Trem da Linha de São Francisco
(Santa Catarina)

 

E. F. São Paulo-Rio Grande (1906-42); RVPSC (1942-75); RFFSA (1975-91)

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Nota: As informações contidas nesta página foram coletadas em fontes diversas, mas principalmente por entrevistas e relatórios de pessoas que viveram a época. Portanto é possível que existam informações contraditórias e mesmo errôneas, porém muitas vezes a verdade depende da época em que foi relatada. A ferrovia em seus 150 anos de existência no Brasil se alterava constantemente, o mesmo acontecendo com horários, composições e trajetos (o autor).

A linha do São Francisco, ligando a cidade de Porto União ao porto de São Francisco, corre toda ela dentro do Estado de Santa Catarina acompanhando o rio Iguaçu, o rio Negro e descendo a serra do Mar até encontrar o litoral norte catarinense na região de Joinville e em seguida o porto de São Francisco, começou a ser construída na peimeira metade da primeira década do século XX.

Iniciada pela E. F. Dona Francisca, da qual se tem poucas informações, teve o primeiro trecho entregue em 1906 entre Joinville e São Francisco. Encampada pela E. F. São Paulo-Rio Grande, foi prolongada em 1910 até Hansa (hoje Curupá) e depois em 1913 até Três Barras, pouco após o entroncamento com a cidade de Rio Negro (PR), mas na parte sul desta cidade, que veio a ser quatro anos mais tarde a cidade de Mafra. Em 1917, chegou finalmente a Porto União, onde se encontrava com a linha Itararé-Uruguai.

Percurso: São Francisco do Sul-Porto União

Trens de passageiros:
De 1906 a 1910, São Francisco-Joinville; até 1913, São Francisco-Curupá; até 1917, São Francisco-Três Barras; e até 1983, São Francisco-Porto União.

De 1983 a 1991, somente correram trens (litorinas) entre São Francisco do Sul e Curupá. Em janeiro de 1991, estes também foram suspensos. Desde então, não há trens de passageiros na linha, que segue sendo ocupada somente por cargueiros entre Mafra e São Francisco do Sul.

O trecho entre Mafra e Porto União está abandonado desde 1997, sendo conservado precariamente pela ALL, atual concessionária do trecho.

Há um trem turístico puxado por locomotivas diesels da concessionária do trecho em alguns fins de semana entre Rio Negrinho em Rio Natal, patrocinado pela ABPF. Em 2015 ainda está funcionando.

"Nos anos 1930, o trem a vapor que ia de Porto União para Mafra e São Francisco era chamado de "trem bananeiro". Nas estações, as paradas permitiam um café com sonhos bolinhos de graxa. Em Marcílio Dias, um restaurante ferroviário, o almoço, o café... Em Mafra, o trem era dividido e alguns carros iriam para Curitiba, outros para São Francisco. O bananeiro era um trem misto. Atrelados aos carros de passageiros iam também 2 ou 3 vagões-gaiola até São Francisco. Nesta estação, esses vagões eram desinfetados com um banho de cal e, em seguida, forrados com folhas de bananeira. Aí, eram carregados com cachos de banana, que seguiriam para o Rio Grande do Sul, e urgente, pois a banana amadurece rápido. Por isso, seguiam junto com os carros de passageiros. No retorno, juntava-se ao Bananeiro, em Mafra, vindo de Curitiba, o P-13. Sempre as mesmas paradas, as mesmas guloseimas nas estações. E, às vezes, uma parada para jogar água na caixa de graxa da roda do truque do tênder. Em Valões, o Bananeiro entrava na estação apitando de modo diferente. É domingo, dia de passeio do povo, dos namorados, dos noivos, até dos casados, pelos trilhos enquanto aguardam a chegada do trem. Continuava a locomotiva 310, agora devorando a escuridão com seu potente farol. Ao longe, as luzes de Porto União. Mais uns quilômetros, mais alguns minutos... Toda a cidade vive aquele momento, noite após noite. Está chegando o Bananeiro! Próximo à estação, um garoto na janela de sua casa saúda o maquinista. É "o garoto da ponte". Chega o "Bananeiro" na estação às 9:20h da noite, no horário!" (Relato recebido sem seu autor).


ACIMA-ESQUERDA: Ponte sobre o rio Preto, no km 389 da ferrovia. ABAIXO: Ponte sobre o rio Paciência, próximo à estação ferroviária do mesmo nome (Fotos Arthur Wischral, provavelmente anos 1930). ACIMA-DIREITA: Passagem de trem de Jaraguá do Sul a Rio Negrinho, já dos tempos da RFFSA.


ACIMA: Litorina em Jaraguá do Sul (Autor não identificado. Data: provavelmente anos 1980).