Ramais de Jataí, Monteiros e de Guatapará
(São Paulo)

 

Cia. Mogiana/Fepasa (1910-1976)

Bitola: métrica


Acima, a estação de Guatapará, da Cia. Paulista, em 1916, onde chegava o trem da Mogiana pelo ramal de Monteiros a partir de 1914. Essa estação foi desativada em 1967 por mudança nas linhas e posteriormente demolida (Foto Filemon Peres). Abaixo, a estação de Guatapará da Mogiana, em 1998, já desativada, na verdade uma estação de apoio a pouco mais de cem metros antes da estação final da Paulista (Foto Ralph M. Giesbrecht).


Acima, a estação de Ribeirão Preto, por volta de 1910, de onde partia o trem para o ramal de Jataí, depois ramal de Guatapará. Foi desativada em 1965, com a mudança das linhas. A partir daí, o trem passou a partir de Ribeirão-nova. (Foto do Álbum da Mogiana, anos 1910) Abaixo, horários do trem do ramal em 1965 (Guia Levi, outubro de 1965).

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Nota: As informações contidas nesta página foram coletadas em fontes diversas, mas principalmente por entrevistas e relatórios de pessoas que viveram a época. Portanto é possível que existam informações contraditórias e mesmo errôneas, porém muitas vezes a verdade depende da época em que foi relatada. A ferrovia em seus 150 anos de existência no Brasil se alterava constantemente, o mesmo acontecendo com horários, composições e trajetos (o autor).

Trem de passageiros originalmente operado pela Mogiana entre as estações de Ribeirão Preto e de São Simão, entre 1910/13 e 1961. A partir de 1914, o ramal foi ligado a partir da estação de Monteiros até a estação de Guatapará, na Cia. Paulista, então parte do antigo ramal de Pontal, e, a partir de 1930, parte do tronco da Cia. Paulista. Em 1961 o trecho entre São Simão e Monteiros foi desativado, o que levou a Mogiana a unir os trechos remanescentes, formando o ramal de Guatapará, correndo trens diretos entre Ribeirão e Guatapará. Em 1976, os trens de passageiros foram suspensos e o próprio ramal foi erradicado dois anos depois, com seus trilhos retirados.

Percurso: de Ribeirão Preto (tronco da Mogiana) a Guatapará (tronco da Paulista), no ramal de Guatapará. Originalmente, de Ribeirão Preto a São Simão, pelo ramal de Jataí, com um ramal ligando Monteiros à estação de Guatapará
Origem da linha:

São Simão-Monteiros - 1910/12
Monteiros-Ribeirão Preto - 1912/13
Monteiros-Guatapará - 1914
Em 1961, com o fechamento do trecho São Simão-Monteiros, o trecho Ribeirão-Monteiros e o ramalzinho até Guatapará foram unidos formando o ramal de Guatapará.

O ramal era na verdade uma variante construída pela Mogiana para proteger sua zona privilegiada do ramal de Pontal, da Cia. Paulista, perdeu em parte sua razão de ser com o acordo entre as duas empresas selado em 1911 e a união das linhas em Guatapará. Por isso foi construído o chamado ramal de Monteiros, em 1914, para essa união. Realmente, a zona jamais se desenvolveu: apenas uma das estações do trecho gerou uma cidade (Luiz Antonio). Trafegavam pelo ramal composições curtas, que, por volta de 1960, passaram a ser puxadas por locomotivas diesel e não mais pelas a vapor, segundo diversos testemunhos.

Trem de passageiros, com 4 carros e a locomotiva a vapor chegando a Monteros, provavelmente final dos anos 1950 (Acervo Coryntho Silva Filho).
"Lá pelos idos de 1957/1959, quando ainda estudante de Direito em São Paulo, costumava apanhar o noturno da Paulista e fazer a baldeação em Guatapará, já na Mogiana, para descer em Joaquim Firmino, de manhã, e chegar até a sede. Claro que a estação não dispunha de táxis ou condução própria e a sua mãe, como boa amazona e por esporte, entendia mais interessante cavalgar e levar junto um cavalo arreado para me apanhar. Assim era feito e você pode imaginar que, além do lado romântico, também havia o inusitado, senão exótico. Saía da faculdade, todo engravatado e encoletado naqueles tempos (bons!), trabalhava à tarde e à noite, com essa indumentária mais os indefectíveis apetrechos de viagem, pegava o noturno. E, depois, no destino, montava com a mesma roupa e bagagem. Realmente, nem para a época era muito comum essa excursão. Outras vezes, mas aí já era chique, sua mãe Lúcia comparecia com uma confortável charrete puxada pelo famoso e saudoso Poker, se não me engano " (Relato do pai de Maria Christina Monteiro de Barros Alfano, esta sendo uma das bisnetas de Joaquim Firmino, em 01/2003). "A Cia. Paulista nos levava da Estação da Luz até Rincão, onde acabava a alimentação elétrica. Em Rincão, saía a locomotiva elétrica e entrava a máquina diesel, que nos deixava em Guatapará e seguia para Barretos. Eu adorava ver essa operação de troca de locomotivas. De Guatapará íamos de máquina a vapor para Monteiros, na fazenda onde nasceu minha mãe. Estou falando da década de 50" (Coryntho Silva Filho, 08/2003).

AO LADO: Numa carta enviada ao jornal O Estado de S. Paulo em 11 de março de 1916, o leitor descrevia os problemas dos trens mistos que corriam pelo ramal de Jataí (percurso São Simão-Ribeirão Preto, ida e volta). Na verdade, todos eles eram mistos nesse ramal, pelo menos nessa época. Não havia ali trens de passageiros em 1916. Em 1965, quando os tres ramais já haviam sido unificados (em 1960), pode-se ver pelo horário do Guia Levi, à esquerda nesta página, que já havia pelo menos um trem de passageiros diário (PI-1, das 17:15) e dos mistos (MI-1 e MI-3, às 6:00 e às 12:35.