A B C D E
F G H I JK
L M N O P
Q R S T U
VXY Mogiana em MG
Índice de estações
...
Engenheiro Barreto
Iguatu
Jaguaribe
...

Linha-tronco - 1950
...
ESTIVE NO LOCAL: NÃO
ESTIVE NA ESTAÇÃO: NÃO
ÚLTIMA VEZ: N/D
...
 
Rede de Viação Cearense (1910-1975)
RFFSA (1975-1997)
CFN (1997-2011)
IGUATU
Município de Iguatu, CE
Linha-tronco - km 416,298 (1960)   CE-3160
    Inauguração: 05.11.1910
Uso atual: estação da CFN   com trilhos
Data de construção do prédio atual: 1910
 
HISTORICO DA LINHA: A linha-tronco, ou linha Sul, da Rede de Viação Cearense surgiu com a linha da Estrada de Ferro de Baturité, aberta em seu primeiro trecho em 1872 a partir de Fortaleza e prolongada nos anos seguintes. Quando a ferrovia estava na atual Acopiara, em 1909, a linha foi juntada com a E. F. de Sobral para se criar a Rede de Viação Cearense, imediatamente arrendada à South American Railway. Em 1915, a RVC passa à administração federal. A linha chega ao seu ponto máximo em 1926, atingindo a cidade do Crato, no sul do Ceará. Em 1957 passa a ser uma das subsidiárias formadoras da RFFSA e em 1975 é absorvida operacionalmente por esta. Em 1996 é arrendada juntamente com a malha ferroviária do Nordeste à Cia. Ferroviária do Nordeste (RFN). Trens de passageiros percorreram a linha Sul supostamente até os anos 1980.
 
A ESTAÇÃO: A estação de Iguatu foi inaugurada em 1910 numa cidade original do início do século XIX - Vila da Telha - e que adotou o nome de Iguatu em 1883. Em 19 de outubro de 1910, o jornal O Estado de S. Paulo escrevia: "A ponta dos trilhos da E. F. de Baturité chegou a dois quilometros da cidade de Iguatu. A estação desta cidade, cujas obras já estão quase concluídas será inaugurada no dia 5 de novembro próximo". A estação foi a terminal da linha da E. F. Baturité até agosto de 1916, quando ela

ACIMA: A estação de Iguatu, supostamente na sua inauguraçãi em 1910 (Autor desconhecido).
foi prolongada até Cedro, e no ano seguinte, até Lavras. Por isso, os habitantes de Lavras, mais ao sul, tinham de ir até Iguatu para embarcarem, como mostra o texto a seguir: "Entre os negros da fazenda do Tatu, quatro deles, dos mais fortes, deviam estar sempre prontos para carregar a liteira de Dona Federalina, nas suas idas à cidade. Corpulenta, medidas avantajadas, quadris largos, rosto cheio, bonita - diziam, trocou a liteira pelo cabriolé (espécie de charrete), e, depois de velha, estranhamente, começou a andar a cavalo, inspirando uma crônica ao juiz Alvaro Dias Martins, assustado com a vitalidade da velha cavaleira. Temida pelo povo, não era só medo que ela despertava nas pessoas. Quando viajava de Lavras para Iguatu, onde tomava o trem para Fortaleza, e se hospedava na casa do chefe político da cidade, despertava imensa curiosidade. O povo ia à casa do coronel para vê-la, corria às calçadas a fim de lhe assistir a passagem e, na hora do embarque, uma multidão se comprimia na plataforma da estação ferroviária para ver aquela mulher perigosa, valente, cheia de coragem, que mandava matar gente. Essas viagens faziam parte de seu relacionamento com o Presidente da Província. Mas Federalina abusava às vezes dessas boas relações. Chegou a exigir em carta ao Presidente que



ACIMA: Imagens dos galpões em diferentes momentos para dar uma idéia do espaço existente na área da ex-fábrica. ABAIXO: Remoção de equipamentos da antiga fábrica. Nessas fotos, não há sinal de trilhos ou de vagões (Fotos de diversos sites - ver "fontes").

nomeasse um amigo analfabeto para o posto de professor de grego do Liceu de Fortaleza. Provavelmente era ela mesma quem escrevia as próprias cartas. Tinha uma bela letra e assinava Federalina, com a letra E no lugar do I, como era conhecida
" (Matriarcas do Ceará - D. Federalina de Lavras, de Rachel de Queiroz e Heloisa Buarque de Hollanda). Hoje é uma das estações operacionais da CFN, atual concessionária do trecho. Segundo Assis Lima, o prédio sofreu grande reforma em meados dos anos 1970, perdendo suas características originais. Em 2009, a cidade viu o fim de uma das indústrias que certamente alimentaram os trens para Fortaleza, que transportavam o algodão e o óleo ali produzidos - a CIDAO. Foi demolida para dar lugar a uma

ACIMA: Possível caminho do desvio da CIDAO. Reparar que ele parte do pátio da estação, que está no canto esquerdo superior (o armazém também) (Google Maps, 25/12/2009, montagem Carlos Roberto de Almeida).
Universidade. Seus trilhos e até vagões que existiam até novembro em seus depósitos foram sucateados. Em uma notícia do início de 2009, a afirmação de que o material ferroviário seria mantido ali: "Dentro do projeto feito pelo Dr. Campelo, está a idéia de deixar a linha férrea que passa dentro da área e dois vagões de trem estacionados dentro da CIDAO como forma histórica de preservação da memória das antigas edificações" (www.maisfm. org.br/noticias/iguatu). Em novembro, a realidade tornou-se completamente outra: "Telhado, madeira, trilhos e ferro da antiga usina de algodão foram doados para a Paróquia de Nossa Senhora do Perpétuo Socorro, no Bairro Prado. Esses materiais serão utilizados em obras sociais da Igreja. Até mesmo três vagões de trem que estavam há dezenas de anos abandonados sobre trilhos na antiga unidade são cortados com uso de maçarico. Empresários locais adquiriram esses materiais" (http:// diariodonordeste.globo.com). Em novembro de 2010, houve comemorações pelos cem anos da estação de Iguatu. Sem trens. Mais informações aqui.
(Fontes: Carlos Alberto Martins da Matta, 2005; Carlos Roberto de Almeida; João Carlos Reis Pinto, 2002; Assis Lima: Estação José de Alencar, O Povo on Line, 12/4/2009; IBGE: Enciclopédia dos Municípios Brasileiros, 1959; O Estado de S. Paulo, 1910; Rachel de Queiroz e Heloisa Buarque de Hollanda: Matriarcas do Ceará - D. Federalina de Lavras; www.maisfm.org.br/noticias/iguatu; http://diariodonordeste.globo.com; http://macariobatista. blogspot.com; http://blogdeiguatu.blogspot.com; http://iguatu. org/portal/; Guia Geral das Estradas de Ferro do Brasil, 1960; Mapa - acervo R. M. Giesbrecht)
     

A estação de Iguatu, c. 1957. Enciclopédia dos Municípios Brasileiros, vol. XVI, IBGE, 1959

Reforma da estação em 2002. Foto João Carlos Reis Pinto

A estação do Iguatu em 2005. Foto Carlos Alberto Martins da Matta

Cem anos da estação em 11/2010. Foto http://macariobatista. blogspot.com
   
     
Atualização: 30.01.2011
Página elaborada por Ralph Mennucci Giesbrecht.