E. F. Societé Sucrérie de Rio Branco
(Município de Visconde de Rio Branco, MG)

 

As ferrovias industrais, ou particulares, do Brasil - aqui classificando-as como sendo ferrovias que não eram de uso público, sendo utilizadas apenas dentro de empresas, indústrias, usinas e outras - foram pouquíssimo estudadas e pesquisadas no Brasil. Uma ou outra têm mais informação: seu patrimônio se esvaiu há décadas, vendido como sucata em grande maioria, sem que sua memória tenha sido resgatada. Por isso, o que se vê é um estudo com dados mínimos e colhidos em fontes diversas, nem sempre confiáveis (Ralph M. Giesbrecht).

Nome: E. F. da Societé Sucrérie de Rio Branco

Bitola: métrica (1 m) (1)

Extensão:
13 km (1)

Data de início das atividades: 1885 (1)

Desativação: desconhecida - linha e usina

Proprietários identificados:

(1) segundo o livro Impressões do Brazil no Seculo Vinte, 1913

Página Inicial Indice
Société Sucrière de Rio Branco - Esta empresa, cujo capital é de 500.000 francos, tem a sua sede social em Paris, 47, Rue du Rocher, e escritório no Rio de Janeiro, à Rua 1º de Março, 71, 2º andar. Foi fundada em pequena escala, em 1885, pelos diretores da Estrada de Ferro Leopoldina, com o objetivo de estabelecer colonos ao longo de suas linhas e para desenvolver a cultura da cana-de-açúcar.
A presente companhia foi organizada em 1907 com o capital de 1.000.000 de francos, mais tarde reduzido à metade, e adquiriu os bens da empresa primitiva. Entre as propriedades da empresa, contam-se as fazendas de Cachoeira, Boa Vista, Pombal e Capoeirinha, tendo ainda arrendadas as fazendas de Caeté, Jequitibá, Capela Velha e Barra, todas no estado de Minas Gerais.
Em 1907 tinha a empresa 412 hectares de terras; mas de então para cá comprou mais 542 hectares, dos quais 400 foram plantados com cana-de-açúcar e os restantes utilizados como pastagens. As fazendas arrendadas pela sociedade têm uma extensão de 300 hectares.
A empresa compra cana-de-açúcar aos fazendeiros vizinhos e tem uma linha férrea particular que se liga à E. de F. Leopoldina e da mesma bitola desta última. O material rodante da referida linha, que tem 13 quilômetros de extensão, consta de 2 locomotivas e 95 vagões.
A fábrica de açúcar está situada na cidade de Rio Branco, em um terreno de 33 hectares de área, a 2 quilômetros da estação. O maquinismo é das Companhias Flecher (Inglaterra) e Saint Quentin (França), e tem uma capacidade de trabalho de 50 toneladas de cana por dia ou uma produção de 800 sacos de açúcar de 60 quilos cada um; manufatura vários tipos de açúcar e destila 6.000 litros de aguardente por dia. A produção da empresa tem sido, desde a sua organização, em 1907, a seguinte:

A estimativa para a próxima colheita, incluindo as propriedades recentemente compradas, é de 24.000 toneladas de cana-de-açúcar, devendo a produção elevar-se muito breve a 50.000 toneladas.
A diretoria da sociedade se compõe dos srs. Abel Rousseau, Paul Henry Durocher e René Douachée. O dr. Joanny Bouchardet, gerente geral, é engenheiro civil formado em França e está no Brasil há 43 anos. Antes de assumir o cargo de gerente, por conta da empresa organizada em 1907, dirigiu outra fábrica de açúcar, Pureza, no estado do Rio de Janeiro; e antes disso se ocupara em construções de estradas de ferro, principalmente da estrada de ferro para Friburgo, montagem de máquinas para café, arroz etc. Hoje, à sua hábil administração deve a empresa, em grande parte, a prosperidade em que estão os seus negócios.
(Traduzido de: Impressões do Brazil no Seculo Vinte, editada em 1913 e impressa na Inglaterra por Lloyd's Greater Britain Publishing Company, Ltd. pelo site http://www.novomilenio.inf.br, de onde foi transcrito o texto acima)


ACIMA: Usina Rio Branco e a linha férrea (Foto publicada em 1913 no livro Impressões do Brazil no Século Vinte - Reproduzido aqui de www.novomilenio.inf.br).
Já um artigo da Wikipedia diz que "o Engenho Central Rio Branco, fundado em 1885 por Decreto Imperial, mais tarde de propriedade da Societé Sucriére de Rio Branco S/A, mais tarde denominada Usina São João", confirmando sua fundação em 1885.

ACIMA e ABAIXO: A antiga usina de Rio Branco está hoje (2011) abandonada e em ruínas (Foto Jair Barreiros).