Trem Eucarístico de 1955
(Aparecida-Rio de Janeiro)
(São Paulo)

 

Central do Brasil (1955)

Bitola: larga (1,60 m)



Acima, a estação de partida do trem, Aparecida, em foto de 1999 (Foto Ralph M. Giesbrecht). Abaixo, o salão da estação Dom Pedro II, em 2003 (Foto Carlos Latuff).


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Nota: As informações contidas nesta página foram coletadas em fontes diversas, mas principalmente por entrevistas e relatórios de pessoas que viveram a época. Portanto é possível que existam informações contraditórias e mesmo errôneas, porém muitas vezes a verdade depende da época em que foi relatada. A ferrovia em seus 150 anos de existência no Brasil se alterava constantemente, o mesmo acontecendo com horários, composições e trajetos (o autor).

Trem de autoridades eclesiásticas e políticas que transportou a imagem de Nossa Senhora Aparecida em 1955, da cidade de Aparecida, em São Paulo, até o Congresso Eucarístico Nacional na cidade do Rio de Janeiro. Por ocasião do Congresso, existiu um serviço especial de trens extras entre Rio e São Paulo para atender a grande demanda de passageiros. Assim, além dos de carreira, como os DP1/2, o DP3/4 (Santa Cruz), o NP1/2 e os expressos, foram criados os DPE1/DPE72, o DPE3/DPE74, e o RPE1/RPE72. Os DPE1/DPE72 eram formados com carros do DP3/DP4 (Santa Cruz) cuja composição retornava às 10:30 do Rio chegando em Roosevel às 20:30 e de Roosevelt partia às 10:00 chegando no Rio às 19:40. Neste caso, os carros dormitórios viajavam com as poltronas arriadas e não com os leitos. Os DPE3/DPE74 eram formados pelas composições dos DP1/DP2, ou seja, o DPE3 partia do Rio às 20:30 e chegava em Roosevelt às 6:30 e o DPE74 partia às 20:00 de Roosevelt chegando ao Rio às 6:00hs. O RPE1, que partia do Rio às 7:00hs e chegava em Roosevelt às 17:15, e o RPE72 que partia de Roosevelt às 11:00 e chegava no Rio às 21:47 eram formados com carros de madeira de 1ª classe, além de carro-restaurante, da Companhia Paulista, e, segundo soube, mas não garanto, procediam do interior do Estado, adentrando em linhas da Central no Brás/Roosevelt. Pela primeira vez na história tivemos um serviço ferroviário, relacionado ao transporte de passageiros, mais do que eficiente. (Informações: Leonardo Bloomfield)

Percurso: de Aparecida à estação Dom Pedro II, no Rio de Janeiro, pelo ramal de São Paulo e linha do Centro da E. F. Central do Brasil

Origem da linha:

Rio de Janeiro - Cachoeira Paulista - 1858/1876
Cachoeira Paulista - Aparecida - 1902/6 (retificação e alargamento de bitola).

Em julho de 1955, uma composição especial da Central do Brasil carregou a imagem de Nossa Senhora Aparecida até o Congresso Eucaristico Internacional do Rio de Janeiro, que foi realizado de 17 a 25 de julho desse ano. A descrição seguinte não cita qual locomotiva foi utilizada para o trajeto. "No dia 17 de julho, às 5:30 da manhã, formou-se na Praça da

Fiéis carregam a Imagem em Aparecida rumo à estação (Foto Suplemento do Santuário de Aparecida, 1956)

Basílica o cortejo que ia conduzir e veneranda Imagem até a estação ferroviária da Central. Dom Antonio Macedo, Bispo Auxiliar de São Paulo, presidiu a procissão. A Virgem era carregada pelo Vice-Governador do Estado, General Porfírio da Paz, e por congregados marianos. Junto à plataforma, o trem-santuário já estava esperando. Compunha-se de um

Fiéis em frente à estação e ao trem Eucarístico em Aparecida (Foto Suplemento do Santuário de Aparecida, 1956)

carro de passageiros, o carro-restaurante, um carro de luxo para os dignatários eclesiásticos, e dois carros-salões, num dos quais foi entronizada a Imagem milagrosa em meio de lindas flores naturais. O Eminentíssimo Cardeal de São Paulo deu entrada no trem especial sob os aplausos da multidão aglomerada ao longo das plataformas. O alto-falante instalado no carro-capela deu as despedidas ao povo que acompanhava a procissão. Às 6:20 o comboio principiou a mover-se vagarosamente, levando os cânticos e as despedidas dos que ficavam. Tinham tomado

Acima e abaixo, autoridades eclesiásticas e políticas no carro-salão que continha a Imagem
(Fotos Suplemento do Santuário de Aparecida, 1956)


lugar no trem-santuário delegações de Aparecida, do Rio e de São Paulo, além de representantes do clero e do laicato, vindos da vários Estados do Brasil. (...) Nossa Senhora Aparecida foi recebida com as mais entusiásticas e vibrantes manifestações de carinho nas diversas estações por onde passou o trem. O povo, previamente avisado, compareceu em massa, agrupando-se nas plataformas, cantando e batendo palmas. Muitas estações estavam festivamente engalanadas com bandeirinhas, os rojões rebentavam no ar e as bandas de música rompaim estrepitosamente. Assim foi desfilando pelas cidades de Guaratinguetá, Lorena, Cachoeira, Cruzeiro, Queluz etc. A maior, a mais bela e a mais espontânea recepção

Na estação de Queluz, fiéis aguardando a chegada do Trem Eucarístico (Foto Suplemento do Santuário de Aparecida, 1956)

foi oferecida pela cidade de Volta Redonda, (...) (onde) mais ou menos 20 mil pessoas comprimiam-se delirantemente nas plataformas e adjacências. Os ônibus, automóveis, bicicletas e outros meios de condução de que dispunha a cidade, vieram todos para a estação. Bombeiros isolavam as vizinhanças para que o povo não avançasse demais. Quantos não choravam de comoção! Quando, afinal, o comboio se pôs em movimento, muitos o foram acompanhando com o quase desespero de quem não quer apartar-se de uma pessoa querida. Em Lorena e Barra do Piraí, os seus Bispos vieram até a estação junto com o povo. Dom José Coimbra, de Barra do Piraí, incorporou-se à comitiva, seguindo até o Rio. As estações de rádio locais irradiavam a recepção. Assim a "Voz do Vale do Paraíba" de Barra do Piraí. O trem prosseguia em sua marcha triunfal. Em Comendador Soares, foi oferecida a Nossa Senhora uma belíssima corbeille de flores. Anchieta, lindamente enfeitada e com muito povo à passagem, foi a primeira estação do (então) Distrito Federal. Pouco depois o trem-santuário entrava jubilosamente na gare da Dom Pedro II, a estação

Na estação de Dom Pedro II, fiéis aguardando a chegada do Trem Eucarístico (Foto Suplemento do Santuário de Aparecida, 1956)

principal do Rio. Recepção soleníssima. O Eminentíssimo Senhor Cardeal, Dom Jaime Câmara, tinha vindo com grande comitiva receber a Primeira Peregrina do Congresso. O povo, impedido de entrar até as plataformas, aguardava ansiosamente lá fora (...)". (Revista Ecos Marianos da Basílica Nacional de Nossa Senhora Aparecida, Suplemento do Santuário de Aparecida para o ano de 1956)