Southern
São Paulo Railway (1913-1926)
Sorocabana (1926-1971)
Fepasa (1971-1997)
Bitola: métrica.
Acima, a composição passando por sobre o rio Itanhaém,
sentido Peruíbe, nos anos 1980 (Foto Paulo Szabadi).
Abaixo, à esquerda, a estação inicial de Ana
Costa, em
Santos (Acervo A. H. Del Bianco). À direita, estação
terminal de Juquia, em 1986 (Acervo Hermes Y. Hinuy)
ABAIXO: horários do trem Santos-Juquiá: vários
por dia
em 1962 (Guia Levi, setembro/1962)
ABAIXO: bilhete do trem "Praiano", citado no texto, de
Santos a Itariri. Pela moeda (cruzeiro novo) deve ser do
final dos anos 1960 (Cessão desconhecida).
Veja também:
Estação
de Ana Costa
Contato
com o autor
Indice
Nota: As informações contidas nesta
página foram
coletadas em fontes diversas, mas principalmente por
entrevistas e relatórios de pessoas que viveram a época.
Portanto é possível que existam informações
contraditórias e mesmo errôneas, porém muitas
vezes a
verdade depende da época em que foi relatada. A
ferrovia em seus 150 anos de existência no Brasil se
alterava constantemente, o mesmo acontecendo com
horários, composições e trajetos (o autor).
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Trem de passageiros operado primitivamente pela Southern São
Paulo Railway e depois pela Sorocabana e pela Fepasa, ligando Santos
a Juquiá, no Vale do Ribeira. Em janeiro de 1977 o trem deixou
de operar, voltando a fazê-lo em 1982. Em novembro de 1997,
o trem foi definitivamente extinto.
Percurso: Santos a Juquiá,
todo ele pelo ramal de Juquiá, num percurso de 179 km. Em 1973,
a linha foi prolongada até Cajati, mas nesse novo trecho seguiam
apenas cargueiros. Os trens de passageiros foram suspensos no final
de 1997 (Santos-Juquiá). O de cargas, até Cajati, existiu
até 2003. Hoje (2012) a linha está abandonada, entre
Samaritá e Cajati.
Origem da linha:
Santos (Ana Costa) - Juquiá - 1915. Por volta de 1990, o trecho
final da linha, em Juquiá, passou a ser feito até a
estação de Juquiá-nova, a cerca de 500 metros
da estação original, abandonando-se esta.
ACIMA (ESQUERDA): Mapa da linha Santos-Juquiá, em 1942 (Guia
Levi). Partindo de Samaritá para noroeste, a linha Marinique-Santos.
De Santos para o norte, a São Paulo Railway, e ainda se pode
ver a curta linha do tramway do Guarujá. (DIREITA): Horário
de trens emitido ainda pela SSPR, em 4/8/1917, pouco antes da sua
aquisição pelo governo do Estado paulista em novembro
desse ano (O Estado de S. Paulo, 4/8/1927).
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Comentários:
Era este um dos trens de passageiros mais tradicionais do Estado.
Passava pela Praia Grande, vindo de Santos, e a seguir pelo vale do
Ribeira, depois de atravessar a região
de Pedro de Toledo. Terminava a viagem na estação
de Juquiá,
à beira do
do
rio do mesmo nome. Diversos tipos
de composições passaram pelo ramal, inclusive o célebre
Ouro Branco, a partir de 1957, este vindo de Julio Prestes e não
de Santos/Anna Costa). Em 1938, por exemplo, os relatórios
da Sorocabana anunciavam a existência de 3 jardineiras (automotrizes)
na rota Santos-Juquiá. Duas com lotação de 34 passageiros e uma com
lotação de 20. Deviam
ser ônibus adaptados.
ACIMA: (esquerda) Trem aguardando
partida na estação do Suarão, em 1956. Notar
os caros de madeira (Autor desconhecido). (direita)
O trem de passageiros chegando em Mongaguá, em 1986. (Foto
J. H. Bellorio)
Os trens de passageiros foram desativados
em janeiro de 1977, quando já operava apenas um trem misto.
Voltaram em 1983: "No início de 1977 a Santos-Juquiá
estava praticamente desativada, apenas com um trem de carga diário
em cada sentido, com um carro de passageiros de madeira no final.
Se não me engano ele era tracionado por uma "Espanta-Demônio"
(AS-616). Fiquei surpreso na época por ver que o bar da estação de
Mongaguá continuava operante, embora o movimento de passageiros fosse
ridículo. Fico ainda mais surpreso em constatar que ele continua firme
e forte, quase trinta anos depois" (Antonio Gorni, 2007).
Em
propaganda de 1949 do jornal Folha da Manhã, o lançamento
de um novo bairro na Praia Grande usa o trem da Santos-Juquiá
para romancear a cena (Folha da Manhã, 19/6/1949).
ACIMA:
(esquerda) O primeiro trem de passageiros que saiu de Santos em 1983
depois da reativação (Fotos Waldir Rueda). (direita)
Propaganda do Ouro Branco para comprar terrenos em Peruíba
(Folha da Manhã, 23/1/1958).
.
"Na década de 1970, o destino dos trens procedentes de Julio
Prestes era Peruíbe. Para Juquiá eram apenas os que saiam de Santos"
(Carlos R. Almeida, 09/2006). Até os últimos anos (anos
1990), os trens no ramal tinham uma alta frequência de passageiros:
seu desaparecimento em 1997 foi sentido por todos, pois era um meio
de transporte barato que levava a população mais necessitada
a Santos, evitando a estrada e as avenidas da Praia Grande, sempre
com grande movimento. Foi graças a esse trem que cidades como
Itanhaém, Mongaguá, Peruíbe
e mesmo as do Vale do Ribeira,
Miracatu e Juquiá, cresceram,
(acima) Chegada do trem em Itanhaém,
anos 1980. (Foto Paulo Szabadi).
(direita) O cancelamento
dos trens do ramal em 1977 e a tabela de preços em 1983, quando
foram reativados pela FEPASA.
cidades que até o início
dos anos 1960 não tinham rodovias de acesso decentes e dependiam
demais do trem. "Íamos de Mongaguá até Santos (visitar minha
"tia rica" no Gonzaga) de manhã e voltávamos à tarde. Curioso, não
tenho foto alguma dessas viagens. Quando recebi sua resposta, procurei
para ver se encontrava alguma, e nada. Não me lembro de como eram
os vagões (os do Ouro Verde me lembro que eram bonitos - acho que
nós íamos na primeira classe pois eles eram "grandes" e "confortáveis"
- lembre-se de que eu era uma criança de 12 ou 13 anos). Já os puxados
pelas vaporosas, não me lembro" (Cleantes, 08/2006). "Lembro-me
que meu pai despachava nossas compras através da ferrovia para nossas
viagens até Mongaguá com uma semana de antecedência. Saíamos de Sorocaba
de madrugada onde logo desembarcávamos na cidade de Mairinque, onde
então descíamos a serra até chegarmos na estação de Samaritá. Aguardávamos
o trem que vinha de Santos com destino a Juquiá, logo então pela janela
do trem podíamos ver o mar, já que este ramal passa por muitos quilômetros
em cidades praianas" (Luiz Carlos, 08/2005).
ACIMA: O último trem
de passageiros, em 1997, em Itanhaém. (Foto Wanderley Duck)
ACIMA:
O último trem de passageiros, em 1997, em Itanhaém.
(Foto Wanderley Duck) ACIMA (À DIREITA): Seguindo pelo
trem em 1924 (O Estado de S. Paulo, 27/9/1924).
O ramal de Juquiá às vezes tinha trens que podiam seguir
da descida da serra direto para o ramal, pelo texto a seguir: "Do
Ouro Branco eu tenho até fotografia na parede, porque era com ele
que a gente ia infalivelmente uma vez por mês para Itanhaém, quando
ainda nem rodovia tinha de Santos até lá. Na verdade nem sempre era
no Ouro Branco, de vez em quando a gente ia em composição normal mesmo,
mas que era todo mês, isso não falhava. Houve uma época, lembrei agora,
que de vez em quando acontecia da composição ser tracionada por diesel
no planalto e na serra e lá na baixada trocarem por uma vaporosa,
não era comum, mas acontecia. A coisa era assim, depois que as diesel
chegaram por lá as locomotivas a vapor ficaram tracionando apenas
os cargueiros e os trens de passageiros da "linha da baixada", eles
só iam de Itariri até Santos. Então acontecia do trem que vinha de
São Paulo simplesmente ser adicionado no final da composição que estava
vindo de Santos quando chegava em Samaritá e a diesel pegar os que
vieram "na traseira" do trem vaporoso que ia para Santos e que já
estavam por lá esperando e seguir com eles para São Paulo. Mais um
detalhe que lembrei, essa composição misturada só ia até Peruíbe,
lá os que vieram de São Paulo eram desengatados e os demais, os que
saíram de Santos, seguiam até Itariri" (Wanderley Duck, 2006).
ACIMA: O "Ouro Branco" em Peruíbe,
anos 1950 (Acervo SBF, cedida por Paulo Kramer).
E, relembrando a estação inicial do ramal...
"Quem diria que a UR-Santos da Fepasa fosse um dia a que teve
um dos maiores movimentos de trens passageiros? (Nos anos 1980 e 1990)
eram os dois trens de Embu-Guaçu (4 horários), o trem de Juquiá (2
horários), o trem turístico nos finais de semana (2 horários), ou
seja, 8 horários de trens de longo percurso nos finais de semana na
estação Ana Costa. Fora os trens urbanos (TIM). O irônico dessa história,
é que cerca de 10 anos antes, falar em trens de passageiros na regional
poderia dar até demissão. A superintendência não admitia tal hipótese.
Como o destino dá voltas... E tudo isso ficou no passado. Hoje há
apenas uma linha passando lateralmente ao grande estacionamento que
ali foi construído. E da estação ficou apenas o prédio" (Carlos
R. Almeida, 2007).
"Demanda de passageiros havia e ainda haveria se o trem não tivesse
sido suspenso. No trecho de Santos a Peruíbe, podemos dizer que boa
parte seria de turistas. Além, até Juquiá ou mesmo até Cajati, se
as estações fossem próximas das cidades ou centro, o movimento seria
o normal entre cidades. Da última vez que viajei por ali, peguei o
trem em Juquiá para Santos. Foram cerca de 5 horas de viagem. Para
a volta, decidimos vir de ônibus para fazer as devidas comparações.
Adivinha qual foi o resultado? O tempo de viagem idêntico, com paradas
em todas as cidades e o que é pior, o ônibus com o sobe e desce de
pessoas e pouco espaço interno acaba se tornando um suplicio. No trem,
apesar das paradas e também do sobe e desce, tem muito mais espaço
e permite a circulação interna e mesmo uma rápida descida nas estações.
Conclusão: muita gente preferia a viagem de trem. E naquele dia, o
trem se manteve com raros lugares vagos. Comentário: A estação de
Juquiá fica longe do centro, mas no caminho entre a rodovia e a cidade.
Então, natural uma pequena caminhada" (Carlos Almeida, 02/2009).
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