E. F. da Usina Salgado
(Município de Barreiros, PE)

 

As ferrovias particulares brasileiras - aqui classificando-as como sendo ferrovias que não eram de uso público, sendo utilizadas apenas dentro de empresas, indústrias, usinas e outras - foram pouquíssimo estudadas e pesquisadas no Brasil. Uma ou outra têm mais informação: seu patrimônio se esvaiu há décadas, vendido como sucata em grande maioria, sem que sua memória tenha sido resgatada. Por isso, o que se vê é um estudo com dados mínimos e colhidos em fontes diversas, nem sempre confiáveis (Ralph M. Giesbrecht).

Nome: Estrada de Ferro da Usina Salgado.

Bitola: menor que 1,0 m

Extensão: 50 km (1)
;
75 km
(2)
12 km (3)

Data de início das atividades: n/d

Desativação: n/d


ACIMA: Mapa ferroviário do Estado de Pernambuco, c. 1940. O ponto vermelho a sudeste indica a localização aproximada desta ferrovia (Acervo Ralph M. Giesbrecht)

(1) Segundo o Anuário dos Diários Associados, 1931,
p. 179
(2) Segundo a Revista da Semana, nro. 40, de 9/9/1939
(3)
Quilometragem em 1914, segundo o livro História das Usinas de Açúcar de Pernambuco, Manuel Correia de Andrade, 1989

 

Página Inicial Indice
É sempre interessante ressaltar que as ferrovias de usinas e engenhos centrais tiveram, pelo menos para Pernambuco, uma importância enorme desde o final do século XX até pelo menos meados do século XX. Para que se tenha uma idéia, segundo a Revista do Instituto Archeologico, Historico e Geographico Pernambucano, vol. XXIV, jan-dez 1922, no ano de 1922 as linhas da Great Western, que levavam para o interior do estado, para Maceió e para João Pessoa e Natal, totalizavam 890 km em território pernambucano, enquanto as ferrovias particulares das usinas atingiam 1.163 km, ou seja, 30% a mais. Era uma época em que Pernambuco era o maior produtor e exportado de açúcar do Brasil, possuindo mais de 2500 engenhos, sendo que 490 forneciam cana às usinas dos Engenhos Centrais.

A usina Salgado, fundada em 1892, fica a 9 km da sede do município de Ipojuca e a 24 km da estação de Ilha, na linha Recife-Maceió da antiga Rede Ferroviária do Nordeste (RFN), hoje concessionada à CFN. A ferrovia da usina não se ligava a esta linha. No ano de 1931, as propriedades da usina eram as seguintes (algumas podem ser localizadas no mapa abaixo): Mercês, Guerra, Meio, Boacica, Macaco, Dourado, Saco, Pindoba, Pindobinha, Água Fria, Caeté, Todos os Santos, Santa Rosa, São Carlos, São Paulo, Genipapo e Cachoeira.

Em 1931, a usina Salgado tinha 185,449 km2 de terras e dispunha de uma via férrea para o seu serviço, com cerca de 50 km de extensão que cortava as suas propriedades. O seu material rodante compunha-se na época de 5 locomotivas e 8 vagões (
Anuário dos Diários Associados, 1931).

Em 1939, a usina tinha 20.500 hectares, uma via férrea própria com cerca de 75 km de extensão, "sem contar com a maior extensão quilométrica que também serve à Usina, porém de propriedade de terceiros" (as linhas da Great Western? De outras usinas?). O seu material rodante compunha-se de 6 locomotivas e cerca de 100 carros para o transporte de canas, além de "uma frota de barcaças que transporta toda a sua produção do porto próprio da usina até os da cidade do Recife" (Revista da Semana, nro. 40, de 9/9/1939). Os dados conflitam com os de 8 anos antes.

A Usina Salgado ainda está em atividade, tendo sido aquirida por novos donos (família Queiroz) em 1975. A ferrovia já não está em atividade (desde quando?).


Acima, o mapa mostrando a região da Usina Salgado em 1958, esta situada, segundo texto acima, a 9 km da sede do município de Ipojuca. Curiosamente, não está localizado o ponto da usina, mas estão assinaladas várias das propriedades agrícolas que a compunham, nomes estes citados também no texto acima, como Pindoba, Boacica e Macacos. Notar que as suas ferrovias estão a leste e ao sul da cidade, "cercando" a sede por esse lado; no outro lado do mapa, várias outras ferrovias de outras usinas (Enciclopédia dos Municípios Brasileiros, volume IV, IBGE, 1958). Abaixo, em fotos de 1931, a usina, podendo ser visto um vagão vazio de cana, mas não os trilhos da ferrovia particular. Na foto de baixo, uma das cinco locomotivas da usina
(Anuário dos Diários Associados, 1931).