Ouro Verde (Sorocabana)
(São Paulo)

 

Sorocabana (anos 1940-1971)
Fepasa (1971-c.1980)

Bitola: métrica.

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Nota: As informações contidas nesta página foram coletadas em fontes diversas, mas principalmente por entrevistas e relatórios de pessoas que viveram a época. Portanto é possível que existam informações contraditórias e mesmo errôneas, porém muitas vezes a verdade depende da época em que foi relatada. A ferrovia em seus 150 anos de existência no Brasil se alterava constantemente, o mesmo acontecendo com horários, composições e trajetos (o autor).

Trem de passageiros operado pela Sorocabana entre os anos 1940 e 1971, com a Fepasa tendo-os operado até pelo menos meados dos anos 1970. Ele operava na linha-tronco, São Paulo-Presidente Epitácio. Em 1966 a Sorocabana atingiu o máximo de sua eletrificação (até Assis) e, se o Ouro Verde continuava, havia que se trocar locomotivas elétricas para diesel em Assis. Havia na linha-tronco outras composições, mas essa parecia ser a mais luxuosa. A partir do final dos anos 1970, já como a Fepasa como operadora, as composições começaram a não ter mais um padrão de carros e locomotivas e o Ouro Verde foi se acabando aos poucos. Em janeiro de 1999, acabaram todos os trens de passageiros dessa linha.

Meu forte mesmo era a EFS (desde 1950), fazendo São Roque-Assis. São memórias que vêm a tona. Os bifes à cavalo nos restaurantes da EFS - está certo que meu pai era chefe de movimento da EFS e tinha tratamento VIP - eram simplesmente fantásticos. Os carros dormitórios principalmente do Ouro Verde eram um luxo mesmo. Tudo em couro de porco. Acabamento de primeira. Tudo funcionava 100%. Inclusive quando você chamava o cabineiro, o atendimento era imediato. E hoje, nem trem temos. Pena. Quanto ao acoplamento, antigamente, creio que até 1980 ou mais um pouco, as ferrovias tinham os maquinistas de trem de passageiros e trem de carga. Para subir de categoria, de carga para passageiros, tinha de fazer cursos especiais. E não era fácil de isso acontecer não. Essa suavidade de acoplamento era fruto de muito treinamento. David
Ouro Verde foram a minha infância. O Ouro Verde tinha 14 leitos em 7 cabines. Sempre me chamou a atenção o acabamento que para mim, na época, era deslumbrante. Tudo em couro, impecável. O leito superior era
sustentado por duas hastes em couro (uma em

Acima, o Ouro Verde na Serra de Botucatu, em 1960 (clique sobre a foto para vê-la maior) (Fotos Waldemar Ramanzini, acerco José David de Castro).
cada ponta) e cercado por uma tela todinha em couro e fio trançado, que acredito ser linho. As cabines 2-3, 4-5 , 6-7 eram ou podiam ser interligadas. Prá família mesmo. A EFS era rígida nesse aspecto. Se alguém solteiro pagava o dormitório, ou viajava na cabine 1, sem contato com mais ninguém, ou destinavam uma das intercambiáveis, mas travavam as portas. O solteiro viajava realmente só. Coisas do tempo antigo. Bem, as janelas eram tipo persiana, em material flexível (tipo courvim) mas amplas. a visão de dentro para fora era ótima. Panorâmica. O vaso funcionava. Quando em desuso, era coberto por um tampo em metal e forrado de um tecido, tipo Gobelin. Em uma única ocasião, num Natal, fiz a viagem São Roque-Assis em uma composição com 24 carros. A maior parte era Budd 500, mas os dormitórios (onde mais uma vez eu estava, pela mordomia de meu pai) eram todos Ouro Verde. Waldemar Ramanzini. David

Acima, outra vez o Ouro Verde na Serra de Botucatu, em 1960 (clique sobre a foto para vê-la maior) (Fotos Waldemar Ramanzini, acerco José David de Castro).
Os Ouro Verde da série 200 foram fabricados na Alemanha pela Linke Hoffmann Werke em 1939. A EFS fabricou carros similares em Sorocaba (as séries 300 e 400 - Bandeirante) na década de 1940. Creio mesmo que os Ouro Verde fossem mais luxuosos que os Budd 500, já que estes eram bastante espartanos, num estilo bem utilitário mesmo. Quando ao rodar, com certeza os Budd 500 davam de 10 a zero nos Ouro Verde, já que os primeiros eram equipados com truques equalizados GSC e os ultimos equipados com uns truques muito simples, conhecidos como tipo "Goerlitz". Já nos tempos da Fepasa pude viajar nos dois e posso dizer que o Ouro Verde rodava duro como um carro de boi. A ABPF tem um carro restaurante Ouro Verde, que foi utilizado como carro socorro pela Fepasa. Mauricio
Outra coisa interessante. Não podemos confundir luxo com conforto. Com o advento dos Budd 550, o conforto era muito maior. E com os 800 mais ainda, embora muita gente tenha visão diferente. Eram carros mais balançantes, ou seja tinham movimento tanto Norte-Sul, como Leste-Oeste. Pessoas susceptíveis chegavam a enjoar.