E. F. Usina Laranjeiras
(Município de Itaocara, RJ)

 

As ferrovias industrais, ou particulares, do Brasil - aqui classificando-as como sendo ferrovias que não eram de uso público, sendo utilizadas apenas dentro de empresas, indústrias, usinas e outras - foram pouquíssimo estudadas e pesquisadas no Brasil. Uma ou outra têm mais informação: seu patrimônio se esvaiu há décadas, vendido como sucata em grande maioria, sem que sua memória tenha sido resgatada. Por isso, o que se vê é um estudo com dados mínimos e colhidos em fontes diversas, nem sempre confiáveis (Ralph M. Giesbrecht).

Nome: Estrada de Ferro da Usina Laranjeiras.

Bitola: 1,0 m (1)

Extensão: desconhecida.

Data de início das atividades: n/d

Desativação: anos 1970 (provável).


(1) Baseado na bitola da locomotiva da usina exposta na fábrica da Kibon, segundo o livro Inventário das Locomotivas a Vapor do Brasil, Memória Ferroviária, de Regina Perez (Notícia & Cia., 2006), p. 272

Página Inicial Indice
O Engenho Central foi construído no final do século passado com o nome de Engenho Central do Rio Negro. Só mais tarde, em 1906, quando foi comprado pelo Cel. Luiz Correa, passou a chamar-se Engenho Central Laranjeiras (www.itaocararj.com.br). Alaor Eduardo Scisínio afirma no seu livro Itaocara, Uma Democracia Rural, de 1991, que "O Engenho Central Laranjeiras criou e extinguiu uma linha férrea de passageiros e carga ligando a sede da Usina ao Valão do Barro, no município de São Sebastião do Alto, passando por Estrada Nova". Em 1943, o nome da estação foi alterado para Laranjais.


ACIMA: (esquerda) A usina nos anos 1960, vendo-se ainda vagões na linha (centro-direita). (direita) O bonde que trafegaou na linha da usina, em foto por volta de 1950. - CLIQUE SOBRE AS FOTOS PARA VER EM TAMANHO MAIOR (Arquivo Público Mineiro).

A usina fechou nos anos 1970. "O progresso de Laranjeiras (posteriomente Laranjais) foi vertiginoso, principalmente em função do desenvolvimento do Engenho Central, localidade que dista, apenas um quilômetro da sede do distrito e que fora comprada por Luiz Corrêa da Rocha. Para se ter uma pálida idéia da importância do Engenho Central, uma verdadeira cidade particular, é de se dizer que além da fabricação de açúcar, álcool, tecidos e balas (busi), que empregava grande número de mão-de-obra, ainda possuía linha férrea particular, serviço de abastecimento de água e energia elétrica própria, hospital, farmácia, cinema, hotel, armazém, clube social (o dos brancos na rua do Cinema e o dos "moreninhos" no bairro Olaria), e até dinheiro próprio, aceito, por sua credibilidade, mesmo fora do Engenho Central (...) Hoje, o cenário do Engenho Central é bem diferente do que se via no passado, em face dos anos que decorreram desde o encerramento das atividades da usina de açúcar. Não é difícil imaginar a tristeza que certamente dominou a quantos estavam presentes no último instante de vida da usina, a derradeira volta das engrenagens, a última porção de açúcar produzida. O relógio está lá marcando este momento: 07h54m. O cenário mudou, mas os traços de beleza permanecem em qualquer direção que se olha. O prédio da velha usina, oco e deserto no seu interior, não perdeu a imponência e ergue-se ainda hoje num silêncio expressivo, à espera, quem sabe, de que possa vir a abrigar novamente atividades dignas de sua história. A grande chaminé continua firme, apontando para o céu" (www.itaocararj.com.br). A ferrovia deve ter fechado antes, pois o trecho do ramal da Leopoldina (linha do Cantagalo) que carregava a produção da usina fechou na primeira metade dos anos 1960. Não se encontraram informações sobre o material rodante utilizado pela ferrovia, embora seja reportado que a locomotiva a vapor n° 5, a "Laranjeiras", está hoje em Valinhos, na fábrica da Unilever, uma Baldwin (americana), de 1928, uma antiga 2-4-2 que passou a 2-4-0ST, depois de passar anos na fábrica da Kibon, em São Paulo, no Brooklyn (foto abaixo).

(Fontes: Thomas Correa;
www.itaocararj.com.br; Alaor Eduardo Scisinio: Itaocara, Uma Democracia Rural, 1991; Regina Perez: Inventário das Locomotivas a Vapor do Brasil, Memória Ferroviária, Notícia & Cia., 2006, p. 272)


ACIMA: A Usina Laranjeiras, em foto de 1939. Não me é possível identificar se a linha em primeiro plano é a do ramal de Cantagalo, da Leopoldina, ou se já seria parte da ferrovia particular da usina. Notar que existem também pelo menos três desvios junto à usina com vagões de cana. Fica a dúvida. (Foto da Revista da Semana, nro. 40, 9 de setembro de 1939). ABAIXO: A locomotiva "Laranjeiras", da usina (e que depois trabalhou também na Usina Santa Rosa, em Piracicaba, SP), posa em bom estado externo na antiga fábrica da Kibon, no Brooklyn, em São Paulo, SP, em 2004. Hoje a locomotiva está numa fábrica do mesmo grupo em Valinhos, SP (Foto Antonio A. Gorni, 2004).