Ramal de Piracicaba
(São Paulo)

 

Cia. Paulista/Fepasa (1917-77)

Bitola: larga (1,60m)



Acima, a estação de Nova Odessa, em 2003, onde havia a partida do trem para o ramal (Foto José Carlos Bratfich). Abaixo, a estação de Recanto, em 1996 (Foto Ralph M. Giesbrecht).



Acima, a estação terminal de Piracicaba Paulista, em 1996, já abandonada (Foto Ralph M. Giesbrecht). Abaixo, a estação de Santa Bárbara D'Oeste, em 1981 (Foto José Pinto Siqueira Jr.).

Abaixo, horários dos trens que ainda existiam no ramal em 1976 (Guia Levi, janeiro de 1976).

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Nota: As informações contidas nesta página foram coletadas em fontes diversas, mas principalmente por entrevistas e relatórios de pessoas que viveram a época. Portanto é possível que existam informações contraditórias e mesmo errôneas, porém muitas vezes a verdade depende da época em que foi relatada. A ferrovia em seus 150 anos de existência no Brasil se alterava constantemente, o mesmo acontecendo com horários, composições e trajetos (o autor).

Trem de passageiros originalmente operado pela Paulista entre as estações de Nova Odessa e de Piracicaba, entre 1917 e 1977. A partir de 1917, o ramal foi ligado a partir da estação de Remanso até a estação de Santa Barbara (D'Oeste), para em 1922 atingir Piracicaba. Em 20 de fevereiro de 1976, os trens de passageiros foram suspensos. Alguns trens de passageiros especiais para Piracicaba e Santa Barbara D'Oeste existiram nos anos 1980 e começo dos anos 1990, bastante raros. Cargas seguiram pelo ramal até 1995.

Percurso: de Nova Odessa (tronco da Paulista) a Piracicaba (ponta do ramal), no ramal de Piracicaba. Os trens, na estação de Remanso, saíam do tronco e seguiam para o ramal, passando por 5 estações até chegar à estação terminal.
Origem da linha:

Remanso-Santa Barbara - 1917
Santa Barbara-Piracicaba - 1922

O ramal foi aberto pela Companhia Paulista com muito atraso; estava projetado para 1902, depois para 1917, e, com a Grande Guerra, somente chegou a Piracicaba em 1922. Era para ter continuado até Bauru, mas em 1925 a Paulista desistiu da empreitada, considerando que a serra que separa as duas cidades tinha dificuldades técnicas muito difíceis de serem vencidas. Era um ramal curto, mas de grande movimento, pelo menos de passageiros; a Usina Santa Bárbara, que tinha uma linha de bitola métrica (menor que a do ramal, de bitola larga), foi a primeira e última a despachar cargas pelo ramal (até 1995). As suas linhas entroncavam-se na estação de Santa Bárbara D'Oeste. Foi uma festa quando o trem chegou a Piracicaba, que já era servida pela Sorocabana (antes, ali era Ituana), desde 1877, mas que mantinha um mau serviço e um trajeto muito longo principalmente para quem vinha da Capital. Os viajantes que queriam ir a Piracicaba geralmente seguiam para Limeira pelo trem de bitola larga da Paulista e de lá tomavam um trolei até Piracicaba. A Paulista construiu sua prórpia estação, na parte alta da cidade, posto que a da Sorocabana era antiga e na parte mais baixa; quem baldeava de uma para outra tinha de tomar troleis ou o bonde da cidade.

Em 1924, a cantora de ópera Angela Vargas desembarca na estação da Paulista em Piracicaba; Sud Mennucci, um de seus admiradores, aparece no centro, de chapéu, olhando para ela (Acervo Ralph Mennucci Giesbrecht).
O trem para Piracicaba partia de São Paulo, da estação da Luz, e, em Nova Odessa, havia a divisão dos carros que seguiam para adiante no tronco e os que iam para Piracicaba; estes, puxados por outra locomotiva, a vapor pelo menos até o final dos anos 1950, e depois geralmente por Diesels

Em 1941, o trem de passageiros chega a Caiubi, vindo de Piracicaba (Foto Augusto
Strazdin, acervo Arquivo Histórico Industrias Romi, cessão Antonio Angolini).
U-9s, seguiam para Santa Bárbara D'Oeste e Piracicaba saindo pela chave na estaçãozinha de Recanto. No final das atividades dos trens de passageiros, que acabou em fevereiro de 1977,

ACIMA: Dia 22 de novembro de 1975: na gare da estação de Nova Odessa, a composição de passageiros aguarda uma locomotiva para seguir para Piracicaba (Foto José R. Pascon, acervo Rafael Correa). ABAIXO: Locomotiva diesel-elétrica U-9 puxa o trem de passageiros para Piracicaba, em local não definido, mas ainda na linha-tronco (veja a eletrificação), possivelmente no pátio de Nova Odessa (Acervo Antonio Carlos Belviso).

alguns afirmam que já havia baldeação e não mais separação de carros em Nova Odessa - fato que não consegui comprovar. São raras, infelizmente, as fotos de trens de passageiros no ramal de Piracicaba. "Três carros, além da locomotiva diesel 3613, se afastavam,

Em fevereiro de 1977, o último trem de passageiros chega à estação de Piracicaba
(Foto Jornal de Domingo, Piracicaba, 20/07/1976).
se afastavam, faróis ligados, do resto da composição. O carro de bagagens 6720, o carro de primeira 6113, seus bancos, seu interior, iluminados fracamente. O carro de segunda 6210. Algumas das 14 ou 15 pessoas que desceram não se deram conta de que aquela era a última vez. A locomotiva iria em seguida deixar em um desvio a composição. O apito já havia deixado de ecoar na estação de Piracicaba, último estertor de uma tradição de 55 anos. Houve um tempo em que três a quatro carros da composição viajavam lotados, tendo de ser adaptado o carro-correio para que ali se instalassem mais passageiros em bancos de madeira". (Jornal de domingo, Piracicaba, 20/02/1977).