Trem Minuano e Trem Pampeiro
(De Porto Alegre a vários destinos no Rio Grande do Sul)
(Rio Grande do Sul)

 

VFRGS / RFFSA (1954-anos 1980)

Bitola: métrica.


Acima, a estação de Porto Alegre, sem data, demolida em 1970, de onde até então saíam o Minuano e o Pampeiro
(Foto de cartão postal). Abaixo, a estação de São Borja, em 2002 onde chegava o Pampeiro (Foto do livro Patrimônio Ferroviário do Rio Grande do Sul, IPHAE, p. 100).



Acima, copa e bar do Minuano, em 1956. Abaixo, poltronas do carro, mesmo ano (Fotos Revista Ferroviária, abril de 1956).



Acima, interior do carro do Minuano, em 1956 (Foto Revista Ferroviária, abril de 1956). Abaixo, poltronas do Pampeiro - carro fabricado em Santa Maria - em 1969 (Foto Correio dos Ferroviários, 02/1969).



Acima, foto de propaganda da VFRGS: "Moderna locomotiva diesel-hidráulica" (De revista dos anos 1960). Abaixo, o Minuano, 1972, na estação de Porto Alegre (Foto revista Correio dos Ferroviários, 1972).

Abaixo, uma automotria semelhante ao Minuano, mas na verdade, construída nas oficinas da VFRGS (notar a parte superior frontal), foto sem data em Porto Alegre, sem data - provavelmente anos 1960 (Acervo Ralph M. Giesbrecht).

Uma boa descrição e história sobre o Minuano e o Pampeiro seque abaixo, embora com algumas diferenãs em relação ao que é exposto nos textos à direita, a todos extraídos de revistas especializadas da época: "Os trens Minuano adquiridos pela VFRGS, eram trens-unidade, compostos por 3 carros (os dois das extremidades eram motores, tração diesel, da MAN, com transmissão hidráulica da VOITH e o do centro era um carro com um "buffet-bar"; o trem tinha capacidade para 120 passageiros distribuídos nos três carros com poltronas reclináveis, tipo "Pullman"), estes trens-unidade podiam ser acoplados em composições maiores (viajei num composto por três trens-unidade acoplados, no trecho Santa Maria-Porto Alegre, na década de 60). A VFRGS possuiu 12 trens-unidade desse tipo e inicialmente faziam apenas a linha Porto Alegre-Santa Maria; posteriormente passaram a trafegar nas demais linhas (Porto Alegre-Uruguaiana, Porto Alegre-Livramenrto e Porto Alegre-Cruz Alta-Santo Ângelo-Santa Rosa). Já no final da carreira, os veteranos Minuano serviram na linha Porto Alegre-General Câmara. Foram, depois, substituídos pelos trens-unidade da GANZ-MAVAG (Húngaros), adquiridos na Hungria. Com a liquidação das linhas de passageiros, não sei ao certo, julgo que todos os trens-unidade tiveram o infeliz destino da sucata, cortados a maçarico e vendidos a peso; os trens Pampeiro serviram apenas na linha Porto Alegre-Santa Maria-São Borja e eram constituídos por carros convencionais de aço-carbono (alguns remanescentes do "Farroupilha", parte adquiridos nos Estados Unidos e parte montados nas oficinas da VFRGS, na década de 30, e outros fabricados e reformados nas próprias oficinas da VFRGS) tracionados por locomotivas diesel (geralmente G -12 em tração simples, às vezes dupla, ou no final da carreira, as diesel mais modernas da MACOSA); os vagões do Pampeiro eram pintados nas mesmas cores dos trens-unidade Minuano (vermelho cereja com listas creme), mas não eram, em nada, similares." (Eduardo Segundo Liberali Wizniewsky, 11/2005)

Veja também:


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Índice

Nota: As informações contidas nesta página foram coletadas em fontes diversas, mas principalmente por entrevistas e relatórios de pessoas que viveram a época. Portanto é possível que existam informações contraditórias e mesmo errôneas, porém muitas vezes a verdade depende da época em que foi relatada. A ferrovia em seus 150 anos de existência no Brasil se alterava constantemente, o mesmo acontecendo com horários, composições e trajetos (o autor).

Em 1954, a VFRGS introduziu os trens Minuano e Pampeiro, que eram TUDs (Trens-Unidade Diesel) alemães IRFA-MAN (Maschinenfabrik Augsburg-Nürnberg AG), encomendados dois anos antes. No início - pelo menos nos primeiros dois anos - rodaram entre a capital e Cruz Alta, e também da capital a Bagé. Eram duas composições alemãs. A nomenclatura era confusa: eram composições bastante semelhantes, que eram nomeadas (Minuano ou Pampeiro) conforme as rotas. Mais tarde, passaram a rodar entre Porto Alegre e Uruguaiana e entre Porto Alegre e São Borja. A partir dos anos 1960, passaram a existir TUDs construídos nas oficinas de Santa Maria agora com 5 unidades e não mais com três como originalmente. Parecem ter rodado até os anos 1980. Houve pelo menos um Minuano que seguiram até Brasília, numa das viagens inaugurais da linha. Também existiram TUDs com essa característica trafegando na linha de Porto Alegre a General Câmara.

Percursos:
Porto Alegre-Dilermando de Aguiar-São Borja e Porto Alegre-Uruguaiana, Porto Alegre-Cacequi-Livramento e Porto Alegre-Santa Maria
Origem das linhas:

As diversas linhas pelas quais o Minuano e o Pampeiro trafegaram cobriram boa parte do Estado. Eram linhas que foram construídas em diversas épocas a partir de 1883 até a entrega de algumas variantes em 1963.
Horários:
Alguns dos horários são descritos abaixo em meio às diversas notas sobre o Minuano e o Pampeiro. Nos Guias Levi, não encontrei, por exemplo, nenhuma composição que seguisse diretamente entre Porto Alegre e São Borja que oudesse corresponder a um horário do Pampeiro, nem qualquer horário que se referisse especificamente a essa uma as duas composições.

Trens de automotrizes diesel-hidráulicas de três elementos fabricados pela MAN alemã - As duas composições automotrizes de experiência que em março/abril de 1954 foram postas em serviço pela VFRGS entre Porto Alegre e Cruz Alta e entre Porto Alegre e Bagé têm obtido excelentes resultados. Os assentos são estofados, macios e revestidos com couro sintético. As

Chegada do Minuano a Ijuí, anos 1950, provavelmente 1957. Na legenda da foto no livro original, é citado o nome de Minuano. (Foto Enciclopédia dos Municípios Brasileiros, IBGE, 1959)
paredes são forradas de mogno e o piso é coberto de linóleo. Existem ventiladores oscilantes no teto, que proporcionam uma circulação adequada do ar nos compartimentos dos passageiros. As refeições são servidas aos passageiros em seus próprios assentos. (Revista Ferroviária, abril de 1956) Notar que esse trajeto até Bagé parece ter sido abandonado logo depois, enquanto o para Cruz Alta foi prolongado até Santa Rosa.

Acima, as duas composições que a VFRGS então possuía, uma atrás da outra, em Montenegro, em 1956. Abaixo, plantas adas automotrizes originais alemãs (Fotos Revista Ferroviária, abril de 1956).

Cada composição do Minuano oferece 118 assentos confortabilíssimos. Os carros são de aço e de construção leve (Correio dos Ferroviários, abril de 1964). O Pampeiro é composto de dois carros-salão, um azul e outro

Foto do Minuano, em local e data não identificadas (Foto Guido Mota). Abaixo, o Minuano em local não identificado, no final dos anos 1960 (Foto Revista REFESA, março-abril 1970).

vermelho, dotados de poltronas-leito e inteiramente construídos nas Oficinas de Santa Maria. É tracionado por locomotiva diesel e leva, ainda, carro-dormitório e carro restaurante, com todos os requisitos para a prestação de um bom serviço. Faz o percurso de Porto Alegre a São Borja diariamente. Quanto ao Minuano, ele trafega nos trechos de longa distância, de Porto Alegre a Uruguaiana, a Livramento e a Santa Rosa. As viagens são noturnas, partindo, diariamente, à tarde (19 horas) e chegando ao destino no dia seguinte pela manhã, às 8 horas (nota: em Uruguaiana? Note que no texto ele cita também finais em Livramento e em Santa Rosa). (Correio dos Ferroviários, 02/1969)

ACIMA: (esquerda) Propaganda do Minuano - anos 1960 (reprodução de revista não identificada). (direita) Interior de um carro do Minuano (Sem data, autor não identificado).
O trem Pampeiro corre de Porto Alegre a São Borja, todas as 2as, 4as e 6as feiras às 17 horas, partindo de Porto Alegre. Os carros possuem poltronas-leito reclináveis dotados internamente de todo o conforto. É no verão, todavia, que aumenta consideravelmente o movimento para a fronteira argentina, época de férias. O Pampeiro, por isso mesmo, com dormitório, restaurante e bar, merece preferência por sua apresentação e serviço. (Revista Refesa, março de 1969) Veja que a foto abaixo, publicada na revista e citado como sendo o Pampeiro, quando comparada com a descrição que Eduardo Wizniewsky faz sobre o mesmo trem, não condiz exatamente.

Trem Pampeiro, em 1969 - note que a revista chama de Pampeiro, mas é igual ao carro da foto acima, da propaganda que cita o Minuano (Revista Refesa, março de 1969). Abaixo, uma das viagens feitas com o Minuano para inaugurar trechos do Tronco Principal Sul. Aqui, ele está saindo de um túnel no trecho Lajes-Vacaria, em 1968, de acordo com a revista - mas a data mais provável é março de 1969, quando o trecho foi inaugurado (Foto Revista Ferroviária, janeiro de 1995)

"Fiz diversas viagens em minha infância neste belo e inesquecível trem de passageiros. Tinha vagões leito, restaurante/bar, banheiro. O bar era utilizado para o café da manhã e lanches. O almoço, na linha Porto Alegre - Santa Rosa, era servido na Estação Ferroviária de Santa Maria. As minhas viagens tinham como destino, a terra dos meus avós, Catuípe, cidade localizada entre Ijuí e Santo Ângelo. Uma vez numa dessas viagens, o

Minuano (Acervo Antonio C. Belviso)
Minuano ficou parado por duas horas, pois uma enorme boiada estava cruzando a linha férrea. O resultado foi telegrafar de uma estação próxima em antecipar o almoço para a estação de Rio Pardo. Os trens Minuanos foram retirados de circulação no meio da década de 80 sendo substituído

Acima, o Minuano (de acordo com a revista), provavelmente em Santa Maria, em 1964 (Revista Correio dos Ferroviários, abril de 1964).
pelos Trens Húngaros. Eu fiz uma das últimas viagens do Minuano, quando em 1975 viajei com destino ao Município de General Câmara, pois o carro-motor que servia essa cidade estava enguiçado. Fiquei triste com o estado dos dois carros do Minuano utilizados, com vidros quebrados, bastante danificado. Fim de um glorioso e belo trem que cruzou diversas vezes os pampas gaúcho." (Marcus Anversa, 04/2003)

Acima, o Minuano, sem data (Acervo José Emilio Buzelin).
Outros conhecedores, como o Milton Amaral, afirmam que os fatos relatados acima não correspondem à verdade: "Como nos demais casos em que se encontra referência ao Minuano, há uma confusão a respeito do Pampeiro. Até fotos do Minuano são postadas como sendo o Pampeiro, este fabricado em Santa Maria. Na verdade, foram dois trens completamente diferentes. O Pampeiro eram um trem Normal,noturno, porém parador, tracionado por uma G-12, como consta na sua informação. Não foram construídas Unidades do Minuano em Santa Maria. O Pampeiro não foi pintado como o Minuano. Sempre teve a cor padrão dos trens de passageiros da RFFSA. É verdade que foram aproveitados carros do antigo Trem Farroupilha. Alguns carros do Pampeiro, se encontram Hoje na gare de Santa Maria, aguardando recuperação. Outros carros estão servindo no trem turístico em Garibaldi-RS. Mais alguns servem de alojamento para operários, em Rio Grande e em outras cidades.
(Fontes: Nicholas Burman; Thomas Corrêa; Marcus Anversa; Milton Amaral; Christoffer R.; Antonio C. Belviso; José Emilio Buzelin; Eduardo S. L. Wizniewsky; Revista Refesa, Revista Correio dos Ferroviários, Revista Ferroviária)