Trem de passageiros operado inicialmente pela E. F. Sapucaí e depois sucessivamente por outras (Rede Sul Mineira, Rede Mineira de Viação e Viação Férrea Centro-Oeste), até ser extinto, no início dos anos 1980, pela Rede Ferroviária Federal. Ligava as estações de Soledade de Minas, na linha Cruzeiro a Juréia, a Sapucaí, vilarejo próximo à divisa com o Estado de São Paulo, onde chegava o ramal de Itapira, da Mogiana. O trem de passageiros parou no início dos anos 1980.


ACIMA: velho bilhete dos trens de passageiros de segunda classe no ramal de Sapucaí, no trecho Itajubá-Jacutinga. Abaixo, bilhete do trem misto, entre Ouro Fino e Sapucaí. Ambos sem data (provavelmente anos 1970) (Acervo desconhecido).

ACIMA: em 1941, o trajeto Soledade (à direita, no alto) a Sapucaí (à esquerda, divisa com São Paulo
e erradamente colocado no mapa em território paulista), onde a linha encontrava o ramal de Itapira,
da Mogiana. Note que existiam dois pequenos ramais partindo de Itajubá e Piranguinho, ambos
desativados nos anos 1960 (Guia Levi, 1941 - Acervo Ralph M. Giesbrecht).

No início da operação dos trens de passageiros no ramal, e até os anos 1960, os trens seguiam direto de Soledade para Sapucaí, onde se fazia baldeação para os

ACIMA: (esquerda) Os maus serviços da V. F. Sapucaí em 1911 também se mostravam na estação de Ouro Fino (O Estado de S. Paulo, 25/12/1911). (direita): Ainda junto à estação original de Itajubá, provavelmente em foto dos anos 1920, o trem de passageiros do ramal de Sapucaí (Acervo Carlos R. Almeida).

trens da Mogiana se o destino fosse Itapira, Mogi-Mirim ou mesmo Campinas ou São Paulo. "Meu avô conta que, em Santa Rita do Sapucaí, cidade onde nasceu e cresceu, a diversão nas décadas de 30 e 40 era ver o trem passar. Durante a revolução de 32, uma multidão se aglomerava na estação para ver as tropas mineiras em direção a São Paulo e, na volta, o trem com prisioneiros paulistas. Quando o trem de prisioneiros parava na estação, sempre as pessoas se aproximavam, levando algum tipo de mantimento e aproveitando para perguntar de algum amigo ou parente "do lado de lá". A oportunidade que mais atraiu gente para a estação, durante a revolução, foi a passagem do bispo de Pouso Alegre, preso. Durante toda a década de 30 e principalmente com o início da

ACIMA: Trem misto, provavelmente anos 1940, na linha de Sapucaí (Autor desconhecido).

Guerra, em 39, a diversão dele, então com 27 anos, era ir ao cinema e à noite ir para a estação, a fim de esperar os jornais que vinham no trem da noite. Lembra ainda que as opurtunidades que mais atraiam gente para a estação eram as chegadas de pracinhas, ao fim da guerra: um primo dele pracinha, assustou-se com a recepção, que incluía fogos de artifício - e antes do trem chegar à estação, pulou do carro, indo correndo se esconder em casa" (Renato Philippini, 03/2004). Nos anos 1970, já se havia de fazer baldeação com pernoite em Itajubá - o trem não seguia mais direto em todo o trecho. Em 1976, o final da operação de passageiros no ramal de Itapira fez com que o trem voltasse de Sapucaí sem baldeação alguma com a Mogiana. Por volta de 1978, o trem

ACIMA: um dos últimos trens de passageiros, puxado por uma G-12, no
ramal de Sapucaí, por volta de 1980 (Foto Alberto del Bianco).

de passageiros foi desativado - jamais consegui ter a data exata. "Lembro-me da primeira viagem até Santa Rita, ainda para prestar o vestibular para o Inatel. Logo na entrada da cidade, a velha estação chamou a atenção, pela data gravada em sua lateral. Como nas fotos mais antigas, colocaram a data no outro lado, após a restauração. Naquele já distante ano de 1982, lembro-me que havia vagões e algum movimento de locomotivas diesel, vermelhas, padrão RFFSA, no pátio, embora já nos estertores de erradicação" (Douglas Razaboni, 07/2003). Por volta de 1991, os trilhos foram retirados. Sobraram apenas trilhos na entrada de Pouso Alegre, onde um trem turístico operou por alguns anos esporadicamente por cerca de 2 quilômetros naquela região. Dizem que a origem dos famosos pés-de-moleque de Piranguinho, era que uma senhora esposa de um funcionário da rede fazia para vendê-los na estação do trem aos passageiros pelos moleques. "Meu saudoso pai possuia uma fazenda em Santa Rita do Sapucaí, que fazia divisa com o terreno que pertencia à ferrovia, e que por sinal foi doado pelo meu avô por volta de 1885. Tenho boas recordações de minha infância onde juntamente com meus pais e irmãos embarcávamos com destino a Santa Rita do Sapucai ou Pouso Alegre, isso na década de 1960 onde as 'locomotivas a vapor' ainda funcionavam. A estação ainda poderia estar de pé, se não fosse pela incompetência do prefeito, que num ato arbitrário, mandou demoli-la sob a alegação de que iria construir no local um centro de recreação para os moradores do lugarejo, fato este contestado pela ferrovia; o que sobrou foi só a plataforma" (Antonio Carlos Carlini Pereira, 11/2003).