Trem do Ramal de Dourados
(Presid. Prudente-Euclides da Cunha)
(São Paulo)

 

Sorocabana/Fepasa (1958-1978)

Bitola: métrica


Acima, a plataforma da estação de Presidente Prudente, em 2000, ponto de início do trem do ramal (Foto José Carlos Daltozo). Abaixo, estação de Euclides da Cunha, em 1988, já abandonada. As estações do ramal eram todas de madeira (Foto relatório O Ramal de Dourados, UNESP, L. Adorno, 1988)

Acima, a estação de Euclides da Cunha, já abandonada.

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Nota: As informações contidas nesta página foram coletadas em fontes diversas, mas principalmente por entrevistas e relatórios de pessoas que viveram a época. Portanto é possível que existam informações contraditórias e mesmo errôneas, porém muitas vezes a verdade depende da época em que foi relatada. A ferrovia em seus 150 anos de existência no Brasil se alterava constantemente, o mesmo acontecendo com horários, composições e trajetos (o autor).


O trem de passageiros do ramal de Dourados circulou entre 1958, quando foi aberto o seu primeiro trecho, até 1978, quando foi desativado. O ramal tinha este nome porque os planos da EFS eram de se alcançar a cidade de Dourados, no Mato Grosso do Sul, no ramal de Ponta Porã, da Noroeste do Brasil. A linha jamais passou de Euclides da Cunha, ainda em território paulista, onde chegou em 1965.

Em janeiro de 1976, o Guia Levi ainda acusava a existência de dois trens de passageiros para o ramal (Guia Levi, janeiro de 1976).

Percurso: de Presidente Prudente (na linha-tronco da Sorocabana) a Euclides da Cunha, no Pontal do Paranapanema, pelo ramal de Dourados.
Origem da linha:

1957-P. Prudente - Engenheiro Murgel; 1960 - até Teodoro Sampaio; 1965 - até Euclides da Cunha. O ramal foi desativado para trens de passageiros em 30 de novembro de 1978, para cargas em 1980, e suprimido de vez em 1988.


Já em março de 1978, somente existia um trem misto e que saía no final da tarde de Presidente Prudente (Guia Levi, março de 1978).

"Foram incontáveis as vezes em que viajei com minha irmã e minha mãe para Teodoro Sampaio, saindo de Prudente ás 08:30 da manhã ou ás 19:00, se não me falha a memória. O trenzinho tinha uma locomotiva Cooper, um carro de bagagens, um restaurante e mais três de passageiros, que aos poucos foi diminuindo. Lembro-me que meu coração se enchia de felicidade quando, o trem depois da última parada antes de chegar em Teodoro - na estação de San Juan - passava por um corte e que ao final deste, havia um rio batizado de "Burrinho", e dali já se avistava a cidade. Em linha reta, aproximadamente mais 5 km, chegávamos à estação. Ao lado desta, existia uma serraria, que tocava seu apito exatamente ás 11:30, respondendo ao do trem que se aproximava. Ao chegar, era preciso pegar uma das duas peruas lotação, uma charrete ou um Jeep-táxi, que levava á cidade que fica a uns 6 km da estação. A casa de meus avós ficava próxima da cidade, mas em área totalmente cercada por plantações de milho e mandioca e ao lado da estrada-avenida, na época ainda sem asfalto, onde descíamos e andávamos uns 100 m para chegar ao quintal dos meus" (Edivaldo A. do Nascimento, 01/2006).

ACIMA (Esquerda): Rara foto do trem de passageiros em agosto de 1977, na estação de Euclides da Cunha (Foto do jornal O Estado de S. Paulo, de 30/08/1977 - Acervo Carlos R. Almeida). (Direita) Em 18 de agosto de 1977, o mesmo jornal publicava a agonia do ramal - que seguiu funcionando para passageiros até 30 de novembro do ano seguinte.

"Eu viajei muito no trem de passageiros do ramal de Dourados, principalmente após o ano de 1965, quando se inaugurou a estação de Euclides da Cunha. Nessa época, os três carros de passageiros eram de madeira, um carro de primeira e dois de segunda classe. A locomotiva era geralmente uma Cooper, aquelas diesel pequenas que depois foram usadas somente para manobras. Desde o início me lembro que só saia um trem por dia. Ele saía de Presidente Prudente, logo após a chegada do super-luxo que vinha da Júlio Prestes. O trecho do ramal é lindo, especialmente quando chega em Teodoro Sampaio. Ele entrava no meio da reserva florestal do Morro do Diabo, e daí pra frente, era uma beleza só. Revoadas de milhares de borboletas à beira dos ribeirões, tucanos, o Rio Paranapanema à esquerda, curveando. Depois de 1971, quando entrou a FEPASA, retiraram os carros de madeira e colocaram aqueles de aço carbono (verdes), o que deixou o trenzinho menos simpático. Também passou a ser misto (mistinho) com vagão de carga junto. Sei que nas últimas viagens, em 1978, ele já estava correndo com apenas um carro de passageiros e geralmente levando somente familiares de ferroviários que ainda moravam nas vilas ferroviárias em Mirante, Teodoro e Euclides da Cunha. Eles usavam passes gratuitos, e eu mesmo tinha uma carteirinha da Fepasa, onde meu pai arranjava o passe para viajarmos" (Jotacê Cardoso, 08/2005).

ABAIXO: Em 1992, doze anos depois do abandono do ramal, a reportagem conta seu estado na época. O ramal jamais voltaria a funcionar. (O Estado de S. Paulo, 31/5/1992). CLIQUE SOBRE A FOTO PARA VER EM TAMANHO MAIOR