O "Guia Lopes" Foi
o primeiro trem de aço da NOB. "A cor dos carros era
verde, isso me lembro bem. Possivelmente mais claro que a dos "Ouro
Verde" da EFS, e as listas eram ou amarelas, ou creme, não
me lembro mais" (Leonardo Blomfield). "Inicialmente
era puxado por locomotivas a vapor, com carros de aço carbono,
pintados de verde na carroceria e creme nas faixas e nomenclatura,
depois com carros em revestimento de alumínio, que circularam
entre 1968 a 1975; depois, os carros foram pintados na pintura da
RFFSA. Depois os carros passaram a ser de aço inox, sem alumínio
e sem pintura, com 04 carros, sendo 2 de primeira, 1 de segunda e
1 de restaurante, com nomenclaturas de metal (NOB e "Guia Lopes"
ressaltadas que viajavam misturados com os carros de aço azul
e branco da RFFSA" (José
H. Bellorio).
Acima, o trem "Guia Lopes",
da Noroeste, ainda em carros de aço-carbono (revista Brasil
Constroi no.12 de 1954,, acervo Eduardo Coelho). Abaixo, carros da
composição (Acervo Helder Ribas).
Abaixo, carro metálico
do trem "Guia Lopes", da Noroeste, na estação
de Bauru, SP, anos 1960 (Foto Leonardo Bloomfield).
Era comparado ao Trem R da Cia. Paulista,
como sinônimo de trem de passageiro de luxo. Seu nome
era uma homenagem ao militar que comandou o episódio da retirada
da Laguna, durante a Guerra do Paraguai, que também recebeu
a homenagem numa estação no município de Aquidauana/MS.
Acima e abaixo,
o interior do "Guia Lopes" (Fotos da revista comemorativa
da Noroeste, 1959).
Acima, características
dos carros com revestimento de alumínio do "Guia Lopes"
(Foto da revista comemorativa da Noroeste, 1959).
"Eu ainda
tenho umas dúvidas sobre estes carros do Guia Lopes. Há
tempos comprei a relação de plantas de carros da NOB
do Centro Oeste. Caso alguém as tenha, vale lembrar que nela
não há menção a estes carros de aço
carbono verde do Guia Lopes.
Uma vez ouvi falar que estes carros na realidade eram emprestados
ou alugados da Sorocabana. Como conheci bem a Noroeste, e viajei muito
nela, arrisco dizer que os carros verdes permaneceram muito pouco
tempo na Noroeste, talvez de 1955 a 1958. Em 1958/1959 ocorreu o recebimento,
pela Noroeste, dos carros revestidos de alumínio, idêntico
aos carros de aço carbono (primeira, segunda e restaurante).
Em 1959 a Noroeste fabricou, para tentar uma uniformidade da composição,
em suas oficinas, dois carros-correio bagagem, no estilo dos de madeira,
porém revestidos de alumínio e ainda fez um restaurante,
também ao estilo dos de madeira e revestido de alumínio,
pois a Noroeste só possuia dois carros-restaurante revestidos
de alumínio, com estilo mais moderno. Os primeiros carros de
aço carbono da Noroeste foram aqueles azuis e branco RFFSA,
fabricados a partir de 1975. Mesmo que os carros verdes tenham sido
realmente da Noroeste, onde é que eles foram parar então?
Teriam sido transferidos para outra ferrovia? Teriam sido da Sorocabana
mesmo, e eles eram parecidos com o "Ouro Verde" da Sorocabana,
pois não foi nos anos 50 que ele foi substituído pelos
Budd 500? Teriam sofrido algum acidente no passado? Teriam eles sido
reprovados no uso diário, devido às condições
da linha na época, por serem mais pesados que os carros de
madeira e então vendidos ou devolvidos à Sorocabana?
Outra informação que tenho era que ele fazia somente
o trajeto Bauru-Três Lagoas. Quando viajava pela Noroeste, nos
anos 1970, cheguei a observar o cruzamento deste trem com o que vinha
de Mato Grosso. O encontro dos dois ocorria pela manhã. Isto
indica que o trem deveria sair de Bauru no início da manhã
e viajava durante todo o dia até Três Lagoas. No início
dos anos 80, a Noroeste ampliou o trajeto dos seus trens, fazendo
com que eles chegassem até Campo Grande. O horário não
era dos melhores, pois ele chegava em Campo Grande por volta das 23:30
h e retornava para Bauru à 1:30 da manhã mais ou menos.
Nesta época o "Guia Lopes" já não tinha
mais a característica de trem de luxo, pois utilizava carros
de alumínio, fabricados nas oficinas de Bauru, junto com carros
de madeira, e continuava somente com carros de primeira, segunda e
restaurante. Isto o diferenciava do trem do Pantanal, que, no final
corria somente com carros de aço carbono azul e creme da RFFSA,
com acomodações de primeira, segunda, restaurante e
dormitório. A Noroeste foi um caso interessante no serviço
de trens de passageiros, pois enquanto as demais ferrovias de bitola
métrica foram aos poucos suprimindo o serviço, a Noroeste
chegou a ampliá-lo com a extensão do trem Guia Lopes.
"Quando eu conheci o
Guia Lopes, ele era chamado de "pezinho", saía de madrugada de Bauru
e chegava a Campo Grande no fim do dia. O restaurante desse trem era
desengatado e seguia para Ponta Porã. O restaurante que vinha de Ponta
Porã era o que voltava para Bauru. Assim a equipe de restaurante (do
Cláudio Amantini) fazia um percurso Bauru/C.Grande/P.Porã/C.Grande/
Bauru" (Fernando Marin, 02/2007).
Acima, o trem Guia Lopes, já
com carros de aço inox, anos 1980 (Foto Alberto del Bianco).
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