Fazenda Cresciuma
(Jardinópolis, SP)

 

Fazenda Cresciuma


Em foto tirada pelo autor em 20/01/2002, a casa do telegrafista, a caixa d'água e à direita, parte do telhado da estação, construçòes que sobreviveram da antiga vila ferroviária, ainda despontam na paisagem abandonada da antiga fazenda Cresciuma, hoje Santa Monica.

João Evangelista Guimarães era um mineiro de Oratória, Minas, que, depois de passar por Resende, no Estado do Rio, estabeleceu-se na fazenda Córrego das Pedras, na região de Ribeirão Preto, isto por volta de 1880. Em seguida, foi para o povoado de Ilha Grande, atual Jardinópolis, onde comprou uma gleba de 1500 alqueires e ali abriu a fazenda, chamada de Cresciúma. Como ela não tinha ainda a ferrovia passando por ela, e a linha mais próxima era a da linha do Rio Grande, João abriu uma estrada, que era uma grande reta com pouquíssimas curvas, ligando a fazenda à estação de Sarandy, atual Jurucê. Esta estrada ainda existe em quase toda a sua extensão, sendo ela a rodovia que liga a sede de Jardinópolis ao distrito de Jurucê. Por ali passava a sua produção de café. Quando a Mogiana abriu o ramal de Igarapava e chegou a Jardinópolis em 1899, João doou as terras para a linha e para a estação. Segundo o bisneto de João, Plínio Caio, existe uma história de que a estação e também a fazenda se chamaram Cresciúma por ser esse o nome do engenheiro da Mogiana que construiu o ramal naquela região. Isto significa, entretanto, que a fazenda, que já existia, teria tido um outro nome. A estação de Cresciúma foi finalmente inaugurada em 1900, no mesmo dia em que foi aberto o novo trecho do ramal que seguiria até Salles Oliveira. A Mogiana também construiu para João um desvio que ligava a estação à máquina de café. Era um desvio não muito longo, pois a sede da fazenda ficava muito próxima à estação, mas cabia uma composição nele: em 1924, durante a revolução, as tropas legalistas ali estacionaram, para deixar a linha desimpedida, enquanto o pessoal da fazenda levava queijo e leite para os soldados. A estação, de qualquer forma, não recebia café somente da fazenda Cresciúma, mas também de várias outras da região. Com o aumento de movimento, a estação foi ampliada em 1909. Em 1929, a fazenda foi vendida, pelos descendentes de João Evangelista, à família Pereira Lima, que, após a morte do proprietário, foi retaliada em quatro ou cinco fazendas menores. A estação acabou ficando até hoje na Santa Mônica, uma das novas fazendas criadas com a divisão, juntamente com a casa da sede original. Esta fica a poucos metros do prédio hoje abandonado da antiga estação ferroviária de Cresciúma. Embora ainda exista uma fazenda Cresciúma, esta não conservou a casa da sede. Apesar de se encontrar na área rural, a estação permaneceu ativa até sua desativação, no mesmo dia em que correu o último trem, em 09/05/1979, com a extinção do ramal. Nessa época, o café já não era plantado ali, substituído que foi pelo milho e principalmente pela cana.

Ralph Mennucci Giesbrecht - abril de 2002

*A fazenda Santa Mônica, que hoje abriga a casa da fazenda Cresciuma original, bem como as outras fazendas que resultaram de seu desmembramento, ficam a nordeste da área urbana de Jardinópolis, com acesso somente por estradas de terra que, em alguns pedaços, acompanham o leito da linha do antigo ramal de Igarapava. O prédio da velha estação ainda existe, abandonado. Fontes: Plínio Caio Guimarães Gandra; Vicente Alves Pereira, ambos de Jardinópolis; jornal Diário da Manhã, de Ribeirão Preto; relatórios da Cia. Mogiana; o próprio autor.

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Neste mapa de 1956, aparece a fazenda Cresciuma, apontada no ponto onde se situa a casa original, bem próxima à estação. O ramal ainda existia. (IBGE, 1958)

A casa original da fazenda Cresciuma, já descaracterizada, é hoje a sede da fazenda Santa Monica, bem próxima à estação. Ela aparece na foto acima, à esquerda. A casa da direita pode ser da fazenda ou da antiga vila ferroviária. Foto Ralph M. Giesbrecht, 20/11/2002

A estação ferroviária de Cresciuma, abandonada, e uma das portas da estação. Foto Ralph M. Giesbrecht, 20/11/2002

Ainda a estação, acima, à esquerda, e à direita, parte da antiga vila ferroviária. Foto Ralph M. Giesbrecht, 20/11/2002

A caixa d'agua, ao lado da estação Note o detalhe na caixa, à direita, com o ano da fabricação: 1902, dois anos após a inauguração da estação. Foto Ralph M. Giesbrecht, 20/11/2002

Acima, à esquerda, restos de um pontilhão, após a estação, por onde passava a linha do ramal da Mogiana. Nesse ponto houve um acidente ferroviário em 1956. À direita, a casa do telegrafista da linha. Foto Ralph M. Giesbrecht, 20/11/2002

Na estrada que dá acesso à sede da fazenda Santa Mônica, do outro lado da estação e fora da propriedade, a antiga venda está sendo reformada e pintada..Foto Ralph M. Giesbrecht, 20/11/2002

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