E. F. do Norte
(São Paulo)

 

E. F. Araraquara
(1898-1968)

Bitola: métrica (até 1955)
larga - 1,60 m (até 1971)

Acima, a estação de Araraquara, em
2001, ponto de partida dos trens da E.
F. Araraquara (Foto Hermes Y. Hinuy).

Acima, a estação de São José do Rio
Preto, em 1988, com um trem da Fepasa (Foto Paulo Cury). Abaixo, a estação já semi-abandonada de Santa Fé do Sul,
em 1990, ponto final da ferrovia depois
da desativação de Presidente Vargas, inundada pela represa (Foto Paulo
Cury).



Acima, carros Budd da EFA no pátio da
Luz, anos 1960 (Foto Leonardo
Bloomfield). Abaixo, carro de madeira da EFA com vidros da CP, anos 1960 (Foto José Pascon Rocha).


Carro da EFA da bitola métrica em
Catiguá, anos 1950 (Acervo Thiago Oliveira). Abaixo, horários do trem da
EFA em 1965. Notar as notas com
relação aos carros, até onde iam e onde deixavam as composições. (Guia Levi, outubro de 1965).


Veja também:

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Indice

Nota: As informações contidas nesta página foram coletadas em fontes
diversas, mas principalmente por entrevistas e relatórios de pessoas
que viveram a época. Portanto é
possível que existam informações contraditórias e mesmo errôneas,
porém muitas vezes a verdade
depende da época em que foi
relatada. A ferrovia em seus 150
anos de existência no Brasil se
alterava constantemente, o mesmo acontecendo com horários,
composições e trajetos (o autor).

A Estrada de Ferro Araraquara teve diversos tipos de trens de passageiros durante o seu período de existência, cerca de 70 anos. Alguna trens e carros são mostrados nesta página. Na verdade, as fotografias dos trens da Araraquarense, nome popular pela qual a ferrovia era conhecida, não são em número muito grande.

Acima, em foto sem data, carro da E. F . Araraquara de madeira, do tempo da bitola métrica - até 1962 (Foto de autor desconhecido). Abaixo, outro carro de madeira, em exposição bem longe de sua linha original, no Parque das Águas Claras, em Taubaté, SP, em foto de 05/2004. (Foto Ralph M. Giesbrecht)

Percurso: Estação de Araraquara (da Cia. Paulista) - Santa Fé do Sul,
Origem da linha:

A linha foi construída originalmente em bitola métrica e aberta em 1898, ligando Araraquara a Itaquerê (atual Bueno de Andrada). Foi prolongada aos poucos até atingir em 1912 São José do Rio Preto. Somente em 1934 atingiu Mirassol para apenas nos anos 1940 seguir avançando, atingindo a estação de Presidente Vargas, às margens do rio Paraná, em 1952. Em 1955, foi entregue o primeiro trecho em bitola larga, retificado, entre Araraquara e São José do Rio Preto, atingindo finalmente Presidente Vargas em 1962. Em 1968, a empresa passou a ser administrada pela Cia. Paulista, aí praticamente desaparecendo os trens de passageiros que partiam de Araraquara, agora sempre seguindo diretos de São Paulo na maioria das vezes com equipamento da Cia. Paulista. Em 1971 foi tudo incorporado à Fepasa. Em 1998, a linha foi unida à linha da Ferronorte, em território mato-grossense, mas já apenas para trens de cargas.


Acima, composição de passageiros da EFA com carros Budd, provavelmente no pátio da estação de São José do Rio Preto, em 1962 (Acervo Ralph M. Giesbrecht)
A Estrada de Ferro Araraquara teve diversos trens de passageiros durante sua existência. Até 1955, somente corriam trens a vapor pela linha, ainda original, que já chegava a Presidente Vargas. Carros de madeira, composições que sempre partiam de Araraquara, da estação da Companhia Paulista. A partir daí, começaram as alterações: com bitola larga, as composições podiam partir direto da estação da Luz, em São Paulo. Nos anos 1960, foram adquiridos carros Budd de aço inox, com diversas pinturas. Passou a haver composições com carros-dormitório que, no caso do diurno, tanto estes quanto o carro-restaurante e o carro-salão paravam em Jales, seguindo até o final da linha sem esses carros. Outros afirmam que no trem noturno, os carros seguiam até Presidente Vargas, incluindo as poltronas-leito. Segundo um horario da EFA de 1970, no "apagar das luzes", havia três trens diários de ida e três de volta: um diurno de luxo, em aço inox, ligando a estação da Luz a Presidente Vargas com carros Budd-Mafersa; um noturno da Luz a São José do Rio Preto, em aço carbono, que deviam ser os "SAMDU"; e um misto diurno, com carros de madeira e vagões de carga para

Carro "Samdu", de aço carbono, da EFA - anos 1960 (Foto Leonardo Bloomfield).
mudanças e pequenas cargas, ligando Araraquara a Presidente Vargas. Este era o famoso "Trem Barateiro", apelido "oficial". "Minha avó estava esperando o trem partir em Araraquara, de noite, e viu o pessoal se referir a ele. Ela não entendia o motivo, até que o mesmo se pôs em movimento.... e começou o ataque aéreo das baratas voadoras!" (Antonio Gorni, junho de 2005) (Fontes: Antonio Gorni, João Paulo Camargo, Alberto del Bianco, Leonardo Bloomfield).

Acima, rara foto do trem noturno de Rio Preto, da EFA. Notem a pintura do bagageiro, que teve duas versões. Uma com as letras grandes no meio do carro e a segunda, com as letras pequenas entre o teto e as janelas. Final dos anos 1960 (Acervo Celso Frateschi, cessão Alberto del Bianco).

Acima, o trem especial que inaugurou a bitola larga da EFA em setembro de 1955, saindo do Rio de Janeiro diretamente para São José do Rio Preto, seguindo pela Central, Santos-Jundiaí, Paulista e EFA. Na composição, segundo Leonardo Bloomfield, havia carros Budd da EFCB, com poltronas, dormitórios, restaurante e o carro administração na cauda. A foto foi tirada em Catanduva. Notar que nos dormentes ainda existem as marcas dos parafusos que prendiam os trilhos da bitola métrica até o dia anterior (Acervo Alberto del Bianco).
"Residi em Bueno de Andrada até 1.967, na melhor epoca de nossas vidas. A estação e o trem era a nossa vidas, minha e de minha familia. Viajávamos de trem para ir cortar o cabelo, ir ao dentista, fazer compras, ir ao médico etc, e a partir de 1.962 todo dia para fazer o ginásio em Matão, não gastávamos nada, porque meu pai trabalhava na EFA , tínhamos passe gratuito, minha vida era mesmo trem e estação. Conheci a maquina a fogo, porque quando era muito pequeno, íamos à casa de minha tia que morava em Cândido Rodrigues, e também trabalhava na estrada, aquelas viagens, que pareciam intermináves, eram feitas com maquinas a fogo, e conheci as modernas à oleo cru, dos carros totalmente de madeira, e os modernos de aço inox com ar condicionado (apelidado de Frescão). Uma vez, numa viagem de Araraquara para Bueno, o ar deu defeito, não funcionou, e como os vidros eram lacrados, foi um trabalhão para conter o povo que queria abrir as janelas a qualquer custo" (Anésio Nieto Lopez, 2005).

Acima, carros Budd Mafersa da EFA, anos 1960, na Luz (Foto Leonardo Bloomfield).