Trem Cruzeiro-Araxá
(Minas Gerais)

 

RMV (anos 1930)

Bitola: métrica.



A estação de Araxá, em 1956 (Foto da Enciclopédia dos Municípios Brasileiros, 1958).

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Nota: As informações contidas nesta página foram coletadas em fontes diversas, mas principalmente por entrevistas e relatórios de pessoas que viveram a época. Portanto é possível que existam informações contraditórias e mesmo errôneas, porém muitas vezes a verdade depende da época em que foi relatada. A ferrovia em seus 150 anos de existência no Brasil se alterava constantemente, o mesmo acontecendo com horários, composições e trajetos (o autor).
Trem direto, assim chamado por fazer um longo percurso parando em pouquíssimas estações, da mesma fora que percorria linhas diferentes da Rede Mineira de Viação, aproveitando-se da unificação de diversas ferrovias mineiras (no caso, as antigas E. F. Minas e Rio, E. F. Sapucaí e E. F. Oeste de Minas). O trem, segundo as informações obtidas - poucas, e através de Guias Levi de 1936 e 1938 (em um guia de 1932, este trem não existia) - parava em apenas 3 estações durante o percurso: Três Corações, Ribeirão Vermelho e Formiga, além das duas terminais - Cruzeiro e Araxá. Ele se utilizava de pelo menos 4 linhas diferentes: linha Cruzeiro-Tuiuti, linha Três Coraçoes-Lavras, a linha-tronco da RMV e finalmente o ramal Ibiá-Uberaba, onde estava a estação de Araxá. Em 1940, este trem não existia mais. Ele foi provavelmente uma tentativa - frustrada, pois o trem não durou muitos anos - de se atrair turistas do Rio de Janeiro a Araxá numa época em que esta cidade era famosa pelos seus balneários e muito freqüentada. Ele encurtava o caminho por trem entre o Rio (via Central do Brasil até Cruzeiro) e Araxá. Realmente, se olharmos o horário desse trem publicado em 1938 (Guia Levi), podemos notar que o trem tinha correspondência com composições que vinham do Rio de Janeiro e de São Paulo pela linha da Central e que paravam em Cruzeiro (RP-1 e RP-2). Curiosamente, o trem fornecia carro dormitório apenas entre Três Corações e Garças de Minas, onde estava boa parte do período noturno, tanto na ida como na volta (donde se chega à conclusão que em Garças também existia uma parada, mas que provavelmente não embarcava ou desembarcava passageiros). Ou ficaria a composição sempre com o carro dormitório atrelado, aberto apenas no período que lhe interessava?
Trens diretos não existiram muito no Brasil: pode-se considerar esta linha uma linha rara.
As informações foram baseadas em Guias Levi dos anos de 1932, 1936, 1938 e 1940.
Percurso: Cruzeiro, SP, a Araxá,
MG, passando por diversas linhas
da antiga Sapucaí e EFOM.

Pode-se notar pelo horário acima
que o trem corria três dias por semana, e que o trem que ia não
era o mesmo que voltava.

Este trem foi provavelmente uma tentativa - frustrada, pois o trem não durou muitos anos - de se atrair turistas do Rio de Janeiro a Araxá numa época em que esta cidade era famosa pelos seus balneários e principalmente por seu cassino - então, muito freqüentada. Ele encurtava o caminho por trem entre o Rio (via Central do Brasil até Cruzeiro) e Araxá. Realmente, se olharmos o horário desse trem publicado em 1938 (Guia Levi), podemos notar que o trem tinha correspondência com composições que vinham do Rio de Janeiro e de São Paulo pela linha da Central e que paravam em Cruzeiro (RP-1 e RP-2). Curiosamente, o trem fornecia carro dormitório apenas entre Três Corações e Garças de Minas, onde estava boa parte do período noturno, tanto na ida como na volta (donde se chega à conclusão que em Garças também existia uma parada, mas que provavelmente não embarcava ou desembarcava passageiros). Ou ficaria a composição sempre com o carro dormitório atrelado, aberto apenas no período que lhe interessava?
Trens diretos não existiram muito no Brasil: pode-se considerar esta linha uma linha rara.
(informações baseadas em Guias Levi dos anos de 1932, 1936, 1938 e 1940). Porém, há comentários que mostram que a situação pode ter sido um pouco diferente: "Acredito que, com relação aos trens de longo percurso da RMV, não me parece ter sido possível que eles parassem em apenas três ou quatro estações durante o percurso. Por exemplo, entre BH e Divinópolis, provavelmente havia a parada em Itaúna; o mesmo deveria ocorrer entre Ribeirão Vermelho e Três Corações, com parada em Lavras. Enfim, acho que o Guia Levy, fonte de consulta, restringiu as informações das paradas, talvez por se tratarem de linhas muito secundárias, fora do foco do Guia ou talvez por pura falta de informação. Não pode ser típico que os trens da RMV fizessem percursos assim tão diretos, suprimindo paradas em cidades de porte – nem a Paulista, a soberana Paulista, tinha percursos tão diretos com os seus famosos “Trens Azuis”. Também não havia condições técnicas, culturais, políticas, enfim, que possibilitassem percursos tão longos com pouquíssimas paradas. Acho que o Guia Levy literalmente suprimiu as informações das demais paradas, indicando apenas as paradas onde ocorriam troca de composições, ‘baldeações’, etc. Quanto aos carros dormitório, acredito que as informações procedem. Eram conectados para utilização apenas nos períodos de percurso noturno. Na época, os usuários os utilizavam somente para realmente dormir, preferindo permanecer nos carros de primeira classe nas demais horas da viagem para sociabilizar (meu avô fazia o mesmo em suas viagens de trem ... dizia o português, “a cabine eu só utilizo para dormir” ... nos demais horários da viagem, “permaneço no carro de primeira, no restaurante ou, quando havia, no carro salão” - o pullman). De qualquer forma, são apenas comentários muito mais intuitivos do que fundamentados em dados reais" (Elly R Oliveira Jr., 02/2007).