E. F. Usina Tamoio (Municípios de Ibaté, Araraquara e Ribeirão Bonito, SP) |
As
ferrovias industrais, ou particulares, do Brasil - aqui classificando-as
como sendo ferrovias que não eram de uso público,
sendo utilizadas apenas dentro de empresas, indústrias, usinas
e outras - foram pouquíssimo estudadas e pesquisadas no Brasil.
Uma ou outra têm mais informação: seu patrimônio
se esvaiu há décadas, vendido como sucata em grande
maioria, sem que sua memória tenha sido resgatada. Por isso,
o que se vê é um estudo com dados mínimos e
colhidos em fontes diversas, nem sempre confiáveis (Ralph
M. Giesbrecht). |
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Em
1909, foi aberto na linha da Paulista, logo após a estação
de Ibaté, um posto telegráfico de nome Tamoio. Em 1922,
com o aumento de bitola da linha de métrica para larga (1,60
m), um novo prédio foi construído para a nova linha, com
o mesmo nome e agora com status de estação. Uma vila ferroviária
se desenvolveu junto à estação, com armazéns,
lojas, correio e escola. Sabe-se que, em 1929, de lá já
partia a ferrovia, pertencente à Usina Refinadora Paulista (Usina
Tamoio), com 30 km e bitola métrica e que ia até a fazenda
e usina Tamoio, transportando açúcar e derivados. Nessa
época, a fazenda já pertencia à família
Morganti, que também eram donos da usina Monte Alegre, em Piracicaba,
SP, e, nos anos 1950, da fazenda Guatapará, comprada à
família Prado. A fazenda Tamoio tinha várias seções,
como a Santa Elza, esta junto à estação de Tamoio;
a Central, a uns 8 km afastada da rodovia, onde ficava a casa-sede (já
demolida), o campo de futebol, o clube e a igreja; a Bela Vista, mais
longe, invadida por sem-terras; e a Andes. Em 1964, a fazenda foi vendida à família Silva Gordo e teria começado a ser desativada por volta de 1979. Em meados dos anos 1990, Egard Corona, dono da usina Bonfim, em Guariba, SP, comprou a Tamoio que por sua vez a vendeu para o grupo COSAN. A usina da fazenda, por sua vez, ficou fechada entre 1984 e 2004. Nessa época, havia apenas plantações. A sede da fazenda, construída por Pedro Morganti, teria sido uma réplica da fazenda dos O´Hara, do filme O Vento Levou (de 1940). Verdade ou não, a casa já foi demolida - a data ninguém sabe ao certo, mas parece tê-lo sido em meados dos anos 1990. A ferrovia particular da fazenda, de bitola métrica, não transportava passageiros nem funcionários (que utilizavam as jardineiras para transporte interno), mas apenas cargas e tinha pelo menos duas linhas, uma, a linha da Bela Vista e outra, a linha da estação, que seguia para o armazém à beira da estação da Cia. Paulista. Bruno Valala trabalhou como maquinista da locomotiva nro. 9; Sebastião Correia, da número 14. Hoje, a usina Tamoio ainda existe e funciona, mas os Morganti a venderam em 1964 para a família Silva Gordo, que depois a venderam para a Corona. Segundo visitantes recentes da usina, dos prédios antigos quase nada existe mais. Na vila ferroviária, distante da usina, o que sobrou está em total abandono. Apenas a linha da antiga CP, hoje sob concessão da ALL, continua lá, a ferrovia particular não existe mais há pelo menos trinta anos e os trilhos foram arrancados junto com os desvios da estação. A vila ferroviária pode ser vista da rodovia Washington Luiz, ficando num ponto em que o leito da linha passa bem junto à estrada (cerca de 300 metros), acompanhando-a pelo seu lado oeste. * A Usina Tamoio fica no município de Araraquara, enquanto a vila ferroviária da Cia. Paulista ficava em Ibaté, próxima à divisa. É ainda uma das grandes usinas do Estado, mas, como todas as fazendas, é totalmente mecanizada e o número de trabalhadores é reduzidíssimo, não havendo motivos para se manter todos os prédios; como conseqüência, eles são geralmente demolidos ou abandonados. Fontes: Rodrigo Cabredo, São Paulo, SP; Claudete, de Araraquara, que nasceu e viveu na Tamoio até 1979, quando o proprietários ainda eram os Silva Gordo; e arquivos do próprio autor. |
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