Trem Belo Horizonte-Uberaba
(Minas Gerais)

 

RMV (anos 1930)

Bitola: métrica.



A estação de Uberaba, nos anos 1910. Esta estação existiu até o ano de 1947, quando foi substituída por uma maior e mais moderna - que, por sua vez, jã deu lugar a uma mais nova, em 1971 (Foto do Álbum de estações da Mogiana, 1910).

Veja também:


Contato com o autor

Indice

Nota: As informações contidas nesta página foram coletadas em fontes diversas, mas principalmente por entrevistas e relatórios de pessoas que viveram a época. Portanto é possível que existam informações contraditórias e mesmo errôneas, porém muitas vezes a verdade depende da época em que foi relatada. A ferrovia em seus 150 anos de existência no Brasil se alterava constantemente, o mesmo acontecendo com horários, composições e trajetos (o autor).
Trem direto, assim chamado por fazer um longo percurso parando em pouquíssimas estações, da mesma fora que percorria linhas diferentes da Rede Mineira de Viação, aproveitando-se das linhas da antiga E. F. Oeste de Minas. O trem, segundo as informações obtidas - poucas, e através de Guias Levi de 1936 e 1938 (em um guia de 1932, este trem não existia) - parava em apenas 3 estações durante o percurso: Divinópolis, Garças de Minas e Araxá, além das duas terminais - Belo Horizonte e Uberaba. Ele se utilizava de pelo menos 3 linhas diferentes: a linha BH-Garças, a Garças-Ibiá (parte do tronco da RMV) e a Ibiá-Uberaba. Em 1940, este trem não existia mais. Ele foi provavelmente uma tentativa - frustrada, pois, como outros trens "diretos" de longo percurso, o trem não durou muitos anos - de se integrar a cidade de Uberaba ao Estado de Minas, posto que toda a região servida por trens da Mogiana tinha muita influência paulista. Outro motivo pode ter sido fazer uma linha mais rápida para a região cafeeira do norte de São Paulo, cujo centro era Ribeirão Preto, atingida pelo trem que percorria a Mogiana desde Uberaba. Para isto, ele tinha de ter correspondência com os trens da Mogiana em Uberaba. O trem tinha carro dormitório. Como outros trens diretos da RMV que existiram na mesma época, boa parte do percurso era realizada durante a noite.
Trens diretos não existiram muito no Brasil: pode-se considerar esta linha uma linha rara.
As informações foram baseadas em Guias Levi dos anos de 1932, 1936, 1938 e 1940.
Percurso: Belo Horizonte, MG, a Uberaba, MG, passando por diversas linhas da antiga EFOM.
Pode-se notar pelo horário acima
que o trem corria três dias por semana, e que o trem que ia não
era o mesmo que voltava.

Este trem foi provavelmente uma tentativa - frustrada, pois, como outros trens "diretos" de longo percurso, o trem não durou muitos anos - de se integrar a cidade de Uberaba ao Estado de Minas, posto que toda a região servida por trens da Mogiana tinha muita influência paulista. Outro motivo pode ter sido fazer uma linha mais rápida para a região cafeeira do norte de São Paulo, cujo centro era Ribeirão Preto, atingida pelo trem que percorria a Mogiana desde Uberaba. Para isto, ele tinha de ter correspondência com os trens da Mogiana em Uberaba. O trem tinha carro dormitório. Como outros trens diretos da RMV que existiram na mesma época, boa parte do percurso era realizada durante a noite. Trens diretos não existiram muito no Brasil: pode-se considerar esta linha uma linha rara. (informações baseadas em Guias Levi dos anos de 1932, 1936, 1938 e 1940).
Porém, há comentários que mostram que a situação pode ter sido um pouco diferente: "As informações foram baseadas em Guias Levi dos anos de 1932, 1936, 1938 e 1940. Acredito que, com relação aos trens de longo percurso da RMV, não me parece ter sido possível que eles parassem em apenas três ou quatro estações durante o percurso. Por exemplo, entre BH e Divinópolis, provavelmente havia a parada em Itaúna; o mesmo deveria ocorrer entre Ribeirão Vermelho e Três Corações, com parada em Lavras. Enfim, acho que o Guia Levy, fonte de consulta, restringiu as informações das paradas, talvez por se tratarem de linhas muito secundárias, fora do foco do Guia ou talvez por pura falta de informação. Não pode ser típico que os trens da RMV fizessem percursos assim tão diretos, suprimindo paradas em cidades de porte – nem a Paulista, a soberana Paulista, tinha percursos tão diretos com os seus famosos “Trens Azuis”. Também não havia condições técnicas, culturais, políticas, enfim, que possibilitassem percursos tão longos com pouquíssimas paradas. Acho que o Guia Levy literalmente suprimiu as informações das demais paradas, indicando apenas as paradas onde ocorriam troca de composições, ‘baldeações’, etc. Quanto aos carros dormitório, acredito que as informações procedem. Eram conectados para utilização apenas nos períodos de percurso noturno. Na época, os usuários os utilizavam somente para realmente dormir, preferindo permanecer nos carros de primeira classe nas demais horas da viagem para sociabilizar (meu avô fazia o mesmo em suas viagens de trem ... dizia o português, “a cabine eu só utilizo para dormir” ... nos demais horários da viagem, “permaneço no carro de primeira, no restaurante ou, quando havia, no carro salão” - o pullman). De qualquer forma, são apenas comentários muito mais intuitivos do que fundamentados em dados reais" (Elly R Oliveira Jr., 02/2007).

Alguns comentam uma situaçãi deste trem um pouco mais recente: "A freqüência do trem Belo Horizonte-Uberaba era às terças,quintas e sábados, daí a conexão em Garças. A linha Três Corações-Lavras era servida por ambos, o misto M9 diário e o N1 de passageiros. O N1 saia de Três Corações as segundas, quartas e sextas-feiras, com o carro que vinha de Cruzeiro. Passava e parava em cidades como Perdões, Campo Belo, Formiga e Arcos" (Sérgio Ricardo Gomes de Moura).