Trem Belo Horizonte-São João del Rey
(Minas Gerais)

 

RMV (anos 1930)

Bitola: métrica e
0,76 cm



A fachada da estação de São João del Rey, em 2003. (Foto Alexandre Linhares Giesbrecht).

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Nota: As informações contidas nesta página foram coletadas em fontes diversas, mas principalmente por entrevistas e relatórios de pessoas que viveram a época. Portanto é possível que existam informações contraditórias e mesmo errôneas, porém muitas vezes a verdade depende da época em que foi relatada. A ferrovia em seus 150 anos de existência no Brasil se alterava constantemente, o mesmo acontecendo com horários, composições e trajetos (o autor).
Trem direto, assim chamado por fazer um longo percurso parando em pouquíssimas estações, da mesma fora que percorria linhas diferentes da Rede Mineira de Viação, aproveitando-se das linhas da antiga E. F. Oeste de Minas. O trem, segundo as informações obtidas - poucas, e através de Guias Levi de 1936 e 1938 (em um guia de 1932, este trem não existia) - parava em apenas 1 estação durante o percurso: Divinópolis, além das duas terminais - Belo Horizonte e São João del Rey. Ele se utilizava de 2 linhas diferentes: a linha BH-Garças, onde em Divinópolis os passageiros eram obrigados a mudar de trem, pois, dali até São João del Rey, a linha a ser utilizada era a de 76 cm, a célebre "bitolinha" e linha original da extinta EFOM. Aliás, isso mostra que esse trem não era tão "direto" assim: a mudança de composição tomava tempo e era sempre um transtorno. Pelo horário ao lado, de um Guia Levi de 1938, tinha de ser feita em 10 minutos na ida e 16 minutos na volta. Em 1940, este trem não existia mais. Percurso: Belo Horizonte, MG, a São João del Rey, MG, passando por diversas linhas da antiga EFOM, inclusive a da "bitolinha" de 0,76 cm.

O horário acima não dá indicação se os trens eram diários ou se corriam três vezes por semana, como a maioria dos trens "diretos" da RMV nessa época.

Este trem foi provavelmente uma tentativa - frustrada, pois, como outros trens "diretos" de longo percurso, o trem não durou muitos anos - de se incrementar o turismo a São João del Rey, cidade histórica, a partir de um trem mais rápido para quem morava em Belo Horizonte. O trem tinha carro dormitório no trecho da "bitolinha", que era sempre percorrido à noite. Trens diretos não existiram muito no Brasil: pode-se considerar esta linha uma linha rara. (informações baseadas em Guias Levi dos anos de 1932, 1936, 1938 e 1940). Porém, há comentários que mostram que a situação pode ter sido um pouco diferente: "Acredito que, com relação aos trens de longo percurso da RMV, não me parece ter sido possível que eles parassem em apenas três ou quatro estações durante o percurso. Por exemplo, entre BH e Divinópolis, provavelmente havia a parada em Itaúna; o mesmo deveria ocorrer entre Ribeirão Vermelho e Três Corações, com parada em Lavras. Enfim, acho que o Guia Levy, fonte de consulta, restringiu as informações das paradas, talvez por se tratarem de linhas muito secundárias, fora do foco do Guia ou talvez por pura falta de informação. Não pode ser típico que os trens da RMV fizessem percursos assim tão diretos, suprimindo paradas em cidades de porte – nem a Paulista, a soberana Paulista, tinha percursos tão diretos com os seus famosos “Trens Azuis”. Também não havia condições técnicas, culturais, políticas, enfim, que possibilitassem percursos tão longos com pouquíssimas paradas. Acho que o Guia Levy literalmente suprimiu as informações das demais paradas, indicando apenas as paradas onde ocorriam troca de composições, ‘baldeações’, etc. Quanto aos carros dormitório, acredito que as informações procedem. Eram conectados para utilização apenas nos períodos de percurso noturno. Na época, os usuários os utilizavam somente para realmente dormir, preferindo permanecer nos carros de primeira classe nas demais horas da viagem para sociabilizar (meu avô fazia o mesmo em suas viagens de trem ... dizia o português, “a cabine eu só utilizo para dormir” ... nos demais horários da viagem, “permaneço no carro de primeira, no restaurante ou, quando havia, no carro salão” - o pullman). De qualquer forma, são apenas comentários muito mais intuitivos do que fundamentados em dados reais" (Elly R Oliveira Jr., 02/2007).