Trem Niterói-Itaboraí
(Rio de Janeiro)

 

C. F. C. Niteroiense / Leopoldina / CBTU / Central (1950?-2006)

Bitola: métrica.


Acima, a estação de Maruí, em 2002 (Foto Marco A. Dantas). Abaixo, a estação de Visconde de Itaboraí, em 1999 (Foto revista CNT).

Depois de ser suspenso por 7 meses, o trem retorna em agosto de 2005 (Jornal Extra, 07/08/2005):


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Nota: As informações contidas nesta página foram coletadas em fontes diversas, mas principalmente por entrevistas e relatórios de pessoas que viveram a época. Portanto é possível que existam informações contraditórias e mesmo errôneas, porém muitas vezes a verdade depende da época em que foi relatada. A ferrovia em seus 150 anos de existência no Brasil se alterava constantemente, o mesmo acontecendo com horários, composições e trajetos (o autor).

Trem metropolitano que existe pelo menos desde 1932 (data do primeiro horário que dele possuo, com 2 trens diários), mas que na verdade se originou na implantação da linha em 1874. Em seguida a linha é estendida até Cachoeira de Macacu e Rio Bonito, cujas atividades foram encerradas devido a pressões políticas de grupos de transporte concorrentes. Segundo Marcelo Almirante, porém, afirma que foi em 1950 o "início do serviço de trens suburbanos no ramal de Niterói, entre as estações de Niterói - General Dutra e Pedro de Alcântara, em função do explosivo crescimento populacional de São Gonçalo. O serviço de bondes elétricos e ônibus já não atendiam com eficiência o transporte de passageiros na ligação Niterói - São Gonçalo. Posteriormente a linha é estendida até Guaxindiba e depois até Visconde de Itaboraí". 1950 pode ter sido o aumento do número de trens diários na linha, transformando-a realmente em "suburbano", Nos últimos dez anos, pelo menos, a linha, que passou ao controle da CBTU em 1984, passou a não ter mais manutenção, estando hoje operada pela CENTRAL, a empresa que substituiu a parte da Flumitrens que não foi privatizada, ou seja, não passou para a Supervias. Desta forma, passou a correr os 33 km de linha com trens velhíssimos e sem nenhuma segurança. Em dezembro de 2004, por causa de um roubo de tubulação entre Guaxindiba e Itambi, a linha foi destruída nesse ponto, o que ocasionou a parada do trem e a conseqüente invasão do leito por posseiros. Em agosto de 2005, ele voltou a circular. No final de 2006, ele foi desativado. Percurso: Estação de Niterói a Visconde de Itaboraí, num trecho da antiga Linha do Litoral da E. F. Leopoldina.
Origem das linhas:
A linha original foi aberta em 1874 pela Cia. de Ferro Carris Niteroiense e depois incorporada pela Leopoldina em 1887. A linha foi incorporada à linha que seguia para Campos, chamada de "linha do Litoral". Mais tarde, trens metropolitanos passaram a correr pelo trecho, como também por aí passavam as composições que saíam de Niterói e seguiam para Campos e Vitória.

Video de 2004 do trem
O trem chegou a ter 6 linhas diárias em 1970. "É quinta-feira, 26 de agosto (de 1999) e a saída do trem (da estação de Visconde de Itaboraí) das 9h15 está ameaçada. Há problemas na escova da locomotiva. Os mecânicos tentam um gatilho e os funcionários, amontoados numa sala suja e quase sem móveis, torcem. Acostumados aos atrasos e cancelamentos, alguns usuários, em pé, esperam pacientemente na plataforma. Outros desistem e vão para a parada de ônibus. Meia hora depois o problema está resolvido e os três vagões, com capacidade para 200 passageiros, partem

levando pouco mais de 30 pessoas. A maioria das portas defeituosas segue aberta, enquanto outras já nem existem mais. Como a via é irregular e o trem balança muito, deve-se tomar cuidado para não cair. Os acidentes são freqüentes, apesar da baixa velocidade. O maquinista vai o tempo todo apitando para que as pessoas saiam da linha. Não há proteção e em alguns lugares o trem passa junto aos prédios. Outro motivo de atraso constante é o uso do leito da ferrovia

para estacionamento de automóveis. Como o trem passa só a cada três horas - e nem sempre regularmente - muitos motoristas deixam os veículos sobre a linha e vão fazer compras ou entregas. Diante do abandono da linha, alguns acham até que o ramal está desativado. As

paradas vão se sucedendo e o panorama não muda: Amaral, Itambi, Guaxindiba, Laranjal, Jardim Catarina. Em alguns pontos há pedras servindo de apoio para que os passageiros subam aos vagões, ou então bancadas e escadas de madeira, aterros e até alguma plataforma. Não há proteção para sol ou chuva. Banheiro e água, nem pensar. E segue o trem: Alcântara, Melado,

Estrela do Norte, Rodo de São Gonçalo, São Gonçalo, Madama.
" conforme reportagem de agosto de 1999, a estação de Niterói estava "em ruínas, sem bancos, sem sinalização, sem bilheterias e sem comércio". (Fonte: Carlos Eduardo Soares da Cruz, Niterói, RJ, 02/2004)"Os 33 quilômetros do ramal ferroviário Niterói-Visconde de Itaboraí, administrados pela Central e que não interessaram a concessionárias, permanecem no abandono. Parte desses antigos trilhos - da estação, que é tombada, a Guaxindiba - será transformada na moderna Linha 3 do metrô. Mas o que se vê hoje é

a total falta de investimentos. 'Temos por dia uma verba de apenas R$ 4 mil para manutenção dos ramais', disse o diretor de produção da Central, Roberto Santos. Apenas um trem, da década de 50, circula a 20 quilômetros por hora, e muitas vezes é impedido de seguir por causa de defeitos e de carros que estacionam nos trilhos. Além disso, lixo, mato e esgoto cortam a linha férrea. Na estação da Madama, a estrada de ferro é totalmente encoberta pelo capim. O ramal serve a 180 pessoas por dia, que pagam passagem de R$ 0,60. É o caso do porteiro Marcelo Eugênio, 34 anos, que leva duas horas de Itaboraí para Niterói.
" (O Dia, de 19/02/2003)

Na sua volta, em agosto de 2005. o trem se aproxima da estação de Niterói. Abaixo, o trem decepciona os passageiros que esperavam sua volta reformado (Foto e reportagem Jornal Extra, 07/08/2005).