Trem Guia Lopes
(São Paulo/Mato Grosso do Sul)

 

Noroeste / RFFSA
(anos 1950-anos 1980)

Bitola: métrica


Veja também:

Índice

Trens da Noroeste nos primórdios da linha

Trens da Noroeste numa era mais recente

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Nota: As informações contidas nesta página foram coletadas em fontes diversas, mas principalmente por entrevistas e relatórios de pessoas que viveram a época. Portanto é possível que existam informações contraditórias e mesmo errôneas, porém muitas vezes a verdade depende da época em que foi relatada. A ferrovia em seus 150 anos de existência no Brasil se alterava constantemente, o mesmo acontecendo com horários, composições e trajetos (o autor).

O Guia Lopes era uma das composições que trafegou na linha-tronco da Noroeste, o seu trem de luxo. Fazia apenas o percurso entre Bauru e Três Lagoas até os anos 1980, quando passou a chegar até Campo Grande. As informações passadas abaixo são até contraditórias em alguns pontos, mas baseiam-se em relatos de gente que viveu a época e chegou a andar por esses trens.

Percurso: Bauru - Três Lagoas (trecho paulista da linha-tronco da Noroeste do Brasil)
Origem da linha:
Bauru - Três Lagoas: 1906/1910.

O "Guia Lopes" Foi o primeiro trem de aço da NOB. "A cor dos carros era verde, isso me lembro bem. Possivelmente mais claro que a dos "Ouro Verde" da EFS, e as listas eram ou amarelas, ou creme, não me lembro mais" (Leonardo Blomfield). "Inicialmente era puxado por locomotivas a vapor, com carros de aço carbono, pintados de verde na carroceria e creme nas faixas e nomenclatura, depois com carros em revestimento de alumínio, que circularam entre 1968 a 1975; depois, os carros foram pintados na pintura da RFFSA. Depois os carros passaram a ser de aço inox, sem alumínio e sem pintura, com 04 carros, sendo 2 de primeira, 1 de segunda e 1 de restaurante, com nomenclaturas de metal (NOB e "Guia Lopes" ressaltadas que viajavam misturados com os carros de aço azul e branco da RFFSA" (José H. Bellorio).

Acima, o trem "Guia Lopes", da Noroeste, ainda em carros de aço-carbono (revista Brasil Constroi no.12 de 1954,, acervo Eduardo Coelho). Abaixo, carros da composição (Acervo Helder Ribas).

Abaixo, carro metálico do trem "Guia Lopes", da Noroeste, na estação de Bauru, SP, anos 1960 (Foto Leonardo Bloomfield).

Era comparado ao Trem R da Cia. Paulista, como sinônimo de trem de passageiro de luxo. Seu nome era uma homenagem ao militar que comandou o episódio da retirada da Laguna, durante a Guerra do Paraguai, que também recebeu a homenagem numa estação no município de Aquidauana/MS.


Acima e abaixo, o interior do "Guia Lopes" (Fotos da revista comemorativa da Noroeste, 1959).


Acima, características dos carros com revestimento de alumínio do "Guia Lopes" (Foto da revista comemorativa da Noroeste, 1959).
"Eu ainda tenho umas dúvidas sobre estes carros do Guia Lopes. Há tempos comprei a relação de plantas de carros da NOB do Centro Oeste. Caso alguém as tenha, vale lembrar que nela não há menção a estes carros de aço carbono verde do Guia Lopes.
Uma vez ouvi falar que estes carros na realidade eram emprestados ou alugados da Sorocabana. Como conheci bem a Noroeste, e viajei muito nela, arrisco dizer que os carros verdes permaneceram muito pouco tempo na Noroeste, talvez de 1955 a 1958. Em 1958/1959 ocorreu o recebimento, pela Noroeste, dos carros revestidos de alumínio, idêntico aos carros de aço carbono (primeira, segunda e restaurante). Em 1959 a Noroeste fabricou, para tentar uma uniformidade da composição, em suas oficinas, dois carros-correio bagagem, no estilo dos de madeira, porém revestidos de alumínio e ainda fez um restaurante, também ao estilo dos de madeira e revestido de alumínio, pois a Noroeste só possuia dois carros-restaurante revestidos de alumínio, com estilo mais moderno. Os primeiros carros de aço carbono da Noroeste foram aqueles azuis e branco RFFSA, fabricados a partir de 1975. Mesmo que os carros verdes tenham sido realmente da Noroeste, onde é que eles foram parar então? Teriam sido transferidos para outra ferrovia? Teriam sido da Sorocabana mesmo, e eles eram parecidos com o "Ouro Verde" da Sorocabana, pois não foi nos anos 50 que ele foi substituído pelos Budd 500? Teriam sofrido algum acidente no passado? Teriam eles sido reprovados no uso diário, devido às condições da linha na época, por serem mais pesados que os carros de madeira e então vendidos ou devolvidos à Sorocabana?
Outra informação que tenho era que ele fazia somente o trajeto Bauru-Três Lagoas. Quando viajava pela Noroeste, nos anos 1970, cheguei a observar o cruzamento deste trem com o que vinha de Mato Grosso. O encontro dos dois ocorria pela manhã. Isto indica que o trem deveria sair de Bauru no início da manhã e viajava durante todo o dia até Três Lagoas. No início dos anos 80, a Noroeste ampliou o trajeto dos seus trens, fazendo com que eles chegassem até Campo Grande. O horário não era dos melhores, pois ele chegava em Campo Grande por volta das 23:30 h e retornava para Bauru à 1:30 da manhã mais ou menos. Nesta época o "Guia Lopes" já não tinha mais a característica de trem de luxo, pois utilizava carros de alumínio, fabricados nas oficinas de Bauru, junto com carros de madeira, e continuava somente com carros de primeira, segunda e restaurante. Isto o diferenciava do trem do Pantanal, que, no final corria somente com carros de aço carbono azul e creme da RFFSA, com acomodações de primeira, segunda, restaurante e dormitório. A Noroeste foi um caso interessante no serviço de trens de passageiros, pois enquanto as demais ferrovias de bitola métrica foram aos poucos suprimindo o serviço, a Noroeste chegou a ampliá-lo com a extensão do trem Guia Lopes.
"Quando eu conheci o Guia Lopes, ele era chamado de "pezinho", saía de madrugada de Bauru e chegava a Campo Grande no fim do dia. O restaurante desse trem era desengatado e seguia para Ponta Porã. O restaurante que vinha de Ponta Porã era o que voltava para Bauru. Assim a equipe de restaurante (do Cláudio Amantini) fazia um percurso Bauru/C.Grande/P.Porã/C.Grande/ Bauru" (Fernando Marin, 02/2007).

Acima, o trem Guia Lopes, já com carros de aço inox, anos 1980 (Foto Alberto del Bianco).