E. F. Nossa Senhora das Maravilhas
(Município de Goiana, PE)

 

As ferrovias particulares brasileiras - aqui classificando-as como sendo ferrovias que não eram de uso público, sendo utilizadas apenas dentro de empresas, indústrias, usinas e outras - foram pouquíssimo estudadas e pesquisadas no Brasil. Uma ou outra têm mais informação: seu patrimônio se esvaiu há décadas, vendido como sucata em grande maioria, sem que sua memória tenha sido resgatada. Por isso, o que se vê é um estudo com dados mínimos e colhidos em fontes diversas, nem sempre confiáveis (Ralph M. Giesbrecht).

Nome: Estrada de Ferro Usina Nossa Senhora das Maravilhas

Bitola: 0,75 m ou 0,60 m (1)

Extensão: desconhecida


Data de início das atividades: n/d

Desativação: n/d

ACIMA: Mapa ferroviário do Estado de Pernambuco, c. 1940. O ponto vermelho a leste indica a localização aproximada desta ferrovia (Acervo Ralph M. Giesbrecht)

(1) segundo o livro Inventário das Locomotivas a Vapor do Brasil, Memória Ferroviária, de Regina Perez (Notícia & Cia., 2006), fica a dúvida,

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É sempre interessante ressaltar que as ferrovias de usinas e engenhos centrais tiveram, pelo menos para Pernambuco, uma importância enorme desde o final do século XX até pelo menos meados do século XX. Para que se tenha uma idéia, segundo a Revista do Instituto Archeologico, Historico e Geographico Pernambucano, vol. XXIV, jan-dez 1922, no ano de 1922 as linhas da Great Western, que levavam para o interior do estado, para Maceió e para João Pessoa e Natal, totalizavam 890 km em território pernambucano, enquanto as ferrovias particulares das usinas atingiam 1.163 km, ou seja, 30% a mais. Era uma época em que Pernambuco era o maior produtor e exportado de açúcar do Brasil, possuindo mais de 2500 engenhos, sendo que 490 forneciam cana às usinas dos Engenhos Centrais.

A ferrovia da Usina Nossa Senhora das Maravilhas ficava ao norte do município de Goaiana, não muito longe de sua sede. O mapa abaixo, de 1958, mostra uma ferrovia curta e que acompanha o rio Capibaribe-Mirim até a sua foz no rio Goiana. Ainda pelo mapa, a abiotla seria inferior a 1 metro.

Ainda existe, em bom estado de conservação em 2006, uma locomotiva a vapor que serviu nessa ferrovia exposta, estática, na Usina Santa Teresa, no mesmo município de Goiana. Trata-se de uma W. G. Bagnall 0-4-2T, inglesa, de 1913, bitola de 75 cm, que deve ter sido a bitola da ferrovia.

Também existe outra máquina a vapor, uma Orenstein & Koppel 0-4-0T, mas de bitola 60 cm (uma das duas locomotivas deve ter sofrido mudança de bitola), que também pertenceu à Usina Rio Tinto. A máquina está em péssimo estado de conservação, enferrujada e bastante incompleta, exposta ao tempo, na Usina Cruangi, em Timbaúba, PE.


Acima, o mapa da pequena ferrovia: acompanhando o rio Capibaribe-Mirim até a sua foz no rio Goiana, a ferrovia (pelo menos neste mapa) tem duas localidades assinadas: a própria Nossa Senhora das Maravilhas (provavelmente a sede da usina) e Jacaré. Notar que existem pelo menos mais duas ferrovias que aparecem no mapa, uma ao norte da sede de Goiana, outra ao sul (Mapa da Enciclopédia dos Municípios Brasileiros, volume IV, IBGE, 1958).