A B C D E
F G H I JK
L M N O P
Q R S T U
VXY Mogiana em MG
...
Raiz da Serra
Paranapiacaba
Campo Grande
...

SPR-1935
...
ESTIVE NO LOCAL: SIM
ESTIVE NA ESTAÇÃO: SIM
ÚLTIMA VEZ: 2010
...
 
São Paulo Railway (1867-1946)
E. F. Santos-Jundiaí (1946-1994)
CPTM (1994-2001)
PARANAPIACABA
(antiga ALTO DA SERRA)

Município de São Paulo, SP (1867-1877)
Município de São Bernardo, SP (1877-1934)
Município de Santo André, SP (1934-)
Linha-tronco - km 30,300 (1935)   SP-2654
Aititude: 796,600 m   Inauguração: 16.02.1867
Uso atual: fechada (2016)   com trilhos
Data de construção do prédio atual: 1977
 
 
HISTORICO DA LINHA: A São Paulo Railway - SPR ou popularmente "Ingleza" - foi a primeira estrada de ferro construída em solo paulista. Construída entre 1862 e 1867 por investidores ingleses, tinha inicialmente como um de seus maiores acionistas o Barão de Mauá. Ligando Jundiaí a Santos, transportou durante muito anos - até a década de 30, quando a Sorocabana abriu a Mairinque-Santos - o café e outras mercadorias, além de passageiros de forma monopolística do interior para o porto, sendo um verdadeiro funil que atravessava a cidade de São Paulo de norte a sul. Em 1946, com o final da concessão governamental, passou a pertencer à União sob o nome de E. F. Santos-Jundiaí (EFSJ). O nome pegou e é usado até hoje, embora nos anos 70 tenha passado a pertencer à RFFSA, e, em 1997, tenha sido entregue à concessionária MRS, que hoje a controla. O tráfego de passageiros de longa distância terminou em 1997, mas o transporte entre Jundiaí e Rio Grande da Serra continua até hoje com as TUES dos trens metropolitanos.
 
A ESTAÇÃO: A estação de Paranapiacaba, aberta com o nome de Alto da Serra em 1867, é uma das mais cantadas em prosa e verso no Brasil e até no mundo.

Feita para ser o pátio de operações do sistema de cabos implantado pelos ingleses em 1867, nela foi mais tarde, em 1896, construída uma vila para os funcionários da São Paulo Railway que com seu estilo inglês e sua beleza, aliada às belezas naturais do local, foi tombada pelo Patrimônio Histórico há muito tempo.

Por volta de 1900, uma segunda estação, diferente e maior do que a original, foi construída.

A estação primitiva, a original, entretanto, ainda pode ter o seu local identificado: segundo Thomas Corrêa, o local exato dela é onde hoje se encontra a subestação elétrica. Parte da beirada da plataforma de pedra é possível ver-se ainda.

Em 1907, o nome da vila foi trocado para Paranapiacaba, "lugar de onde se avista o mar". O nome da estação, entretanto, permaneceu como Alto da Serra até 1945, quando foi alterado para Paranapiacaba.

Há vezes em que se vai a Paranapiacaba e não se enxerga um palmo adiante do nariz, devido ao denso nevoeiro da serra.

Exatamente ali, a linha começa a descer a serra. Do outro lado da linha, a vila continuou a se expandir, sem manter o estilo original, mas ainda é um apenas pequeno bairro afastado do município de Santo André.

Em janeiro de 1981, um incêndio destruiu o prédio da antiga estação; desde 1977, entretanto, uma nova estação, mais simples, já estava funcionando em local próximo. A antiga já estava desativada e o fogo apenas apressou o seu fim. Era, entretanto, um prédio já descaracterizado em muitos aspectos. O relógio, salvo do fogo, foi consertado e colocado sobre uma nova torre ao lado do prédio novo.

Muito se escreveu e ainda se escreve sobre a estação, que, de orgulho da
ferrovia, transformou-se em uma de suas vergonhas. Pelo seu imenso pátio estão espalhados esqueletos de carros e locomotivas antigas, novas, a vapor e diesel, carros de madeira e de aço e mais uma infinidade de equipamentos que sofrem com o abandono geral das ferrovias.

Paranapiacaba
era atendida até novembro de 2001 pelos trens metropolitanos da CPTM, que para lá iam em diferentes horários, mas não tantos quantos os que chegavam a Rio Grande da Serra diariamente. A partir daí, os trens somente passaram a seguir nos fins de semana para Paranapiacaba, e um ano depois, a suspensão total do trem para a vila acabou desagradando a muitos mas mantendo a triste tradição que a ferrovia mantém nos últimos cinqüenta anos: agradar somente a ela própria, não a seus usuários.

Em 2002, a Prefeitura de Santo André adquiriu a vila inglesa, mas não o pátio ferroviário, que continua abandonado. "Eu cheguei a conhecer a Paranapiacaba com roseiras nos jardins. Eu aguardava o ano inteiro para que as férias chegassem, pois sabia que mamãe nos levaria de trem para Santos. Pararíamos em Paranapiacaba para esperar as manobras dos trens. Eles, em muito casos, eram divididos em comboios menores para poder descer, a cabo ou na cremalheira. Tudo isso, manobras, desmonte, descida da serra e recomposição dos trens lá embaixo em Raiz da Serra ou em Piassagüera, levava 50 minutos. Em Paranapiacaba, então, eu me lembro com saudades do sanduíche de mortadela. Não tinha igual. Aí, o tempo passou, eu cresci, a ferrovia descambou, a estação ali pegou fogo, fizeram uma feiosinha, a vila ficou semi-abandonada. Fiquei anos sem voltar lá. Agora, parece que está se recuperando, graças à iniciativa da Prefeitura de Santo André" (Nilce Balieiro, 13/11/2006).

Hoje muito se fala e pouco se faz pela tristemente bela Paranapiacaba.

Em 2019 havia trens turísticos semanais para Panapiacaba, da CPTM, - interrompido enquanto durasse a pandemia de coronavirus.

1875
AO LADO:
O chique restaurante da estação (O Estado de S. Paulo, 2/7/1875).

ACIMA: Assentamento de trilhos na estação de Alto da Serra, c. 1865 (Autor desconhecido)
1890
AO LADO:
Choque de trens na estação do Alto da Serra (O Estado de S. Paulo, 17/1/1890).
1893
AO LADO:
Choque de trens na estação do Alto da Serra (O Estado de S. Paulo, 29/7/1893).
1898
AO LADO:
Acidente na estação do Alto da Serra (O Estado de S. Paulo, 20/10/1898).
1898
AO LADO:
Outro acidente na estação do Alto da Serra (O Estado de S. Paulo, 23/12/1898).
ACIMA: Trem despenca na serra em 1920- CLIQUE SOBRE A FIGURA PARA VER A REPORTAGEM TODA (O Estado de S. Paulo, 16/6/1920).

ACIMA: Estação de Alto da Serra, nos primeiros anos do século 20 (Cartão postal).
1925
AO LADO:
Acidente na estação do Alto da Serra (O Estado de S. Paulo, 25/9/1925).

ACIMA: Greve na estação de Alto da Serra (O Estado de S. Paulo, 7/5/1932).

ACIMA: Inauguração do Cometa em Paranapiacaba em 1934 (O Estado de S. Paulo, 12/7/1934).

ACIMA: Festa na inauguração do Cometa em Paranapiacaba em 1934 (O Estado de S. Paulo, 12/7/1934).
1935
AO LADO:
Atropelamento na estação do Alto da Serra (O Estado de S. Paulo, 16/6/1935).

ACIMA: A estação de Paranapiacaba (a segunda), sem data. Possivelmente segunda metade dos anos 1940 (Autor desconhecido).
ACIMA: Vista aérea da estação (no centro da foto) em 1966 (Diario Popular, 21/11/1966).

Na verdade, não houve incêndio quando o relógio estava lá. Na construção da cremalheira, a estação antiga foi "cortada ao meio" devido ao rebaixamento do pátio em um dos lados. Com o tráfego da Serra Velha suspenso, e a descida da serra sendo feita apenas pela Serra Nova, a parte da estação que ficou em pé continuou funcionando precariamente, até construírem a outra. Depois retiraram o relógio e colocaram-no sobre a nova torre construída na nova estação (e a estação "cortada", continuaria funcionando). A cremalheira foi inaugurada, mas trens de passageiros continuavam a descer pelo funicular. Creio que isso tenha sido interrompido por volta de 1980, onde os trens de passageiros para Santos já estavam descendo pela cremalheira. Nessas alturas, a "metade" da estação antiga que ainda funcionava já estava desativada. Apenas ruínas. Até que num belo dia a estação antiga pegou fogo. Já desativada e sem nada, o que queimou foram apenas algum madeiramento que ainda estava lá. Pouco tempo depois a RFFSA retirou os escombros das colunas em aço, entre outras coisas. Logo, o motivo do fim da estação antiga (a 2ª estação) não foi o incêndio. Ela já estava desativada havia algum tempo. A cremalheira poderia muito bem ter sido construída sem destruir a estação antiga. Era necessário fazer alguns aterros em alguns locais (o que encareceria a obra um pouco), para abrir o raio de curva do pátio. Mas a RFFSA não se preocupou muito com isso. Mais fácil destruir a estação velha.
1981
AO LADO:
O incêndio da estação de Parapiacaba - por Thomas Corrêa, em 2009

ACIMA: Paranapiacaba e Campo Grande tornam-se um distrito do município de Santo André em 1984 (O Estado de S. Paulo, 28/10/1984).

ACIMA: Trem da CPTM chega a Paranapiacaba em 1998 (Foto Vanderley Zago).

ACIMA: Mapa da vila de Paranapiacaba em 2010 (CLIQUE SOBRE A FIGURA PARA VER EM TAMANHO MAIOR) (Acervo Prefeitura Municipal de Santo André).

(Fontes: Ralph M. Giesbrecht, pesquisa local; Vandeley Zago; Renato Gigliotti; Josias _; Paulo Augusto Mendes; Lourenço Paz; Jacobus Smit; Paulo Sérgio V. Filho; Wilson de Santis Jr.; Nilce Balieiro; O Estado de S. Paulo, 1925; Diario Popular, 1966; São Paulo Railway: Relação oficial de estações, 1935; Guias Levi, 1932-79; Mapa - acervo R. M. Giesbrecht)
     

A estação original, c. 1895. Acervo Paulo Augusto Mendes

A estação, no início do século XX. Cartão postal, acervo Ralph M. Giesbrecht

A estação no início do século XX. Cartão postal

A estação em 1950. Acervo Lourenço Paz

Colunas na plataforma da velha estação, ainda de pé por volta de 1980. Foto Jacobus Smit

O incêndio que destruiu a velha estação em 1981. Foto Josiaso

A estação em 2000, com a nova torre do relógio. Foto Wilson de Santis Jr

A estação em 2001. Foto Paulo Sérgio V. Filho
 
     
Atualização: 09.12.2021
Página elaborada por Ralph Mennucci Giesbrecht.