E. F. Fazenda Chimborazo
(Município de Cravinhos, SP)

 

As ferrovias industrais, ou particulares, do Brasil - aqui classificando-as como sendo ferrovias que não eram de uso público, sendo utilizadas apenas dentro de empresas, indústrias, usinas e outras - foram pouquíssimo estudadas e pesquisadas no Brasil. Uma ou outra têm mais informação: seu patrimônio se esvaiu há décadas, vendido como sucata em grande maioria, sem que sua memória tenha sido resgatada. Por isso, o que se vê é um estudo com dados mínimos e colhidos em fontes diversas, nem sempre confiáveis (Ralph M. Giesbrecht)..

Nome: E. F. Fazenda Chimborazo

Bitola: 0,60 m (1)

Extensão: 17 km
(1)

Data de início das atividades: provavelmente anos 1890 (após 1892)

Desativação: anos 1960

Proprietários identificados: Cia. Agrícola do Ribeirão Preto (famílias Queiroz Lacerda, Queiroz Aranha e Nogueira, depois Conde do Pinhal); Cia. Cafeeira Britânica do Brasil; Família Matarazzo

(1) segundo o livro Cravinhos-Histórico, Geographico Commercial Agricola", 1922, de F. Gomes

"Consentindo a Directoria que a Companhia Agrícola do Ribeirão Preto, mediante condições garantidoras dos direitos e interesses da Companhia construísse entre as estações de Serra Azul e Cravinhos, uma para o serviço particular daquella Companhia, teve em vista coadjuvar o desenvolvimento da lavoura daquella zona tributaria importante de nossa linha" (relat. Mogiana, 14/04/1891), foi inaugurada em 1892 a estação de Tibiriçá, na linha-tronco da Companhia Mogiana de Estradas de Ferro. A estação ficava nos terrenos da fazenda do mesmo nome e que pertencia à Cia. Agrícola, e o interesse era de se construir dali uma ferrovia particular para a fazenda central, Chimborazo, com 60 cm, 17 km e que levaria à sede dessa fazenda.

O estabelecimento da Companhia Agrícola do Ribeirão Preto deu-se em 1888, pelas famílias Queiroz Lacerda, Queiroz Aranha e Nogueira. Em 1892, conseguiram a construção da estação de Tibiriçá, em suas terras e na linha-tronco da Mogiana, para servir de entroncamento para uma ferrovia particular que atenderia à fazenda Chimborazo, que era a secção central da empresa, e também a outras secções, que se ligavam todas à central. Foi vendida ao Conde de Pinhal em 1893, e depois de sua morte vendida para os ingleses da Companhia Cafeeira Britânica do Brasil S. A.. Em 1911, a empresa possuía 5 mil empregados e 5 mil alqueires de terras em nove secções: Ximborazo, a central (com x mesmo, na época), Toca, Montebelo, Monteparnasso, Lagoa, Tibiriçá, Matão, Santa Fé e Engenho. A própria estação da cidade de Cravinhos ficava dentro das terras da empresa.


De acordo com o livro "Cravinhos-Histórico, Geographico Commercial Agricola", 1922, de F. Gomes, a fazenda Chimborazo tinha 17 km de linha férreas, em três ferrovias: a que ligava a estação de Tibiriçá às outras duas e as ferrovias Monte Bello e Monte Parnaso. No total trafegavam pelas linhas 4 locomotivas, 2 carros de passageiros e 30 vagões de carga. Nessa época (1922) a fazenda tinha 2200 alqueires com 2.037.000 pés de café, 100 carros de milho e mais 2000 carros para os colonos, além de 200 cabeças de gado Caracu, 120 cavalos e 400 famílias com um total de 2800 pessoas. Nos anos 1930, foi vendida para a família Matarazzo. A ferrovia foi desativada provavelmente com o fechamento da estação de Tibiriçá em 01/05/1964, com a desativação do trecho da Mogiana (*RM-1964). A estação de Tibiriçá fica hoje ao lado norte e às margens da via Anhangüera, ali construída em 1956. Foi bastante descaracterizada. Existem outras casas da vila ferroviária à sua volta.
O nome Chimborazo não existe mais; essa secção se chama hoje (2007) Fazenda Santa Virgínia, e a secção Tibiriçá, onde ficava a estação, se chama Santa Francesca. Hoje se planta praticamente apenas cana-de-açúcar, além de outras pequenas culturas. A casa-sede está bem conservada por fora, tendo sofrido várias modificações internamente. Vários edifícios foram demolidos ou estão abandonados. A casa-sede fica a cerca de 700 metros da via Anhangüera, não podendo ser vista da estrada. (Fontes: Arquivo Municipal de Ribeirão Preto, SP; Andrea Zacherini, da Fazenda Santa Virgínia; Revista Brazil Magazine, no. 57, 1911; livro "Cravinhos-Histórico, Geographico Commercial Agricola", 1922, de F. Gomes)

O mapa, de c. 1956, mostra a estação de Tibiriçá, na antiga linha-tronco da Mogiana (desativada em 1964) e a fazenda Chimborazo, além de outras secções da antiga Cia. Agrícola de Ribeirão Preto: Monte Belo, Monte Parnaso e Matão podem ser encontradas a sudeste da cidade de Cravinhos. A via Anhangüera, hoje muito próxima à fazenda, não aparece ainda (naquele ponto, a inauguração deu-se em 1958) e também não são mostrados os ramais particulares da ferrovia, não se sabe se por não existirem mais na época ou por algum outro motivo, e que saíam da estação de Tibiriçá. (IBGE, 1958)


Acima, o mapa dArquivo Municipal de Ribeirão Preto, SP