E. F. da Usina Serra Grande
(Município de São José da Lage, AL)

 

As ferrovias particulares brasileiras - aqui classificando-as como sendo ferrovias que não eram de uso público, sendo utilizadas apenas dentro de empresas, indústrias, usinas e outras - foram pouquíssimo estudadas e pesquisadas no Brasil. Uma ou outra têm mais informação: seu patrimônio se esvaiu há décadas, vendido como sucata em grande maioria, sem que sua memória tenha sido resgatada. Por isso, o que se vê é um estudo com dados mínimos e colhidos em fontes diversas, nem sempre confiáveis (Ralph M. Giesbrecht).

Nome: Estrada de Ferro da Usina Serra Grande

Bitola:
1,0 m (1)

Extensão:
n/d

Data de início das atividades: n/d

Desativação: 2000 (1)



ACIMA: Placa da locomotiva no. 2 da Usina Serra Grande (Foto Nicholas Burmann, 01/2003). ABAIXO: Em 1931, a Serra Grande já produzia álcool combustível veicular e clamava por ter sido a pioneira no Brasil a produzi-lo (Anuário dos Diários Associados, 1931).

(1) Segundo Nicholas Burmann, em 2003

 

A ferrovia foi usada regularmente pela última vez na safra de 2000, depois disso houve apenas a pontinha da loco n° 7 na novela "A Indomada" antes dela (uma vapor 2-6-2T SLM ex-Great Western) e mais duas (três?) locos serem vendidas para um futuro projeto de trem turístico em Taubaté e serem transferidas para a EFCJ em Pinda. As locos pequenas (n°s 1, 2, 5 e 6) eram usadas na usina; as locos grandes (n°s 4, 5, 7 e 8) eram usadas para o serviço de linha. Todas em bitola métrica. Ainda havia pelo menos 3 locomotivas diesel GE de 45 ton.

A ferrovia teria fechado por questões de custo - tinham de manter a linha e o material o ano todo para somente trabalhar 3 meses - e logística - os pontos de corte ficaram distantes da via férrea. Sobraram 5 locomotivas, 3 Kerr-Stuart n°s 1, 2 e 4 e 2 GE 45-ton ex-Porto do Recife. A loco n° 2 foi posta no museu da usina e uma das outras duas vaporosas teria sido prometida para um museu na Inglaterra através dos esforços do diretor do Conselho Britânico em Recife; agora a usina está esperando que o museu se organize para repatriar a locomotiva. Na sexta-feira antes do ano novo de 2003 So pátio frontal da usina estava sendo preparado para a festa que haveria na véspera uma "última viagem" oficial com a loco n°4 e algumas galeras de cana, para o pessoal poder andar, com retorno previsto em tempo para uma salva de apitos junto com a sirene da usina e fogos de artifício.

A usina era, em 2003, uma das poucas usinas no Brasil que ainda possuía vila operária com supermercado, padaria, correio, hospital, cartório, etc. dentro da propriedade, empregando 900 funcionários na parte industrial e 4000 na agrícola. Além disso, foi a última usina no Brasil a usar ferrovia para o transporte de cana. (Todas as informações: Nicholas Burmann, em janeiro de 2003)


ACIMA: À esquerda, uma máquina a vapor fixa outrora usada nas moendas ganha seu descanso no jardim da usina. À direita, a loco n° 4 (Kerr Stuart 4193 de 1927) sendo preparada para a última viagem (Fotos Nicholas Burmann em janeiro de 2003).

ACIMA: À esquerda, a loco n°1 (Kerr Stuart 928 de 1907). À direita, um carro de subúrbio (Pidner? FNV? Sta. Matilde?) provavelmente ex-Recife usado no trem dos funcionários (Fotos Nicholas Burmann em janeiro de 2003).

ACIMA: À esquerda, detalhe interno do carro de passageiros. À direita, um solitário vagão tanque com várias galeras ao fundo. A usina possuia algo como 114 galeras (Fotos Nicholas Burmann em janeiro de 2003).

ACIMA: Uma das GE 45 ton, ex-Porto do Recife, vista de frente e pela lateral. As GEs não eram identificáveis pois estavam sem as placas (Fotos Nicholas Burmann em janeiro de 2003).