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E. F. Minas e Rio
(1884-1910)
Rede Sul-Mineira (1910-1931)
Rede Mineira de Viação (1931-1965)
V. F. Centro-Oeste (1965-1975)
RFFSA (1975-1996) |
FREITAS
Município de Soledade de Minas, MG |
Linha Cruzeiro-Juréia - km 106,137
(1960) |
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MG-1322 |
Altitude: 860 m |
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Inauguração: 14.06.1884 |
Uso atual: moradia (2013) |
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com trilhos |
Data de construção do
prédio atual: n/d |
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HISTORICO DA LINHA: A linha Cruzeiro-Tuiuti
(depois Juréia) era originalmente parte da E.F. Muzambinho,
que iniciou as atividades em 1887, entre Três Corações
e Muzambinho, e parte da E. F. Minas e Rio, que operava o trecho Cruzeiro-Três
Corações desde 1884, e que em 1908 incorporou a Muzambinho.
Em 1910, esta foi uma das formadoras da Rede Sul-Mineira, que por
sua vez formou a Rede Mineira de Viação, em 1931. Em
1965 esta formou a Viação Férrea Centro Oeste
e foi finalmente transformada em divisão da Refesa em 1971.
Na linha que unia a estação de Cruzeiro, no ramal de
São Paulo da EFCB, a Juréia, terminal do ramal de Juréia,
da Mogiana, o trecho final entre esta estação e Varginha
já não tem mais seus trilhos. Os trens de passageiros
foram suprimidos em 1966 entre Varginha e Juréia e em 1983
entre Cruzeiro e Três Corações. De 1997 ao fim
de 2001, operaram trens turísticos da ABPF a vapor entre Cruzeiro
e Passa-Quatro e hoje esses trens trafegam entre o túnel (Estação
Cel. Fulgencio) e Soledade de Minas. Cargueiros da FCA utilizaram
a linha Três Corações-Varginha até cerca
de 2010. |
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A ESTAÇÃO: Da estação de
Freitas, inaugurada em 1884, saía o ramal de Campanha,
que levava à cidade do mesmo nome e, depois pelo ramal de
São Gonçalo, para a cidade de São Gonçalo
do Sapucaí. Ambos os ramais eram operados no seu início
pela E. F. Muzambinho.
"Tomando a estrada de
terra junto ao Restaurante Varandão, na Rodovia Vital Brazil, depois
de 8 km na estradinha de terra precária, mas carroçável, chegamos
até Freitas. A vilazinha hoje não tem mais que 10 casas, algumas abandonadas,
e um laticínio também fechado. Funcionando mesmo apenas uma venda,
com parcas prateleiras apinhadas de vazios entre os raros produtos
à venda. No passado deve ter sido mais importante, devido ao movimento
da linha e do ramal de Campanha, que ali se entroncava. Os trilhos
ainda estão por lá, junto da velha estação transformada em moradia,
e talvez por isso mesmo até que razoavelmente
preservada. A caixa dágua também resiste, assim como a vontade
do morador em que a ferrovia volte a correr por ali. Segundo
ele, os responsáveis pela operação da ABPF em São Lourenço,
ali pertinho, planejam a extensão do passeio, o que injetaria
um pouco de vida no lugarejo. Também ali perto, ficam
os restos da ponte ferroviária sobre o rio Verde, apenas as
cabeceiras de pedra, pois um antigo político demoliu
a ponte e usou os materiais como doação a amigos, como contou
o dono da venda. O escárnio do destino não tardou. A ponte
rodoviária, construída bem depois, hoje está ameaçada de ruir,
por defeitos estruturais, sendo a passagem por ela limitada
a veículos de baixo peso" (Douglas
Razaboni, 07/2004).
Segundo Décio Marques, que também esteve por ali em 2003,
a partir desta estação era impossível seguir
os trilhos a pé, de tanto mato que existia.
Em 2013, a estação
ainda estava de pé: "A estação não mudou muito em relação
ao registro anterior de 2004, mas o comércio se encontra fechado e
a ponte ruída, desabada, como já prenunciado anteriormente, ou seja,
um lugar que já teve sua importância, pela localização estratégica
naquela ferrovia, hoje virou um lugarejo fantasma. Verificamos que,
ao serem extintos ramais, linhas, estações etc., extingue-se também
a maioria das localidades por onde passava a estrada" (Luiz
Antonio Mathias Netto, 31/7/2013).
ACIMA: Na plataforma da estação de Freitas,
a excursão de alunos do Ginásio Diocesano São João, de Campanha, espera
o trem para Cruzeiro em julho de 1961 (Foto Fernando Villamarim).
"Em
Freitas (nós, que vínhamos de Campanha), ficávamos
esperando o trem que vinha de Varginha, via Três Corações e
Conceição do Rio Verde, com 4 carros, incluindo o carro restaurante.
Só era possível ir ao carro restaurante nas paradas, pois não
havia como passar de um vagão para outro nos trens da RMV. O
trem que chegasse primeiro, de Campanha ou de Varginha, ficava
esperando o outro em Freitas. Os vagões de Campanha eram engatados
na traseira dos vagões de Varginha e o trem seguia para Soledade
de Minas. Em Soledade, importante entroncamento, os vagões da
linha da Barra, que vinham de Baependi e Caxambu, eram engatados
na traseira do trem que vinha de Freitas, e a composição seguia
para São Lourenço e depois para Cruzeiro. Na volta, esperávamos
em São Lourenço o trem que vinha de Cruzeiro sempre cheio de
passageiros, chamados de veranistas, cujos destinos principais
eram as estâncias de água mineral do Sul de Minas. Íamos para
a estação de charrete. A estação de São Lourenço tinha grande
movimento e ficava repleta de passageiros e de acompanhantes.
Localizado o vagão de Campanha, jogávamos as malas pela janela
para arranjar uma boa poltrona no lado esquerdo do vagão, pois
a vista era melhor. Então, seguíamos para Soledade, onde os
vagões para Baependi eram separados, e depois para Freitas,
onde o trem era novamente separado para Campanha e Varginha"
(Fernando Villamarim, julho de 2009, relatando uma excursão
de Campanha a Cruzeiro realizada em julho de 1961). |
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ACIMA: Abandono de tudo: a placa é totalmente inútil
e a linha está debaixo do mato em Freitas (Sem data - OMSI/Panoramio).
ACIMA: Quatro aspectos da vila ferroviária de Freitas e do rio Verde em 2021, muito próximo a ela (Foto Eduardo Lanna Malta, 8/3/2021)
(Fontes: Fernando Villamarim; Douglas Razzaboni; Luiz
Antonio Mathias Netto; Hugo Caramuru; João P. Barbosa Filho;
Décio Marques; Guia Geral das Estradas de Ferro do Brasil,
1960; Guias Levi, 1932-80) |
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Atualização:
10.03.2021
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