Nogueira e sua Estação. O que se conhece pouco da estrada é o trecho rural, pois a aristocracia descia na Estação Leopoldina, no centro de Petrópolis, não passando por Cascatinha, Correas, Nogueira, Itaipava e Pedro do Rio, que na época eram apenas grandes fazendas, e assim não havia muito para ver, salvo as poucas vezes em que o Imperador seguia até a Fazenda das Águas Claras, propriedade de seu amigo, Guilherme de Souza Leite, o Barão de Águas Claras, importante cafeicultor da época. Mesmo sem muitos registros históricos, é possível afirmar que o trem auxiliou o povoamento e desenvolvimento dessas regiões, já que as estradas de ferro conduziam em seus trilhos, além de cargas e passageiros, o progresso até as regiões mais distantes. No tempo em que a ferrovia não chegava a Juiz de Fora, era por aqui que Minas Gerais enviava sua produção de café para o porto do Rio de Janeiro e dali para o exterior. O caminho que era feito pelo trem é até hoje conhecido, e chamado de "Estrada Mineira". As relações entre a estação e sua linha foram harmônicas, até 5 de maio de 1964, último dia da viagem do trem nesta região, deixando sua marca no presente, e a lembrança remota do sonho progressista, que durante décadas impulsionou o desenvolvimento do País". (Texto de João Sérgio da Silva Junior Marcos Vinicius L. Carvalho da Silva)