As
ferrovias industrais, ou particulares, do Brasil - aqui classificando-as
como sendo ferrovias que não eram de uso público,
sendo utilizadas apenas dentro de empresas, indústrias, usinas
e outras - foram pouquíssimo estudadas e pesquisadas no Brasil.
Uma ou outra têm mais informação: seu patrimônio
se esvaiu há décadas, vendido como sucata em grande
maioria, sem que sua memória tenha sido resgatada. Por isso,
o que se vê é um estudo com dados mínimos e
colhidos em fontes diversas, nem sempre confiáveis (Ralph
M. Giesbrecht).
Nome: E. F. Sucreries
Bitola: 1 m (1)
Extensão: 7,2 km
(1);
12 km (2)
Data de início das atividades: desconhecida
Desativação:
Proprietários identificados:
Mapa do município
de (Enciclopédia dos
Municípios Brasileiros, volume XI, IBGE, 1960).
(1) segundo o livro
Usinas Açucareiras de Piracicaba, Villa Rafard, Porto
Feliz, Lorena e Cupim, Missão de Inspecção
so Senhor J. Picard, Engenheiro, de 1 de março a 15 de julho
de 1903, Editora Hucitec, Editora Unicamp, São Paulo,
1996
(2) segundo José
Geraldo Evangelista: Lorena no século XIX, 1921
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O Engenho Central de Lorena ficava
ao lado da estação ferroviária de Lorena, da
linha da Central do Brasil, do ramal de São Paulo. Foi instalada
e aberta em 1884, sobre uma concessão imperial de 1881. Tinha
1990 hectares divididos em propriedades de nomes Mondésie,
Retiro, Santa Lucrécia, Porto dos Meiras, Pasto da Figueira
e os terrenos da usina em si.
O Engenho Central de Lorena inaugurou uma linha para bonde puxado
a tração animal nas ruas da cidade para a visita do
Imperador Dom Pedro II em 18 de outubro de 1886 e as linhas foram
posteriormente utilizadas para trazer suprimento para a construção
da catedral de Lorena. A linha de bondes encerrou suas atividades
quando a usina faliu pela primeira vez em 1896 (José Geraldo Evangelista:
Lorena no século XIX, 1921).
José Geraldo Evangelista, em sua obra (ps. 169 e 201), cita
que em 1887 (segundo ofício de 28 de novembro desse ano), o
Engenho estabeleceu o ramal ferroviário de Santa Lucrécia
com 12 km, e ainda que "a população do município
(de Lorena) (...) continuou crescendo (...) incluídas as 12
famílias italianas, compostas de 76 pessoas, do Núcleo
Colonial que o Engenho Central instalou, a 1º de abril de 1889, marginando
a linha férrea Santa Lucrécia (...)", confirmando
que, nesse ano, a ferrovia da usina já existia. Porém,
a quilometragem da linha não coincide com a que Picard cita
14 anos depois.
Em 20 de maio de 1901, a Societé Sucrérie Brésilienne,
com sede em Paris, comprou a massa falida do Engenho Central de Lorena,
por 700 contos de réis. Em 1907 a usina de Lorena foi incorporada
definitivamente à Sucrerie, juntamente com as usinas de Piracicaba
(Engenho Central), Porto Feliz, Villa Rafard, Cupim e Tocos, estas
duas últimas no Estado do Rio de Janeiro.
Escreveu J. Picard em 1903: As ferrovias pertencentes à
usina de Lorena têm uma extensão total de 7 km, ela é
plana em toda a sua extensão, e sua bitola tem um 1 m de largura.
Há também transporte fluvial. Uma das linhas tem cerca
de 1200 m e liga a fábrica ao porto do rio Paraíba;
a outra linha, com 6 km, chega até o sopé das montanhas
e serve toda a margem direita do rio. As canas são transportadas
por carros de boi até as estações (da usina).
Algumas plantações, como as de Santa Lucrécia,
estão a 4 km do ponto terminal da ferrovia. Dispõe-se
de duas locomotivas de 15 e 18 toneladas, além de 42 vagões
em muito bom estado, que podem carregar 6 t de canas cada um. Com
eles pode-se transportar para a usina 200 t de cana diárias
e mais a lenha necessária. O transporte fluvial da usina leva
também canas para o porto onde são recolhidas nos vagões
(Usinas Açucareiras de Piracicaba, Villa Rafard, Porto Feliz,
Lorena e Cupim, Missão de Inspecção do Senhor
J. Picard, Engenheiro, de 1 de março a 15 de julho de 1903,
Editora Hucitec, Editora Unicamp, São Paulo, 1996). Em
1884 o Engenho havia comprado e recebido 11 barcos, adquiridos da
Cia. do Rio Verde.
Em 1929, a sua ferrovia não era mais citada no "Relatório
no. 3 da Secretaria de Estado dos Negócios da Viação
e Obras Públicas do Estado de S. Paulo";
em 1933, a usina ainda funcionava, de acordo com o relatório
"A Administração do Gal. Waldomiro Castilho
de Lima no Governo de São Paulo, como Interventor Federal no
Estado", IMESP, 1933; em 1939, a Sucrerie não citava
mais o Engenho Central de Lorena entre suas usinas. Em 1959, a usina
e sua chaminé foram implodidas.
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ACIMA: Mapa da cidade de Lorena no final do século XIX. Notar
a linha da Central do Brasil (cruzando de sul a norte) e a linha do
Engenho Central, pelo menos na época, ligando o Engenho ao
porto no rio Paraíba do Sul. Esta seria a linha de 1,2 km citada
por Picard. A linha de Santa Lucrécia, bem mais longa, é
provavelmente a linha que sai do Engenho para o norte, mostrada apenas
como um traço (José
Geraldo Evangelista: Lorena no século XIX, 1921).
ACIMA: À esquerda, ferrovia e locomotiva da usina, foto sem
data. À direita, fotografia sem data da época em que
havia um bonde a tração animal na usina - final do século
XIX. ABAIXO: Locomotiva a vapor e
barco
da usina em
Lorena, no rio Paraíba (Fotos).
ACIMA: À esquerda, usina e linhas, sem data. À direita,
fotografia provavelmente de 1939, mostrando a usina, próxima
ao canto direito inferior (onde existem árvores), já
sem sua ferrovia - o triângulo no centro é da E. F. Lorena-Piquete
e a linha que cruza a cidade é a do ramal de São Paulo,
da Central do Brasil (Fotos).
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