Subúrbios de Belo Horizonte (1):
BH - Rio Acima
(Minas Gerais)

 

Central do Brasil
(1950-1975)
RFFSA/CBTU (1975-anos 1990)

Bitola: métrica.


Acima, a estação de Rio Acima, em 2005, até meados dos anos 1990, ponto terminal dos suburbios da bitola métrica de Belo Horizonte. Abaixo, a estação de Raposos, em 2003 (Fotos Gutierrez L. Coelho).


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Nota: As informações contidas nesta página foram coletadas em fontes diversas, mas principalmente por entrevistas e relatórios de pessoas que viveram a época. Portanto é possível que existam informações contraditórias e mesmo errôneas, porém muitas vezes a verdade depende da época em que foi relatada. A ferrovia em seus 150 anos de existência no Brasil se alterava constantemente, o mesmo acontecendo com horários, composições e trajetos (o autor).

Trens metropolitanos de passageiros operado pela Central e mais tarde pela Rede Ferroviária Federal e ainda pela CBTU, entre os anos 1950 e 1996, ligando a estação de Belo Horizonte a diversas estações e cidades no seu entorno, e que variaram de percurso de acordo com a época e mesmo com as linhas, da Central e da RMV, que foram se alterando ou se juntando com o tempo ao redor e dentro da cidade. Algumas linhas trafegavam em bitola larga, outras na métrica e com o tempo, em ambas, com a implantação da bitola mista em alguns desses trechos. Finalmente, com a chegada do chamado Demetrô, nos anos 1990, passaram a ser chamados de metrôs, tendo sido as velhas estações abandonadas ou demolidas e substituídas por estações modernas e linhas totalmente novas, que não substituíram as "velhas", em parte ainda usadas pelos cargueiros que passam pela região em grande número. Um desses trens de subúrbio - nome "antigo" dos trens metropolitanos - foi o que seguia para Rio Acima, cidade da área metropolitana de BH.

Percurso: Belo Horizonte - Rio Acima, via ramal de Belo Horizonte (BH-General Carneiro) e Linha do Centro, ao sul, chegando em épocas mais remotas até Lafaiette.
Origem da linha:

A linha do Centro, que tinha bitola mista a partir de Lafaiete (do Rio de Janeiro até ali era larga) e dali para o norte bitola mista até Esperança e para a frente, apenas métrica, foi aberta, a partir de Lafaiete, pela E. F. Dom Pedro II e depois Central do Brasil, de 1883 até 1895, quando atingiu General Carneiro dali lançando o ramal à cidade de Minas (Belo Horizonte) no mesmo ano.

Bilhete de subúrbio da linha BH-Rio acima, em 1980 (Acervo desconhecido).

Comentários: A definição de trens de subúrbio, ou metropolitanos, não é tão precisa para que se possa afirmar realmente quando começou o serviço de trens de subúrbio que ligou a estação de Belo Horizonte à de Rio Acima. O fato é que, segundo os guias, em 1932 havia três trens diários de BH para Lafaiette, numa extensão até comprida para um subúrbio, de cerca de quase 150 quilômetros. Poderia ser este considerado um subúrbio? Era um trem parador, que parava em todas as estações intermediárias, incluindo Rio Acima, havendo ainda 5 trens para Raposos e um para General Carneiro. O fato é que, ainda a se acreditar nos guias, o trajeto até 1960 variou muito, com trens indo até Raposos, até Sabará, ou até Siderúrgica (já no ramal de Nova Era), chegando a sete-oito trens diários com diferentes percursos, mas não mais atingindo Rio Acima, que ficava duas estações acima de Raposos. A estação, então, somente era atingida por trens de longo percurso que paravam na estação com poucos horários diários. Somente no final dos anos 1950 voltam os trens para Rio Acima, e para ficar, até 1996, quando veio a privatização. A Revista Ferrovia no. 66, de mai/jun de 1979, conta sobre uma das modernizações (talvez a única) ocorrida nesse ano: "A Superintendência Regional da RFFSA em Belo Horizonte colocou recentemente em tráfego modernos e confortáveis carros de subúrbio, na linha BH-Rio Acima. São vagões (sic) de passageiros, construídos pela indústria nacional, totalmente de aço, com janelas de estrutura de aço e com vidros blindados. O transporte de passageiros na Região Metropolitana de Belo Horizonte era feito em carros de madeira, de estrutura mista. Outra medida foi a da total revisão de horários e do aumento de trens nos horários de maior afluência, visando atender melhor à demanda crescente desse tipo de transporte. Procurou-se, também, melhorar o aspecto e a limpeza dos carros existentes, assim como das estações. Com a entrada em circulação dos novos carros, a Regional espera aumentar a sua capacidade de transporte de passageiros, (de 3.000 por dia) atingindo até o final do corrente ano (1979) a meta de 11 mil passageiros por dia. (...) No trecho BH-Rio Acima, incluindo-se os domingos, a circulação é de 14 composições por dia." O trem de subúrbio mineiro chegou a conviver com o metrô, e a estação do Horto, por exemplo, era uma das estações escolhidas para se fazer conezão entre as linhas dos dois sistemas. Em 1o de setembro de 1996, Rio Acima foi "tirada do mapa" dos trens de subúrbio e de passageiros em geral, tanto que a estação

Trem de subúrbio com carros Pidner na estação de Rio Acima, anos 1990 (Foto José E. Buzelin). Abaixo, horário da linha, em 1970 (Guia Levi, janeiro de 1970).

hoje tem uso como museu ferroviário, estando até muito bem conservada. Como passavam por linhas jamais eletrificadas, esses trens eram puxados inicialmente por locomotivas a vapor e, mais tarde, por locomotivas Diesel, como se vê na foto acima.