E. F. Vila Costina
(Municípios de São José do Rio Pardo e de São Sebastião da Grama, SP)

 

As ferrovias industrais, ou particulares, do Brasil - aqui classificando-as como sendo ferrovias que não eram de uso público, sendo utilizadas apenas dentro de empresas, indústrias, usinas e outras - foram pouquíssimo estudadas e pesquisadas no Brasil. Uma ou outra têm mais informação: seu patrimônio se esvaiu há décadas, vendido como sucata em grande maioria, sem que sua memória tenha sido resgatada. Por isso, o que se vê é um estudo com dados mínimos e colhidos em fontes diversas, nem sempre confiáveis (Ralph M. Giesbrecht).

Nome: E. F. Vila Costina

Bitola: 0,60 m

Extensão: n/d


Data de início das atividades: n/d

Desativação: anterior a 1929

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A estação de Villa Costina, nome da fazenda em cujas terras se encontrava, foi inaugurada pela Mogiana em 1889, no então ramal de Rio Pardo, mais tarde ramal de Mococa.

"Até há pouco tempo, ainda era visível na estaçãozinha de Vila Costina o local em que os vagões de bitola estreitíssima (sessenta centímetros) despejavam nos da Mogiana (bitola métrica) a produção de café em coco da região. Era o último sinal que testemunhava uma arrojada iniciativa empresarial de José da Costa Machado, que já fora presidente da província de Minas Gerais, quando a capital ainda era Ouro Preto (1867-68), que se instalou por estas bandas, por volta de 1870, e abriu a fazenda Vila Costina, construindo por conta própria uma pequena ferrovia que ia de Vila Costina até São Sebastião da Grama" (segundo conta Márcio José Lauria, 2005).

Mario Poggio Junior, no entanto, cita que o proprietário da fazenda e da ferrovia era Labieno Machado - com "e", mesmo.

Esta ferrovia, a E. F. de Vila Costina, funcionou por algum tempo, supostamente entre os anos 1890 e os anos 1920. Supõe-se que esta ferrovia ainda não existisse na época da compra do ramal pela Mogiana, pois não é citada em ponto algum. Mas deixa claro que o nome "Vila Costina" vem da fazenda desse senhor, e esse nome deriva do seu nome (Costa), que foi quem abriu a fazenda, nos anos 1870. Há vagas menções de que essa misteriosa ferrovia foi suprimida pouco antes de 1929. Sud Mennucci, em anotações a lápis em seu próprio livro publicado em agosto de 1929, O Vertiginoso Crescimento de São Paulo, cita que a ferrovia havia sido fechada antes da edição de seu livro, em 1929.

Segundo Mário Poggio Junior, em 2001, a linha teria funcionado por exatos cinco anos e seis meses apenas - mas também não informa a época correta. Havia apenas dois vagões, que funcionavam alternadamente: enquanto um carregava ou descarregava, o outro seguia viagem, transportando grãos de café e passageiros (os mesmos vagões?). O condutor do trem era um espanhol de nome Gregório Gonçalves, que também auxiliou na montagem da locomotiva (qual?). Seu bisneto era proprietário de um bar na estação rodoviária de Vargem Grande do Sul em 2001.

A fazenda Vila Costina, de propriedade do Dr. José da Costa Machado de Sousa, foi uma das melhores do estado de São Paulo em produção cafeeira. Seu cafezal, em 1901, de 300 alqueires era a maior área de café plantada em São José; ela tornou-se um povoado, com muitas moradias, duas escolas, uma capela, uma ferrovia particular ligada a fazenda à estação Vila Costina da Mogiana, e até dinheiro próprio. A epidemia de febre amarela, que chegou a São José em 1902 e atingiu inúmeras famílias na cidade, levou os moradores a se refugiarem nas fazendas. A vida municipal ficou paralisada, enquanto que a Câmara Municipal se reunia em casa dos vereadores Tarqüínio Cobra Olyntho e Urias Carneiro, no bairro do Bonsucesso. O Fórum, por decreto do Governo do Estado, transferiu, em fevereiro de 1903, seus trabalhos para a fazenda Vila Costina, instalando-se na sala da "Società Di Mutuo Soccorso 20 Settembre". Assim, esta sociedade, por breve espaço de tempo, foi sede do Judiciário. A capela da fazenda Vila Costina, por sua invocação a Nossa Senhora da Saúde, teria sido construída durante essa epidemia de febre amarela para receber os moradores impedidos de freqüentar a Igreja Matriz de São José. Nesse sentido, o Dr. Costa Machado requereu ao Bispo de São Paulo, uma provisão qüinqüenal em favor da capela a qual lhe foi concedida em 4 de novembro de 1904. A capela de Nossa Senhora da Saúde da fazenda Vila Costina é "um exemplo de harmoniosa unidade de um conjunto arquitetônico rural, que infelizmente, já se perdeu em parte" (Amélia Franzolin Trevisan: A Capela de Nossa Senhora da Saúde, site www.casaeuclidiana.org.br, entrada em 21/3/2009).

Porém, é importante ressaltar que em nenhuma literatura em que aparecem referências a diversas outras ferrovias particulares no Estado de São Paulo, eu achei qualquer referência a essa ferrovia.

(Fontes: Márcio José Lauria; Relatórios oficiais da Cia. Mogiana, 1875-1969; Sud Mennucci: O Vertiginoso Crescimento de São Paulo, 1929; Amélia Franzolin Trevisan: A Capela de Nossa Senhora da Saúde, site www.casaeuclidiana.org.br)