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E. F. Central de
Pernambuco (1885-1904)
Great Western (1904-1950)
Rede Ferroviária do Nordeste (1950-1975)
RFFSA (1975-1996) |
JABOATÃO
Município de Jaboatão dos Guararapes,
PE |
Linha Centro - km 17 (1960) |
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PE-3114 |
Altitude: 45 m |
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Inauguração: 23.03.1885 |
Uso atual: desconhecido (2022) |
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com trilhos |
Data de construção do
prédio atual: n/d |
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HISTORICO DA LINHA: A Estrada
de Ferro Central de Pernambuco foi aberta em 1885, de Recife a Jaboatão,
pela Great Western do Brasil, empresa inglesa que mais tarde viria
a incorporar quase todas as ferrovias de Pernambuco, estendendo-se
pelos Estados limítrofes. Aos poucos, a linha foi sendo estendida,
somente chegando ao seu extremo, em Salgueiro, no ano de 1963, sem
se entroncar com linha alguma na região. Antes disso, em 1950,
a União incorporou a rede da Great Western, que passou a se
chamar Rede Ferroviária do Nordeste. A EFCP passou a se chamar
Linha Centro. Esta linha, que como toda a RFN passou a ser controlada
pela RFFSA a partir de 1957, passou a ser operada por esta a partir
de 1975. Em 1983, os trens de passageiros foram suprimidos e mantidos
apenas no trecho entre Recife e Jaboatão, como trens de subúrbio.
Atualmente (2005), de Jaboatão para a frente, a linha está
abandonada, sem movimento ferroviário por parte da CFN, concessionária
da linha desde 1997. |
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A ESTAÇÃO: A estação
de Jaboatão foi inaugurada em 1885.
A estação
passou por alguns episódios interessantes na época da
Coluna Prestes (anos 1920): "Na mesma época que a Coluna Prestes se encontrava
no Nordeste foi transferido do Rio de Janeiro para o Recife o tenente
Cleto da Costa Campelo Filho, que havia prometido ao comando da Coluna
Prestes que iria levantar parte do Exército em Pernambuco e juntar-se
à mesma na região do Pajeú. No Recife estavam alguns oficiais revoltosos,
participando da tropa secretamente outros na clandestinidade, que
programavam fazer um levante. Era época de Carnaval e o articulador
do movimento foi o jovem tenente Cleto Campelo. O plano foi descoberto,
alguns conspiradores presos e o levante fracassou. Cleto Campelo conseguiu
fugir para Jaboatão, onde junto com 25 companheiros tomou a cadeia
pública e as oficinas da Great-Western, libertou os prisioneiros prendeu
os policiais e cortou a linha telefônica para o Recife. Apossaram-se
da munição que existia na estação ferroviária, tomaram o trem de passageiros
descarrilando os vagões que não precisavam utilizar. Integraram ao
movimento alguns operários da Great-Western, saquearam parte do comércio
e viajaram pela ferrovia Central com paradas sucessivas em Tapera,
Vitória de Santo Antão e Pombos.
Em Vitória de Santo Antão os rebeldes passavam de 80 homens, almoçaram
no Hotel Fortunato e seguiram em frente. Em Gravatá os legalistas
haviam organizado a resistência. os revolucionários desceram do trem
e foram surpreendidos com muitos tiros. O tenente Cleto Campelo caiu
morto. Era 18 de fevereiro de 1926. A derrota trouxe grande desgosto
para os revoltosos e começou a desistência de vários componentes da
tropa, porém o comandante substituto, tenente Valdemar Lima, dominou
a situação. Valdemar Lima, pernambucano de Recife, conhecido como
"Tenente Limão", ordenou o maquinista a seguir em frente com destino
Bezerros-Caruaru. No entanto, devido a uma sabotagem, o trem descarrilou
alguns quilômetros antes da cidade de Caruaru, num povoado denominado
Gonçalves Ferreira. No momento outros rebeldes fugiram, ficando com
o tenente apenas 30 companheiros. O tenente Valdemar Lima, depois
da queda do trem, sem condução e muito preocupado, desistiu do plano,
que era chegar às margens do Rio São Francisco, onde se encontrava
uma parte da Coluna Prestes comandada pelo tenente
João Alberto Lins de Barros, esperando o tenente Cleto Campelo,
até receber a notícia do fracasso dos companheiros do Recife.
A Coluna atravessou o Rio São Francisco com destino ao Sul"
("A origem de Topada", autor desconhecido, site
http://mq.nlink. com.br/~stefan/caruaru.htm).
A cidade tinha diversos engenhos e usinas,
como o Engenho Gurjaú, a José Rufino e a Bom
Jesus: "Com o objetivo de transportar todo o material
necessário às obras de abastecimento de água da capital e
transporte da cana-de-açúcar produzida nos engenhos da área,
foram construídos, provavelmente em 1914, alguns quilômetros
de via férrea de 1 m de bitola, para uma locomotiva inglesa
do tipo troler provavelmente de 1870. Esta locomotiva, que pertenceu à Usina Dr. José Rufino, funcionou
até cerca de trinta anos atrás. Os trilhos foram retirados pela Usina
Bom Jesus, ficando a trilha de pedras. Na escritura lavrada em 1913,
o proprietário que vendeu a área para o Governo do Estado, se obrigou
a construir a referida via, aproveitando o leito da estrada de rodagem
que vai do Engenho São João até a cidade do Cabo.
O percurso dos trilhos
que atravessavam a Reserva ia do Pontilhão que existiu sobre o rio
Gurjaú no Engenho São Brás, indo ao longo deste, atravessando o Tributário
do riacho São Salvador seguindo ao Norte para as terras do Engenho
Roças Velhas e Usina Bom Jesus. Esta trilha foi muito usada pelos
moradores antigos, havendo relatos de que a área dos trilhos era limpa periodicamente. Na época em que a via era usada existia um
ponto de abastecimento de água para o troler no local onde os trilhos
deixavam o Açude de Gurjaú. Segundo funcionários da PETROFLEX, na
BR-101, o antigo troler que era usado para transportar cana-de-açúcar
para a Usina Bom Jesus é o que está exposto na frente da mesma"
(Fundação Apolônio Salles, 4.5.1 Proposta de
Pré-Zoneamento da Reserva Ecológica de Gurjaú,
p. 211).
Desde pelo menos o início dos anos 1930 a estação já
era o ponto final dos trens de subúrbio, hoje trens metropolitanos,
de Recife, e operados pela CBTU. A estação
que atende aos atuais trens da CBTU não é a mesma antiga,
que em 2012 estava abandonada e com a linha de cargueiros passando por sua plataforma.
Em 1984 a oficina de trens da estação foi demolida por implosão. Externamente era muito bonita
(ver fotos abaixo) e é possível que o motivo para sua demolição tenha sido para dar espaço para o pátio do metrô de Recife.
Em 2010 a situação era muito ruim (veja box abaixo),
mas segundo Idalice Laurentina, coordenadora do Patrimônio
Histórico de Jaboatão dos Guararapes, estava em estudos a transformação
da estação, provavelmente em um Museu do Trem, ainda dependendo de
projeto e de entendimentos com o Metrorec.
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1934
À ESQUERDA: Os trens somente trafegariam entre Jaboatão e Recife num dos dias de carnaval (Diario da Manhã, 29/3/1934). |
ACIMA: A estação de Jaboatão, sem data (Autor desconhecido).
ACIMA: Mapa da parte norte do município de
Jaboatão nos anos 1950, por onde corre a linha Centro da RFN,
de leste a oeste. Aparecem, para o norte e para o sul, algumas ferrovias
de usinas.
ACIMA: Mais para o sul do município, uma imensa
quantidade de ferrovias particulares, principalmente da Usina Muribeca,
que, partindo da linha Centro próximo à estação
de Jaboatão (veja mapa acima), cruzava com a linha Sul próximo
à estação de Prazeres e chegava ao litoral. Anos 1950 (Enciclopédia
dos Municípios Brasileiros, IBGE, volume IV, 1958).
ACIMA: Pátio da estação de Jaboatão, provavelmente anos 1950 (autor desconhecido).
ACIMA: Prédio das oficinas de Jaboatão, provavelmente anos 1970. Notar que ainda existia o girador, em primeiro plano, já retirado (Autor
desconhecido).
ACIMA: A estação de Jaboatão, provavelmente anos 1970. (Autor e data
desconhecidos).
ACIMA: Nas quatro fotos, sequência da demolição do prédio das oficinas da estação de Jaboatão em 1984 (Autor desconhecido).
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c.2010
À ESQUERDA: Sobre Jaboatão e sua estação - CLIQUE SOBRE A FOTO PARA VER EM TAMANHO MAIOR (Reportagem publcada de Paulo Rocha, sem data, provavelmente por volta de 2010 - notar que ela cita fotos e artigos extraídos deste mesmo site). |
(Fontes: Paulo Rocha; Luiz Ruben F. de A. Bonfim;
Rodrigo Cabredo; Daniel Gentili; IBGE: Enciclopédia dos Municípios
Brasileiros, 1958; Salles: 4.5.1 Proposta de Pré-Zoneamento
da Reserva Ecológica de Gurjaú; http://mq.nlink.com.br/~stefan/
caruaru.htm; Gazeta Nossa, Jaboatão, 2010; Fundação
Apolônio Guia Geral das Estradas de Ferro do Brasil, 1960; Guias
Levi, 1932-82; Mapa - acervo R. M. Giesbrecht) |
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A estação de Jaboatão, vista aérea,
em 1959. Acervo Luiz Ruben F. de A. Bonfim |
A estação em 1986. Passageiros ainda esperam pelo
trem. Foto Nilson Rodrigues |
A estação, provavelmente anos 1990. Acervo Luiz
Ruben F. de A. Bonfim |
A estação c. 2000. Acervo Luiz Ruben F. de A.
Bonfim |
A estação em 2002. Foto Rodrigo Cabredo |
A estação em 2002. Foto Rodrigo Cabredo |
A estação em 2012. Autor desconhecido |
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Atualização:
01.06.2023
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