Trem de passageiros que desde o seu início até os anos 1940 trafegava em bitola métrica diretamente da estação de Alfredo Maia até Três Rios (a partir de 1913, até Porto Novo do Cunha) pela antiga linha da Cia. Melhoramentos, depois encampada pela Central com o nome de Linha Auxiliar. A partir dos anos 1940, com a modificação radical feita pela Central de suas linhas, com alargamento de bitolas, duplicações e eletrificações, esse trem passou a ser quebrado em trechos. Em 1963, a Leopoldina, com a desativação da linha de Petrópolis, ficou com a Auxiliar e era por ela que seus trens subiam a serra em bitola métrica, para atingir Porto Novo e toda a sua malha mineira. Parte da sua linha original na baixada fluminense passou a transportar apenas trens de subúrbio, e parte foi abandonada ou transformada em linha de cargueiros.

No relato do viajante a seguir, feito em 1929, nota-se que ele, para chegar até Governador Portela (onde pegaria outro trem para o ramal de Jacutinga), ele se utiliza do trem da linha do Centro, mais rápido e em bitola larga, até Belém (Japeri), para somente depois tomar a parte da linha Auxiliar que sobe a Serra do Mar: "(Na estação Dom Pedro II) um trem está a partir (...) Cascadura, Deodoro, depois a rodaria da locomotiva até Belém. Aí uma baldeação incômoda por afluência de passageiros, alguns aliviados de dinheiro por gatunos, muitos condenados a viajar de cegonha, num pé e noutro. Novo trem, nova máquina, nova linha, não nova, a da antiga Estrada de Ferro Melhoramentos. A Central chamou-a a si e, para mostrar superioridade, crismou, denominando-a Linha Auxiliar. Belém fica atrás. Galga o comboio a serra do Mar, opulenta de paisagens,

Acima, carro de passageiros da Linha Auxiliar, ainda com o logo da Central acima das janelas, largado em 1992 no pátio de Paraíba do Sul, sem uso havia anos (Foto Bruno de Castilho).
rica de contrafortes. Ascenção linda para céu de montanhas, por estrada de ferro panorâmica. No percurso a maior variedade de aspectos em honra da terra brasileira, digna principalmente de filhos, que correspondam a favores excepcionais da Providência. Ora são píncaros que o trem contorna numa via férrea sem túneis, ora a vista desce a vales cujo colo se enfeita com colares de veios d´água. Pára o trem em várias estações, Paes Leme, Sertão, Bonfim, Vera Cruz e Conrado Niemeyer, até alcançar risonho centro de população, com aspectos de progresso, Portella. Em Portella o viajante escolhe. Segue para Entre Rios, na composição vinda de Belém, ou toma novo comboio, de máquina a gasolina, rumo de Vassouras".

Acima, o trecho de linha da Auxiliar, em 1962, que ainda tinha trens, que na verdade eram de subúrbio, mas num trecho que não havia sido nem nunca foi eletrificado (Guia Levi, setembro de 1962).

Acima, o trem da Auxiliar próximo a Miguel Pereira, por volta de 1958. "Enviei a dita foto (acima) para meu amigo belga e ele, apesar de seus 82 anos de idade e pouca memória, disse-me ter quase absoluta certeza que a foto foi tirada por ele numa viagem para Miguel Pereira. Este meu amigo voltou definitivamente para Antwerpen em início de 1959. Atrás da foto tem um carimbo de uma loja onde fiz a cópia como sendo na Rua Adolfo Bergamini, no Engenho de Dentro, RJ. Trabalhei na estação de Engenho de Dentro, da EFCB, de outubro de 1956 até outubro de 1958. Portanto, a cópia foi feita nem antes nem depois desse período. Há informações de que a EFCB recebeu por empréstimo da VFRGS duas Garratt durante um período de dois anos, mais ou menos no período acima. Provavelmente as utilizou no trecho entre Japeri e Governador Portela, ou mesmo além até Três Rios. Verificamos, eu e o Eduardo Coelho, que as fotos de estações ali existentes são bem parecidas com o prédio que aparece por trás do trem" (Leonardo Bloomfield). "Pelo que me consta, após a criação da RFFSA, a Leopoldina, ou 8a. Divisão, não me lembro bem, funcionou naquela linha até o final dos anos 60. Há varias fotos tiradas em Governador Portela nessa época, onde se vêem várias locomotivas a vapor da Leopoldina. Pessoas daquela localidade inclusive me informaram que algumas Garratts foram baixadas naquele depósito e ficaram lá estacionadas por anos, até serem rebocadas para outro local onde foram cortadas" (Juan Rudolph). (Foto acervo Leonardo Bloomfield, 07/2005).
"Minha família tem um sítio na região de Miguel Pereira e eu cheguei a ir do Rio até lá de trem. Foi em 1978, quando a composição saía de Barão de Mauá e seguia via linha da Leopoldina até Gramacho, logo à frente pegava aquela variante que ia até Japeri, onde encontrava a Linha Auxiliar, prosseguindo até Miguel Pereira. Era um trem horroroso, composto de 3 carros, um bagageiro, um de primeira e outro de segunda. Saía às 5:15hs de B. Mauá, chegava em Miguel Pereira às 10:30hs, trajeto que de carro não leva mais que 2 horas. Sem falar que foi quase toda a viagem vazio, apesar da passagem ser quase de graça. Logo depois o serviço de passageiros foi descontinuado. A linha operou trens cargueiros até 1996 - eu acho - depois foi abandonada" (Juan Rudolph, 2004). Nos anos 1960, havia um trem - uma automotriz, na realidade - que fazia um percurso menor na serra - uma espécie de "suburbinho", ligando Governador Portela a M. Pereira e a Avelar com 2 trens diários e 1 aos domingos. Nos anos 1980, com os trens regulares já desativados, um trem turístico passou a fazer o percurso entre Conrado e Miguel Pereira, no trecho de serra, por alguns anos, o "Trem Azul", operado pela RFFSA. A partir de 2003, parte da linha no município de Paraíba do Sul foi recuperada, dando origem a outro trem turístico operado pela Prefeitura, o "Trem da Estrada Real".