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Rede Sul-Mineira
(1930-1931)
Rede Mineira de Viação (1931-1965)
V. F. Centro-Oeste (1965-1966) |
SÃO
GONÇALO DO SAPUCAÍ
Município de São Gonçalo
do Sapucaí, MG |
Ramal de São Gonçalo
- km 223,034 (1960) |
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MG-2764 |
Altitude: 840 m |
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Inauguração: 26.08.1930 |
Uso atual: demolida entre 1967 e 1970 |
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sem trilhos |
Data de construção do
prédio atual: n/d |
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HISTORICO DA LINHA: O
ramal de Campanha foi construído pela E. F. Muzambinho entre
1894 e 1895, saindo de Freitas, na então Minas e Rio, e atingindo
Campanha. Em 1930 foi construído outro curto ramal, o de São
Gonçalo, ligando Campanha a esta cidade. Mais tarde ambos foram
unificados. Os dois foram extintos em 17/12/1966, porém, segundo
outras fontes, na prática pelo menos o trecho do ramal de São
Gonçalo teria sido fechado já em 1964. |
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A ESTAÇÃO: A estação
de São Gonçalo, mais tarde São Gonçalo
do Sapucaí, foi aberta pela Rede Sul-Mineira em 1930. Entretanto,
outras fontes citam a abertura do ramal como sendo na mesma época
do de Campanha.
Há fontes que falam de uma linha de bondes elétricos
que ligava Campanha à cidade, tendo sido aberta em 14/07/1913,
pela empresa anglo-francesa "Companhia Xicão Conquist
Gold Limited", no princípio ligando Campanha
ao rio Palmela, e, em 1918, já havia chegado à
cidade de São Gonçalo, depois de passar por uma
estação de nome Santa Rita, que, pelo menos aparentmente,
não seria a posterior Dom Ferrão, única
estação da linha da RMV. Em 1926, ainda existiria. E
embora pelo menos três fontes da época citem tração
elétrica para o bondinho, não se tem certeza se ela
realmente existiu, sendo que alguns citam tração animal
para ele - estranho, quando se vê que a distância
entre as duas cidades era bastante significativa. Não se sabe
se a linha foi extinta quando a Rede Sul-Mineira inaugurou sua linha
de trens em 1930.
Em 1931 foi criado um trem expresso para a cidade (ver caixa abaixo).
O depoimento de Carlos Augusto Leite
Pereira, quanto ao bonde e à linha da RMV, é bastante
significativo: "Meu pai conta que quando tinha 12 anos de
idade (1918) ele andava na prancha que havia sobrado do bondinho puxado
a burro que ligou São Gonçalo do Sapucaí a Campanha, utilizando
um varejão. A linha do extinto bondinho cortava a chácara de sua irmã
mais velha. Se o bonde fosse elétrico um garoto de 12 anos não teria
força para empurrar a prancha. Portanto, em 1918 o bonde já estava
extinto, e o trem ainda não existia, até porque, se existisse, a família
de meu pai não usaria o vaporzinho até Porto Sapucaí em 1920. Ainda
segundo ele, na década de 1920, fazendeiros de São Gonçalo
constituíram uma empresa para construir o ramal até Campanha. Os trabalhos
às 22 horas, mas sempre atrasava uma ou duas horas. Na plataforma
havia apenas policiais militares mineiros que viajavam de trem, pois
tinham passe livre. A RMV usava lenha em suas locomotivas a vapor,
e para que a lenha queimasse bem era injetado óleo combustível na
fornalha, causando uma grande labareda. Um dia chegou, durante o dia,
uma locomotiva puxando um vagão gaiola para buscar um touro. Nesse
dia eu pude ver, pela primeira vez em minha vida, uma locomotiva ser
virada no virador. Quando voltei lá, em junho de 1962, durante o dia
apareceu uma locomotiva empurrando um vagão prancha com uma turma
de trabalhadores que limpou o mato da estação. Em junho de 1964, quando
voltei pela segunda vez, a estação estava fechada. Segundo minha tia,
'os engenheiros vieram num carro de linha e levaram o telégrafo'.
Portanto a linha foi extinta em 1964 e não em 1966".
A estação foi infelizmente demolida na segunda gestão
do prefeito Dr. Ibrahim de Carvalho, que durou de 1967 a 1970.
"Os ladrilhos que pertenciam à antiga estação foram reaproveitados,
e ainda existem entre nós. Estes ricos ladrilhos coloridos compõem
um mural com o mapa do Brasil e a insígnia do Rotary Clube. Até meados
de 1990 o mural era utilizado para cerimônias cívicas". (Karol
Arimateyah, 2015).
"Prezado, primeiramente parabenizá-lo por manter vida a memória da ferrovia de minha cidade natal. À época frequentei a cidade e ainda estava por lá cursando o ginasial, que terminei em 1966.
A extinção do ramal ocorreu em 1964 e o arrancamento dos trilhos, posteriormente. Havia um pontilhão sobre o córrego, que nós, garotos, gostávamos de atravessar pelo prazer natural de correr perigo, próprio da idade. A estrutura de virar a máquina do trem, para volta a Campanha, em minhas lembranças e de outros do mesmo tempo situava-se do mesmo lado da estação e não em terreno oposto, mesmo por que, ali já tinha sido construída em 1960 a Agência da marca Volkswagen, sob o nome de Spagolla e Prado Ltda. (José Newton Noronha Almeida, abril de 2019)".
ACIMA: O precaríssimo bonde a burro da linha São Gonçalo-Campanha (Autor desconhecido, época provável: 1910-1920).
ACIMA: Mapa dos anos 1920 que mostra
a linha da então Sul-Mineira vindo por Cambuquira até
Campanha e dali, uma linha de bondes que seguia até São
Gonçalo. Essa linha foi substituída por uma linha férrea
em 1930 (Cessão Allen Morrison).
1924
AO LADO: Ligação entre Campanha e São
Gonçalo (O Estado de S. Paulo, 4/1/1924).
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1931
AO LADO: Trem expresso para São Gonçalo
(O Estado de S. Paulo, 27/5/1931).
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1956
AO LADO: Mapa do ramal de Campanha.
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ABAIXO: A praça e a estação, antes
de sua demolição (anos 1960) (Autor desconhecido.
Cessão Karol Arimateyah).
"Impossível não ficar saudosista com
os relatos de quem viu e ouviu o apito do trem. Eu tive este
privilégio por ser de São Gonçalo do Sapucaí, ramal da RMV
(jocosamente a "ruim mas vai"), exatamente o fim da linha.
Virar o trem no girador para voltar para a Campanha era rotina
diária, porém, não me lembro de tê-la assistido"
(José Newton Noronha, 24/1/2013).
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"Conheci muito bem São Gonçalo do
Sapucaí durante as décadas de 1960 e 1970. O
girador ficava onde hoje é o correio mas do lado oposto, em
relação à estação, onde foi construído um posto de gasolina,
em frente da antiga concessionária Volkswagen, que ficava
na esquina da rua Antônio Neder (antiga S.José) com a Osório
Avelar (antiga rua do Bonde). O trem chegava na cidade por
onde hoje é a Avenida Tancredo Neves que foi aberta nos terrenos
da ferrovia, passava ao lado da Santa Casa e seguia pela atual
rua Alvarenga Peixoto e, depois de passar por uma "ponte preta"
que havia sobre o "córrego do Feijão", entrava na rua de S.José
atravessando-a em diagonal e entrando no pátio da estação
cuja frente ficava na praça coronel Alberto Siqueira. O trilho
principal continuava por mais um quarteirão, atravessando
a rua Antonio Carlos e terminando em um curral, todo de aço,
que já estava abandonado em 1961 e que deve ter sido usado
para o embarque de gado. A plataforma da estação e o girador
ficavam em uma linha paralela à linha principal" (Carlos
Augusto Leite Pereira, 24/1/2016).
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(Fontes: Karol
Arimateyah; Carlos Augusto Leite Pereira; Allen Morrison;
Marco Giffoni; Guia Geral das Estradas de Ferro do Brasil,
1960) |
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A inauguração da estação e do ramal
de São Gonçalo, em 1930. Acervo Allen Morrison |
A estação, em 1935. Foto cedida por Marco Giffoni |
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Atualização:
09.07.2020
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