E. F. Usina Trapiche
(Município de Serinhaém, PE)

 

As ferrovias particulares brasileiras - aqui classificando-as como sendo ferrovias que não eram de uso público, sendo utilizadas apenas dentro de empresas, indústrias, usinas e outras - foram pouquíssimo estudadas e pesquisadas no Brasil. Uma ou outra têm mais informação: seu patrimônio se esvaiu há décadas, vendido como sucata em grande maioria, sem que sua memória tenha sido resgatada. Por isso, o que se vê é um estudo com dados mínimos e colhidos em fontes diversas, nem sempre confiáveis (Ralph M. Giesbrecht).

Nome: Estrada de Ferro da Usina Trapiche

Bitola: 0,80 m (1)

Extensão: 24 km
(1)

Data de início das atividades: n/d

Desativação: anos 1960 (provável)

Proprietários identificados: Usina Trapiche


ACIMA: Mapa ferroviário do Estado de Pernambuco, c. 1940. O ponto vermelho a sudeste indica a localização aproximada desta ferrovia (Acervo Ralph M. Giesbrecht)

(1) segundo o livro Inventário das Locomotivas a Vapor do Brasil, Memória Ferroviária, de Regina Perez (Notícia & Cia., 2006)

(2) Quilometragem em 1914, segundo o livro História das Usinas de Açúcar de Pernambuco, Manuel Correia de Andrade, 1989

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É sempre interessante ressaltar que as ferrovias de usinas e engenhos centrais tiveram, pelo menos para Pernambuco, uma importância enorme desde o final do século XX até pelo menos meados do século XX. Para que se tenha uma idéia, segundo a Revista do Instituto Archeologico, Historico e Geographico Pernambucano, vol. XXIV, jan-dez 1922, no ano de 1922 as linhas da Great Western, que levavam para o interior do estado, para Maceió e para João Pessoa e Natal, totalizavam 890 km em território pernambucano, enquanto as ferrovias particulares das usinas atingiam 1.163 km, ou seja, 30% a mais. Era uma época em que Pernambuco era o maior produtor e exportado de açúcar do Brasil, possuindo mais de 2500 engenhos, sendo que 490 forneciam cana às usinas dos Engenhos Centrais.

A usina Trapiche foi instalada em 1887. Da casa grande e do engenho original, existem apenas ruínas. A Usina ainda funciona, mas em local diferente, produzindo açúcar e álcool. Não se encontraram outras referências à sua ferrovia. Não se conhece sua data de instalação nem sua data de desativação. A Usina trocou de donos pelo menos duas vezes, em 1975 e em 1998.

A ferrovia, de acordo com mapa do IBGE dos anos 1950, passava toda ela no município de Serinhaém, ficando a dúvida se ela entrava pelo município de Ipojuca, a leste, como parece sugerir o mapa (no mapa deste município, não aparece um possível prolongamento da ferrovia). Na Enciclopédia dos Municípios Brasileiros, vol. XVIII, 1958, é citado (p. 286) que "há estradas de ferro cortando o município, de propriedade da Usina Trapiche, as quais servem exclusivamente para o escoamento da produção de cana de açúcar e lenha dos engenhos para aquele estabelecimento industrial". Não há qualquer ligação da ferrovia com as ferrovias de uso público. Destas, a mais próxima passa fora do município, a antiga linha Sul da Rede Ferroviária do Nordeste, sucessora da Great Western.

Segundo informações do livro Inventário das Locomotivas a Vapor do Brasil, Memória Ferroviária, de Regina Perez (Notícia & Cia., 2006), ainda existe pelo menos uma locomotiva da ferrovia da Usina Trapiche, e conservada na própria usina: uma Corpet-Louvet 0-6-0 de 1926, francesa, de nome Coronel Othon, de bitola de 80 cm (o que mostra que a bitola da ferrovia seria esta).


ACIMA: o mapa da ferrovia, toda dentro do município de Serinhaém. O mapa dá a impressão de que uma parte dela cruzava o rio Sibiro (ver canto direito superior), divisa municipal, mas não se encontrou, no mapa do município de Ipojuca, o trecho correspondente. Fica a dúvida. ABAIXO: foto da Usina Trapiche, anos 1950. Não há sinal de trilhos na tomada, mas eles podem estar ali; afinal, a casinha em primeiro plano lembra muito arquitetura ferroviária - seria uma estação? Fica a pergunta (Mapa e foto da Enciclopédia dos Municípios Brasileiros, volume IV, IBGE, 1958).