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E. F. Muzambinho
(1896 -1908)
E. F. Minas e Rio (1908-1910)
Rede Sul-Mineira (1910-1931)
Rede Mineira de Viação (1931-1965)
V. F. Centro-Oeste (1965-1966) |
FAMA
Município de Fama, MG |
Linha Cruzeiro-Juréia - km 277,524
(1960) |
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MG-2752 |
Altitude: - |
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Inauguração: 01.05.1896 |
Uso atual: n/d |
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sem trilhos |
Data de construção do
prédio atual: n/d |
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HISTORICO DA LINHA: A linha Cruzeiro-Tuiuti
(depois Juréia) era originalmente parte da E.F. Muzambinho,
que iniciou as atividades em 1887, entre Três Corações
e Muzambinho, e parte da E. F. Minas e Rio, que operava o trecho Cruzeiro-Três
Corações desde 1884, e que em 1908 incorporou a Muzambinho.
Em 1910, esta foi uma das formadoras da Rede Sul-Mineira, que por
sua vez formou a Rede Mineira de Viação, em 1931. Em
1965 esta formou a Viação Férrea Centro Oeste
e foi finalmente transformada em divisão da Refesa em 1971.
Na linha que unia a estação de Cruzeiro, no ramal de
São Paulo da EFCB, a Juréia, terminal do ramal de Juréia,
da Mogiana, o trecho final entre esta estação e Varginha
já não tem mais seus trilhos. Os trens de passageiros
foram suprimidos em 1966 entre Varginha e Juréia e em 1983
entre Cruzeiro e Três Corações. De 1997 ao fim
de 2001, operaram trens turísticos da ABPF a vapor entre Cruzeiro
e Passa-Quatro e hoje esses trens trafegam entre o túnel (Estação
Cel. Fulgencio) e Soledade de Minas. Cargueiros da FCA utilizaram
a linha Três Corações-Varginha até cerca
de 2010. |
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A ESTAÇÃO: A estação
de Fama foi inaugurada em 1896.
Já em 1907, a estação
foi ligada por linha telefônica até a localidade de Pitangueiras
(O Estado de S. Paulo, 29/4/1907).
Dessa estação,
nos anos 1920, partiam os vapores pelo rio Sapucaí até
o porto de Carrito, em Carmo do Rio Claro, 105 km ao
norte, para levar e trazer mercadorias da primeira cidade a instalar
fábricas de manteiga.
Em 1940, ainda existia a navegação:
os barcos, "vapores", saíam às segundas e
quintas-feiras às 6 da manhã para Cerrito, passando
e parando pelos portos de Amoras, Campo Verde, Barra
do Alto, Azevedo, Correnteza, Aguas Verdes,
Santa Rosa, Ponte, Tromba e finalmente Cerrito.
Às terças e sextas o vapor retornava para Fama.
Boa parte da região
entre as estações de Varginha e de Juréia está hoje na área da represa de Furnas, da qual
faz parte o rio Sapucaí, e isso deve inundou trechos do antigo
leito da ferrovia.
"Em 1961 (nota - foi depois disso, em 1965)
a represa de Furnas cobriu toda a cidade. Exatamente 27 metros de
água sobre a 'velha Fama'. A cidade foi reconstruída
ao redor, mas as memórias e a história de Fama certamente
ficaram sepultadas. Aqui outrora havia um rio, largo e bonito. Rio
de peixes e esperanças. A pequena cidade subia à sua
margem, como a contemplá-lo. Esta igreja que hoje beira o lago
era no alto da cidade. Havia uma praça aqui. Era a Praça
da Matriz, onde namorados vinham após a missa da tarde.
Lá
embaixo, a estação. A velha Rede Mineira de Viação
e sua maria-fumaça, alegre e barulhenta. Quando dobrava a curva,
apitava aflita e resfolegando afoita se aproximava. Esperá-la
era uma festa. Vinha gente em busca de novidades, à espera
de notícias, curiosos para ver gente nova. Mais além,
a ponte grande e do outro lado do rio, uma casa de muitas janelas
e a capela de São José. No sul de Minas, talvez onde
o sul é mais bonito, ficava Fama. Fica ainda, mas não
é a mesma. Suas companheiras, Espera, Josino de Brito, Pontalete, Guapé,
São José da Barra e outros trinta municípios
tiveram a mesma sina. A Fama, poucos conheceram. Poucos que somente
dela têm a lembrança dos carnavais e férias, das
pescarias no rio Sapucaí.
A notícia correu logo. Furnas
entraria em funcionamento e a água viria. Desapareceriam o
rio, as casas, a estação. Iria a água, talvez, até a igreja. Não foi fácil
acreditar.
Mas uma manhã cinzenta anunciou um dia a última
viagem da maria-fumaça. Apitava o trem, uma, duas, três,
dez vezes. Um apito doído de tristezas e saudade. Alguns ficaram
até o último instante quando a água já
beirava as suas portas. Muitos perderam tudo e todos perderam muito.
A Fama de agora foi construída atrás da igreja e a água
sem fim chegou mesmo quase até ela. O rio Sapucaí é
hoje um lago quieto, soturno. Guardam aqueles dezessete metros de
água só uma cidadezinha morta, sem passado, sem história,
sem memória. Ah, represa de Furnas... Não foram por
água abaixo apenas algumas cidades do sul de Minas. Afogaram
com ela todas as tardes, todas as lembranças, nossas saudades,
os risos, vozes queridas. Quem não conheceu a Fama antiga acha
lindo este mundo de água. Nós não. Para nós
este lago é só uma imensa lápide de uma cidade
que amávamos. Lápide escura, sem nome, data, inscrição
e
flores" (Isa Musa de Noronha, Uma Vida na Linha, 2005).
ACIMA: Horário dos barcos que partiam de
Fama até Cerrito, em fevereiro de 1932 (Guia Levi).
ACIMA: Mapa da região, com as estações ferroviárias e portos (Provavelmente dos anos 1940).
ACIMA: Mais de quarenta anos depois, o piso hidráulico
da estação ainda aparece no meio das ruínas,
a céu aberto em época de seca na represa (Foto Rômulo
Fávero, Kilder Márcio e Valter Moraes, 29/12/2012).
(Fontes: Rômulo Fávero, 2012; Kilder Márcio; Valter Moraes;
O Estado de S. Paulo, 1907; Max Vasconcellos: Vias Brasileiras de
Comunicação, 1928; Isa Musa de Noronha: Uma Vida na
Linha, 2005; Guia Geral de Estradas de Ferro do Brasil, 1960; Guia
Levi) |
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A estação de Fama, sem data. Acervo Isa Musa de
Noronha |
Restos da estação em 29/12/2012. Foto Rômulo Fávero,
Valter Moraes e e Kilder Márcio |
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Atualização:
20.11.2022
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