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E. F. Muzambinho
(1908-1910)
E. F. Minas e Rio (1908-1910)
Rede Sul-Mineira (1910-1931)
Rede Mineira de Viação (1931-1964) |
MOVIMENTO
(antiga DR. JOÃO PINHEIRO)
Município de Areado, MG |
Linha Cruzeiro-Juréia -
km 331,153 (1960) |
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MG-0539 |
Altitude: 762 m |
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Inauguração: 04.12.1908 |
Uso atual: demolida |
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sem trilhos |
Data de construção do
prédio atual: n/d (já demolido) |
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HISTORICO DA LINHA: A
linha Cruzeiro-Tuiuti (depois Juréia) era originalmente parte
da E.F. Muzambinho, que iniciou as atividades em 1887, entre Três
Corações e Muzambinho, e parte da E. F. Minas e Rio,
que operava o trecho Cruzeiro-Três Corações desde
1884, e que em 1908 incorporou a Muzambinho. Em 1910, esta foi uma
das formadoras da Rede Sul-Mineira, que por sua vez formou a Rede
Mineira de Viação, em 1931. Em 1965 esta formou a Viação
Férrea Centro Oeste e foi finalmente transformada em divisão
da Refesa em 1971. Na linha que unia a estação de Cruzeiro,
no ramal de São Paulo da EFCB, a Juréia, terminal do
ramal de Juréia, da Mogiana, o trecho final entre esta estação
e Varginha já não tem mais seus trilhos. Os trens de
passageiros foram suprimidos em 1966 entre Varginha e Juréia
e em 1983 entre Cruzeiro e Três Corações. De 1997
ao fim de 2001, operaram trens turísticos da ABPF a vapor entre
Cruzeiro e Passa-Quatro e hoje esses trens trafegam entre o túnel
(Estação Cel. Fulgencio) e Soledade de Minas. Cargueiros
da FCA utilizaram a linha Três Corações-Varginha
até cerca de 2010. |
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A ESTAÇÃO: A estação
de Dr. João Pinheiro foi inaugurada em 1908.
Foi renomeada posteriormente para Movimento devido à
existência de duas homônimas na época, uma na E.
F. Oeste de Minas e outra na E. F. Leopoldina.
Em 1966, a estação foi desativada, com o fim dos trens
de passageiros e supressão da linha nessa região (trecho
Varginha-Juréia) devido à construção
da represa de Furnas, que inundaria boa parte da área.
"A estação de Movimento foi implantada juntamente com o trecho
Tuiuti (Juréia)-Três Corações, por volta de 1909. Era através dessa
estação que os produtos rurais da região, que abrange os municípios
de Alterosa, Conceição Aparecida e Carmo do Rio Claro, eram despachados
para a região e para os estados de São Paulo e Rio de Janeiro: galinhas,
gado, porcos, café, milho, creme de leite, rapadura, queijos, fumo,
entre outros. Da mesma forma, recebia as encomendas para atender à
demanda comercial local e da região - alimentos, tecidos, bebidas,
calçados, ferramentas, sementes, medicamentos, querosene, entre outros
bens de consumo da época. O nome dado à estação certamente
decorreu do dinamismo comercial da região incrementado pela ferrovia.
A estação, além dos trens cargueiros, oferecia seis horários diários
de trens de passageiros: três para Juréia e outros três para Três
Corações, nos seguintes horários: às 06:00 hs descia o trem de passageiros
para Três Corações; às 12:00 hs subia o misto, chamado de "almofadinha",
para Juréia; às 15:00 hs retornava outro misto para Três Corações;
às 19:30 hs subia o de passageiros para Juréia. Quanto ao núcleo que
recebeu o mesmo nome da estação, era um aglomerado de casas marginais
à via férrea e ao longo da estrada rodoviária, que interligava Alterosa
com Areado. Movimento era uma grande família identificada pelos sobrenomes:
Cabral, Coelho, Moreira, Nogueira, Silva e Pio da Silva. A estação
era o ponto de encontro familiar preferido da comunidade. Passear
na estação nos horários dos trens de passageiros, em especial aos
sábados e domingos, era a atração principal e só perdia, em termos
de freqüência, para as festas da Igreja Católica local, dedicada a
Santa Luzia.
Era na estação, após a passagem do trem das 19:30 hs, que geralmente
se decidia o local onde seria a "brincadeira" (encontro dançante,
embalado ao som de violão, violino e pandeiro), realizada nas residências
e até mesmo no armazém da estação. Às vezes se usava o trólei
manual da ferrovia para o transporte de instrumentos, músicos e dos
participantes até o local da "brincadeira". Por conta dessa animação,
do ambiente constantemente festivo e da capacidade de improviso da
comunidade, Movimento ficou famosa e marcou época. Em meados da década
de 1950, com a veiculação da notícia de que o lago de Furnas iria
inundar grande parte de região, embora muitos dos proprietários locais
não acreditassem, teve início o processo de declínio do núcleo, que
foi acelerado com a conseqüente redução do movimento da ferrovia,
cuja desativação já estava decretada e ocorreu no início da década
de 1960. Do que foi o "Movimento" de quem o conheceu no auge, hoje
resta a Igreja de Santa Luzia, o sobrado dos Moreira, uma ou outra
moradia que a água não atingiu, o leito da linha, pilares de pontes,
a base do embarcadouro de porcos, a plataforma da estação, as lembranças
e a saudade de um lugar e de um tempo que não voltam mais. A foto
(abaixo) mostra parte da estação e da linha, tendo à esquerda o início
do triângulo (linha usada para inverter o sentido das máquinas à vapor).
Essa foto foi tirada num domingo à tarde e mostra as irmãs Anézia
e Enedina e o irmão Darcy Pio da Silva com amigas, em seus melhores
trajes, aguardando o trem misto das 15:00 hs passar" (Amauri
da Silva Moreira, 05/2003).
O velho sobrado dos Moreira foi restaurado, mas a estação
foi mesmo demolida. Simão Rosa Franco cita que o restauro
teria sido feito na estação, mas era o sobrado, mesmo.
Na verdade, o prédio da estação já foi
demolido.
1925
AO LADO: Explosão de locomotiva
próximo à estação (O Estado de
S. Paulo, 16/2/1925).
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ACIMA: O sobrado dos Moreiras (também
conhecido como "casarão do Tio João"), próximo
à estação de Movimento, em foto antiga e atual
(Fotos: acervo Thiago Cerucci). ABAIXO: Pode-se observar no
centro o Sobrado dos Moreira e à esquerda, a estação de Movimento.
(Foto cedida por Luiz Fernando Ribeiro de Lima - Faz. Movimento).
ACIMA: No mapa, no canto esquerdo superior,
a estação de Engenheiro Trompowski.
(Fontes: Luiz Fernando Ribeiro
de Lima; Amauri da Silva Moreira; Thiago Cerucci; Amauri da
Silva Moreira; Annuário Estatístico Illustrado do Estado de Minas
Gerais, ano 1911 - pgs 170; 188 e 271; Guia Geral das Estações
Ferroviárias do Brasil, 1960) |
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Estação de Movimento, 1940. Foto de Neuza Maria
Macedo, cedida por Amauri da Silva Moreira |
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Atualização:
25.11.2017
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