E. F. Usina São José
(Município de Igarassu, PE)

 

As ferrovias particulares brasileiras - aqui classificando-as como sendo ferrovias que não eram de uso público, sendo utilizadas apenas dentro de empresas, indústrias, usinas e outras - foram pouquíssimo estudadas e pesquisadas no Brasil. Uma ou outra têm mais informação: seu patrimônio se esvaiu há décadas, vendido como sucata em grande maioria, sem que sua memória tenha sido resgatada. Por isso, o que se vê é um estudo com dados mínimos e colhidos em fontes diversas, nem sempre confiáveis (Ralph M. Giesbrecht).

Nome: Estrada de Ferro Usina São José

Bitola: 0,75 m
(1)

Extensão: 51 ou 60 km (1); 51 km (2);
45 km
(3)

Data de início das atividades: n/d

Desativação: n/d

Proprietários identificados: Pontual & Padilha (1900-17); Empresa Bandeira e Irmãos (1917-52); Cia. Poty (1952)


ACIMA: Mapa ferroviário do Estado de Pernambuco, c. 1940. O ponto vermelho a nordeste indica a localização aproximada desta ferrovia (Acervo Ralph M. Giesbrecht)

(1) Segundo o Anuário dos Diários Associados, 1931,
p. 199
(2) Quilometragem em 1929, segundo a Fundação Joaquim Nabuco (2007)
(3) Quilometragem em 1914, segundo o livro História das Usinas de Açúcar de Pernambuco, Manuel Correia de Andrade, 1989

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É sempre interessante ressaltar que as ferrovias de usinas e engenhos centrais tiveram, pelo menos para Pernambuco, uma importância enorme desde o final do século XX até pelo menos meados do século XX. Para que se tenha uma idéia, segundo a Revista do Instituto Archeologico, Historico e Geographico Pernambucano, vol. XXIV, jan-dez 1922, no ano de 1922 as linhas da Great Western, que levavam para o interior do estado, para Maceió e para João Pessoa e Natal, totalizavam 890 km em território pernambucano, enquanto as ferrovias particulares das usinas atingiam 1.163 km, ou seja, 30% a mais. Era uma época em que Pernambuco era o maior produtor e exportado de açúcar do Brasil, possuindo mais de 2500 engenhos, sendo que 490 forneciam cana às usinas dos Engenhos Centrais.

Localizada no município de Igarassu, a Usina São José foi fundada por Joaquim Coelho Leite e José Joaquim Coelho Pereira Leite, que em 1891, receberam uma concessão do Estado de Pernambuco para construir uma usina, a qual deram o nome de Coelho. Moeu pela primeira vez em 1906. Em 1900, tinha como proprietário a firma Pontual & Padilha, sendo vendida em 1917, à empresa Bandeira & Irmãos.

Em 1929, possuía 14 propriedades agrícolas, uma ferrovia com 51 quilômetros, três locomotivas e 93 vagões. Tinha capacidade para trabalhar 600 toneladas de cana e fabricar 2.500 litros de álcool em 22 horas. No período da moagem trabalhavam na fábrica cerca de 200 operários. Possuía uma grande vila operária, escolas, cinema e serviços de saúde (Fundação Joaquim Nabuco).

Em 1931, a usina dispõe de 60 km de linha férrea em tráfego, cortando suas terras. Medem as suas linhas 51 km (notar aqui a disparidade da afirmação, da mesma fonte), com a bitola de 0,75 m, compondo-se o seu material rodante de 3 locomotivas, 1 automóvel de linha, 90 vagões-lastro de 6 e 16 toneladas e 3 fechados para o transporte de açúcar. Suas propriedades eram 14: os engenhos Botafogo, Araripe do Meio, Araripe de Cima, Cabu, Piedade, Água Mussepe, Campinas, Hisca, Mussepinho, Jarapia, Cumbe de Baixo, Pagetinga e Canoas Anuário dos Diários Associados, 1931).

Em 1946, a sociedade foi reorganizada e passou a chamar-se Alfredo Bandeira & Cia. Em 1952, a firma proprietária foi transformada em sociedade anônima, sob a denominação de Usina São José S/A, sendo vendida à Companhia de Cimento Portland Poty (José Ermírio de Morais). Atualmente, pertence ao grupo de Paulo Petribu. Não se sabe quando a ferrovia teria sido desativada.


Acima, as linhas da Usina São José, em Igarassu, em 1958. As linhas no canto esquerdo superior são da E. F. Central Paulista (Mapa da Enciclopédia dos Municípios Brasileiros, volume IV, IBGE, 1958).