E. F. Usina Catende
(Município de Serinhaém, PE)

 

As ferrovias particulares brasileiras - aqui classificando-as como sendo ferrovias que não eram de uso público, sendo utilizadas apenas dentro de empresas, indústrias, usinas e outras - foram pouquíssimo estudadas e pesquisadas no Brasil. Uma ou outra têm mais informação: seu patrimônio se esvaiu há décadas, vendido como sucata em grande maioria, sem que sua memória tenha sido resgatada. Por isso, o que se vê é um estudo com dados mínimos e colhidos em fontes diversas, nem sempre confiáveis (Ralph M. Giesbrecht)

Nome: Estrada de Ferro da Usina Catende.

Bitola: n/d

Extensão: 150 km
(1);
140 km
(2);
125 km
(3) (4)


Data de início das atividades: n/d

Desativação: n/d

Proprietários identificados: Antonio Ferreira da Costa Azevedo (1931)


ACIMA: Mapa ferroviário do Estado de Pernambuco, c. 1940. O ponto vermelho a sudeste indica a localização aproximada desta ferrovia (Acervo Ralph M. Giesbrecht)

(1) Segundo o Anuário dos Diários Associados, 1931,
p. 200
(2) Segundo ANDRADE, Manuel Correia de, História das usinas de açúcar de Pernambuco. Ed. Massangana, 1989
(3) Segundo a Revista do Instituto Archeologico, Historico e Geographico Pernambucano, vol. XXIV, jan-dez 1922
(4) Quilometragem em 1914, segundo o livro História das Usinas de Açúcar de Pernambuco, Manuel Correia de Andrade, 1989

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É sempre interessante ressaltar que as ferrovias de usinas e engenhos centrais tiveram, pelo menos para Pernambuco, uma importância enorme desde o final do século XX até pelo menos meados do século XX. Para que se tenha uma idéia, segundo a Revista do Instituto Archeologico, Historico e Geographico Pernambucano, vol. XXIV, jan-dez 1922, no ano de 1922 as linhas da Great Western, que levavam para o interior do estado, para Maceió e para João Pessoa e Natal, totalizavam 890 km em território pernambucano, enquanto as ferrovias particulares das usinas atingiam 1.163 km, ou seja, 30% a mais. Era uma época em que Pernambuco era o maior produtor e exportado de açúcar do Brasil, possuindo mais de 2500 engenhos, sendo que 490 forneciam cana às usinas dos Engenhos Centrais.

A usina de Catende foi fundada em 1890. Trocou de donos diversas vezes, até que, no final dos anos 1920, era a maior usina de açúcar do Brasil. Nessa época, possuía 43 propriedades agrícolas, uma via férrea própria com 140 quilômetros, 11 locomotivas e 266 vagões (ANDRADE, Manuel Correia de, História das usinas de açúcar de Pernambuco. Ed. Massangana, 1989).
Em 1931, era considerada a maior usina do Brasil, "quiçá da América do Sul". Dispunha de 150 km de via férrea e de 13 locomotivas, que faziam o transporte de suas canas (Anuário dos Diários Associados, 1931). Charles Small, americano que estava a serviço do seu país no Nordeste brasileiro durante a Segunda Guerra Mundial, visitou a usina e desceu na estação, vindo do Recife, em 1942.

Atualmente (2007), a usina é controlada pelos próprios funcionários, que assumiram a massa falida da usina após um acordo, depois das dificuldades financeiras pelas quais passou a usina nos anos 1990. A ferrovia não existe mais, mas desde quando? A ferrovia e a usina de Catende estão situadas no município de Catende, a 141 km de Recife.


Acima: apesar de na época (1958) ser uma das maiores ferrovias particulares do Estado, não aparece no mapa nem a localização da usina (se bem que ficava literalmente no centro da cidade ao lado da estação ferroviária) nem suas linhas
(Enciclopédia dos Municípios Brasileiros, volume IV, IBGE, 1958). Abaixo, à esquerda, locomotiva da usina, em 1931 (Foto do Anuário dos Diários Associados, 1931); à direita, locomotiva da usina, em 1942, nas linhas da Great Western, entre a estação ferroviária de Catende, nesta linha, e a usina. Ao fundo, chaminé da usina (Foto Charles Small, 1942).


Acima, locomotiva da usina eo lado da própria, em suas linhas, em 1942 (Foto Charles Small, 1942). Abaixo, a usina, em 1931 (Foto do Anuário dos Diários Associados, 1931).