Cia. Paulista
(1893-1962)
Bitola: métrica
ACIMA: A estação de São Carlos, em 2001. Os
trilhos do embarque para o ramal saíam do meio da plataforma,
que, com o final do trem, foi coberta com pedras (Foto Hermes Y.
Hinuy)
ACIMA: A estação de Água Vermelha, em 1998,
antes da demolição (Foto Ralph M. Giesbrecht)
ACIMA: A estação abandonada de Alfredo Ellis, em 1998.
ABAIXO: Santa Eudóxia, hoje uma escola, em 1998 (Fotos Ralph
M. Giesbrecht).
ABAIXO: O ramal. O círculo vermelho mostra a posição
da estação da Babilônia (IBGE, 1958).
Veja também:
Contato
com o autor
Indice
Nota: As informações contidas nesta
página foram coletadas em fontes diversas, mas principalmente
por entrevistas e relatórios de pessoas que viveram a época.
Portanto é possível que existam informações
contraditórias e mesmo errôneas, porém muitas
vezes a verdade depende da época em que foi relatada. A ferrovia
em seus 150 anos de existência no Brasil se alterava constantemente,
o mesmo acontecendo com horários, composições
e trajetos (o autor).
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O Ramal da Água Vermelha foi
construído pela Cia. Paulista e entregue em 1893, utilizando-se
de projeto da Cia. Rio Clarense. Ficava, e ficaria até hoje
se ainda existisse, em território do município de São
Carlos, com km de extensão. Foi fechado em fevereiro de 1962
e teve os trilhos erradicados em 1964.
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Percurso:
São Carlos - Santa Eudóxia
Origem da linha:
São Carlos-Araraí - 1892
Araraí-Santa Eudóxia - 1893
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Infelizmente as informações
sobre o tempo dos trens de passageiros que viajava pelo ramal da Água
Vermelha são raríssimas. Era uma espécie de trem
de subúrbio, pois ligava bairros rurais afastados de São
Carlos, como Babilônia, Capão Preto, Água Vermelha
(que dava nome ao ramal mas não era a estação
terminal), talvez o maior deles, e Santa Eudóxia. As outras
estações parecem ter sido apenas paradas de
fazendas. "Quando fui fotográfar a Baldwin 821 que supostamente
trafegou por esse ramal, e hoje está
exposta numa praça de São Carlos, lá estava um ex-usuário
do ramal da Água Vermelha. Contou que,
quando menino, vinha fazer o ginásio em São Carlos e que pegava
o trem na fazenda Floresta. Ele
aparentava ter uns 60 anos, assim deve ter usado o trem a vapor no
final dos anos 1950. Em 1963,
quando comecei o ginásio, os alunos das fazendas da região de Água
Vermelha e Santa Eudóxia já vinham
de bicicleta, pois o trem não mais existia" (José
Alfeo Rohm, julho de 2006).
ACIMA:
Trem de passageiros de Água Vermelha. Ao fundo, São
Carlos. Autor e data desconhecidas. ABAIXO: Supostamente o trem que
saía no
final da tarde para Santa Eudoxia até meados dos anos 1950.
Aí o horário foi mudado. Autor e data desconhecidos.
Em 1918,
época das fotos, a viagem começava em São Carlos,
passava por Babilônia, corria ao lado do rio Quilombo.
...em
seguida, passava por Floresta, Canchim e Capão Preto...
...
para em
seguida subir a encosta até Água Vermelha, passar por
Araraí e Alfredo Ellis...
...para
finalmente terminar na estação de Santa Eudóxia
(Fotos Filemon Peres)
O trem partia pela manhã
de Santa Eudóxia e no final da tarde retornava para São
Carlos, como era de se esperar: o movimento era muito
maior de pessoas que precisavam se deslocar a São Carlos, dos
bairros, para retornarem à noite. Segundo antigos ferroviários,
quando
quiseram acabar com o ramal - deficitário, segundo a Paulista,
na época - simplesmente inverteram os horários e o trem
esvaziou. Aí,
acabaram com ele devido ao "pouco movimento". As vilas de
Água Vermelha e de Santa Eudóxia são hoje os
maiores bairros mas não
parecem ter crescido muito desde então, tendo ficado elas com
transporte deficitário por muito tempo, à exceção
do primeiro, que fica
ao lado da rodovia que liga São Carlos a Ribeirão Preto.
Em 1916 (acima). tentou-se conseguir mais um ramal diário para
o ramal de Agua Vermelha, para que quem necessitasse vir de São
Carlos para Santa Eudóxia pudesse faze-lo de foirma a retornar
no mesmo dia (O Estado de S. Paulo, 28/1/1916).
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AO
LADO: Os rumores de fechamento do ramal em 1958 incomodavam
a cidade. O ramal durou, no entanto, quatro anos mais (Folha
da Manhã, 27/3/1958).
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"Meu
marido nasceu na estação de Babilônia, que era um vilarejo com um
movimento grande, pois as fazendas em volta enviavam o leite
para ser embarcado no trem. A família dele tinha uma farmácia, e cerca
de 15 famílias mais ou menos moravam na vila. Com o fim do
trem, ela se esvaziou. Estivemos lá pela última vez em 1991, e a vila
estava completamente abandonada e deteriorada. A estação estava
de pé, mas em ruínas, e soubemos que pessoas costumam ir lá para roubar
madeiras da mesma". (Elvia Nereide Cerri Jordão, 20/10/1997).
ACIMA: (esquerda) o horário dos trens em dezembro de 1957 e
(direita) em julho de 1960. Realmente, o que os ferroviários
falaram era real. O
horário de 1960 tirava o sentido do trem, já que chegasse
a São Carlos quase às 5 da tarde não tinha mais
tempo para fazer seus negócios e teria
de dormir duas noites na cidade, para poder passar o dia seguinte
inteiro e encontrar lojas e escritórios abertos. Golpe baixo
da Paulista (Guias Levi,
12/1957 e 07/1960). Finalmente, o mapa da linha (CLIQUE PARA AMPLIAR)
(Cortesia Alfeo Röhm).
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