E. F. Usina São
José (Município de Igarassu, PE) |
As ferrovias particulares brasileiras
- aqui classificando-as como sendo ferrovias que não eram
de uso público, sendo utilizadas apenas dentro de empresas,
indústrias, usinas e outras - foram pouquíssimo estudadas
e pesquisadas no Brasil. Uma ou outra têm mais informação:
seu patrimônio se esvaiu há décadas, vendido
como sucata em grande maioria, sem que sua memória tenha
sido resgatada. Por isso, o que se vê é um estudo com
dados mínimos e colhidos em fontes diversas, nem sempre confiáveis
(Ralph M. Giesbrecht). Proprietários identificados:
Pontual & Padilha (1900-17); Empresa Bandeira e Irmãos
(1917-52); Cia. Poty (1952) |
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É
sempre interessante ressaltar que as ferrovias de usinas e engenhos
centrais tiveram, pelo menos para Pernambuco, uma importância
enorme desde o final do século XX até pelo menos meados
do século XX. Para que se tenha uma idéia, segundo
a Revista do Instituto Archeologico, Historico e Geographico Pernambucano,
vol. XXIV, jan-dez 1922, no
ano de 1922 as linhas da Great Western, que levavam para o interior
do estado, para Maceió e para João Pessoa e Natal, totalizavam
890 km em território pernambucano, enquanto as ferrovias particulares
das usinas atingiam 1.163 km, ou seja, 30% a mais. Era uma época
em que Pernambuco era o maior produtor e exportado de açúcar
do Brasil, possuindo mais de 2500 engenhos, sendo que 490 forneciam
cana às usinas dos Engenhos Centrais. Localizada no município de Igarassu, a Usina São José foi fundada por Joaquim Coelho Leite e José Joaquim Coelho Pereira Leite, que em 1891, receberam uma concessão do Estado de Pernambuco para construir uma usina, a qual deram o nome de Coelho. Moeu pela primeira vez em 1906. Em 1900, tinha como proprietário a firma Pontual & Padilha, sendo vendida em 1917, à empresa Bandeira & Irmãos. Em 1929, possuía 14 propriedades agrícolas, uma ferrovia com 51 quilômetros, três locomotivas e 93 vagões. Tinha capacidade para trabalhar 600 toneladas de cana e fabricar 2.500 litros de álcool em 22 horas. No período da moagem trabalhavam na fábrica cerca de 200 operários. Possuía uma grande vila operária, escolas, cinema e serviços de saúde (Fundação Joaquim Nabuco). Em 1931, a usina dispõe de 60 km de linha férrea em tráfego, cortando suas terras. Medem as suas linhas 51 km (notar aqui a disparidade da afirmação, da mesma fonte), com a bitola de 0,75 m, compondo-se o seu material rodante de 3 locomotivas, 1 automóvel de linha, 90 vagões-lastro de 6 e 16 toneladas e 3 fechados para o transporte de açúcar. Suas propriedades eram 14: os engenhos Botafogo, Araripe do Meio, Araripe de Cima, Cabu, Piedade, Água Mussepe, Campinas, Hisca, Mussepinho, Jarapia, Cumbe de Baixo, Pagetinga e Canoas Anuário dos Diários Associados, 1931). Em 1946, a sociedade foi reorganizada e passou a chamar-se Alfredo Bandeira & Cia. Em 1952, a firma proprietária foi transformada em sociedade anônima, sob a denominação de Usina São José S/A, sendo vendida à Companhia de Cimento Portland Poty (José Ermírio de Morais). Atualmente, pertence ao grupo de Paulo Petribu. Não se sabe quando a ferrovia teria sido desativada. |
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