E. F. Usina Estreliana
(Municípios de Gameleira e Ribeirão, PE)

 

As ferrovias particulares brasileiras - aqui classificando-as como sendo ferrovias que não eram de uso público, sendo utilizadas apenas dentro de empresas, indústrias, usinas e outras - foram pouquíssimo estudadas e pesquisadas no Brasil. Uma ou outra têm mais informação: seu patrimônio se esvaiu há décadas, vendido como sucata em grande maioria, sem que sua memória tenha sido resgatada. Por isso, o que se vê é um estudo com dados mínimos e colhidos em fontes diversas, nem sempre confiáveis (Ralph M. Giesbrecht).

Nome: Estrada de Ferro da Usina Estreliana

Bitola: 0,75 m
(1)

Extensão: 26 km
(2)
15 km
(3)

Data de início das atividades: n/d

Desativação: n/d

Proprietários identificados: João Wanderley de Siqueira e Irmãos, João Lopes de Siqueira Santos e Pompeu C.S. Brandão (1891-1943)

ACIMA: Mapa ferroviário do Estado de Pernambuco, c. 1940. O ponto vermelho a sudeste indica a localização aproximada desta ferrovia (Acervo Ralph M. Giesbrecht)

(1) Segundo Nicholas Burmann, 2006
(2) Segundo a Fundação Joaquim Nabuco, 2007
(3)
Quilometragem em 1914, segundo o livro História das Usinas de Açúcar de Pernambuco, Manuel Correia de Andrade, 1989

Página Inicial Indice
É sempre interessante ressaltar que as ferrovias de usinas e engenhos centrais tiveram, pelo menos para Pernambuco, uma importância enorme desde o final do século XX até pelo menos meados do século XX. Para que se tenha uma idéia, segundo a Revista do Instituto Archeologico, Historico e Geographico Pernambucano, vol. XXIV, jan-dez 1922, no ano de 1922 as linhas da Great Western, que levavam para o interior do estado, para Maceió e para João Pessoa e Natal, totalizavam 890 km em território pernambucano, enquanto as ferrovias particulares das usinas atingiam 1.163 km, ou seja, 30% a mais. Era uma época em que Pernambuco era o maior produtor e exportado de açúcar do Brasil, possuindo mais de 2500 engenhos, sendo que 490 forneciam cana às usinas dos Engenhos Centrais.

A Usina Estreliana fica no município de Gameleira, em Pernambuco. Foi fundada no engenho Amaragi, de propriedade de João Siqueira, em 1891. O nome Estreliana foi uma homenagem à sua mãe, Estrela. Entre 1891 e 1943, a usina teve os seguintes proprietários: João Wanderley de Siqueira & Irmãos, João Lopes de Siqueira Santos e Pompeu de Carvalho Soares Brandão.

Em 1929, tinha capacidade para processar 400 toneladas de cana e fabricar 1.500 litros de álcool em 22 horas. Possuía uma ferrovia de 26 quilômetros, 4 locomotivas e 62 vagões.

Na época da moagem trabalhavam na fábrica cerca de 150 operários. Em 1943, a usina foi adquirida por José Lopes de Siqueira Santos, que ficou à frente da usina até 1981, quando a usina foi vendida para o Grupo Fernando Maranhão. Ainda está em atividade. A ferrovia, por sua vez, já fechou, em data indefinida. A foto abaixo foi extraída do livro do IBGE publicado em 1958, mostrando que então ainda existiam linhas e vagões na usina.


Acima, no mapa do município de Ribeirão, em 1958, a Usina Estreliana ficava ao sul da sede, bem próxima ao limite com o município da Gameleira. Não há sinais de suas ferrovias, somente das linhas da RFN, Abaixo, a usina, em foto do mesmo livro, mostrando vagões estavionados em suas linhas (Mapa e foto da Enciclopédia dos Municípios Brasileiros, volume IV, IBGE, 1958).