A B C D E
F G H I JK
L M N O P
Q R S T U
VXY Mogiana em MG
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Lácio
Marília
Padre Nóbrega
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Tronco oeste CP-1970

IBGE-1973 - ced. Elly Jr.
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ESTIVE NO LOCAL: SIM
ESTIVE NA ESTAÇÃO: SIM
ÚLTIMA VEZ: 1999
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Cia. Paulista de Estradas de Ferro (1928-1971)
FEPASA (1971-1998)
MARÍLIA
Municípios de Campos Novos (1928-1929);
Marília (1929-), SP
Ramal de Agudos original - km
Linha-tronco oeste - km 466,440
  SP-1228
Altitude: 652,440 m   Inauguração: 30.12.1928
Uso atual: centro de saúde (2011)   com trilhos
Data de construção do prédio atual: 1955
 
 
HISTORICO DA LINHA: O chamado tronco oeste da Paulista, um enorme ramal que parte de Itirapina até o rio Paraná, foi constituído em 1941 a partir da retificação das linhas de três ramais já existentes: os ramais de Jaú (originalmente construído pela Cia. Rio-clarense e depois por pouco tempo de propriedade da Rio Claro Railway, comprada pela Paulista em 1892), de Agudos e de Bauru. A partir desse ano, a linha, que chegava somente até Tupã, foi prolongada progressivamente até Panorama, na beira do rio Paraná, onde chegou em 1962. A substituição da bitola métrica pela larga também foi feita progressivamente, bem como a eletrificação da linha, que alcançou seu ponto máximo em 1952, em Cabrália Paulista. Em 1976, já com a linha sob administração da FEPASA, o trecho entre Bauru e Garça que passava pelo sul da serra das Esmeraldas, foi retificado, suprimindo-se uma série de estações e deixando-se a eletrificação até Bauru somente. Trens de passageiros, a partir de novembro de 1998 operados pela Ferroban, seguiram trafegando pela linha precariamente até 15 de março de 2001, quando foram suprimidos.
 
A ESTAÇÃO: A estação de Marília foi aberta como ponta de linha do então Ramal de Agudos no final de 1928. A estação deveria ter a letra "M", no alfabeto da Paulista. Segundo Fábio Vasconcelos, quem sugeriu o nome da estação não foi o diretor da Cia. Paulista, Adolfo Pinto, que havia indicado Marathona, Macau e Mogúncia, mas sim o então deputado Bento de Abreu Sampaio Vidal, que possuía muitas terras na região que não gostou dos nomes e, numa viagem de navio à Europa, lendo o livro "Marília de Dirceu", de Thomáz Antônio Gonzaga, teve a idéia de sugerir o nome de Marília, que foi prontamente aceito. Já existia lá então uma vila, chamada de Alto Cafezal. Uma curiosidade: segundo Rafael Correia Tassi, a locomotiva que puxou o primeiro trem era da E. F. Araraquara e estava alugada para a Cia. Paulista!

Em 4 de abril de 1929, a estação passou a ser a sede do novo município de Marília.

A partir de 1941, passou a fazer parte do tronco oeste da Paulista. A cidade cresceu muito, e hoje é a principal cidade da região que vai dali até o rio Paraná.

O prédio original foi substituído pelo atual em 1955 (retratado na foto preta-e-branca, abaixo, de 1958), depois de anos de reclamações dos munícipes sobre a inadequação de uma estação tão pequena para uma cidade que crescera tanto e tão rapidamente.

Estive em Marília em 09/10/1999, quando tirei as fotos da entrada principal da estação, e do armazém, ao lado. O prédio da estação, fechado, ainda mostrava na bilheteria os horários do Trem Azul e do Estrela do Oeste, que não passavam mais por lá já havia algum tempo... embora estivessem em atividade os trens de passageiros da FERROBAN, que perdurariam até 2000/2001.

No final de 2000, a estação estava reformada e servindo à Ferroban.

No início de 2001, os trens de passageiros deixaram de passar por lá, passando a seguir apenas até Bauru, e, a partir de 16/03 desse ano, foram suprimidos para sempre.

"A
estação de Marília continua em pé, paradoxalmente e por incrível que possa parecer, também (ou apenas por causa disso) por conta da eterna guerra entre a ingrata Prefeitura Municipal e os trens que cortam a cidade. Só para relembrar, o trem deve parar antes de cada cancela, aí vem o guarda da Ferroban, com sinalizadores, parando os automóveis, aí o trem apita, retoma o movimento, e na cancela seguinte tem outro guarda da Ferroban... ou o mesmo, que, de moto, corre desembestado pra cancela seguinte. Cruz credo vixemaria. Na viagem que fiz em novembro último, o trem levou praticamente meia hora para cortar Marília, já que fez esse ritual de parar a composição antes de cada uma das pelo menos 12 passagens de nível, esperar o guarda da Ferroban (havia vários na estação), apitar e retomar o movimento... a multa é salgada: segundo o chefe do trem, a Ferroban teria de indenizar o Município em algo em torno de 50.000,00, para CADA cancela que o trem passasse sem o guarda alertar o trânsito de veículos, primeiro. Só para relembrar: nos tempos da Fepasa assim que havia sido criada e a gente ainda chamava a Fepasa de Paulista, havia um guarda-cancelas nas passagens de nível mais movimentadas, e era para isso que serviam aquelas guaritas de madeira acinzentadas, com telhado de casinha" (João Baptista Lago, 09/2001).

"Nasci em Marília, onde via o movimento na estação que não parava nem um segundo sequer, e cheguei a conhecer o virador, já desativado, e as oficinas das locomotivas a vapor, diesel e carros. Hoje, onde estava o virador, é um centro cultural. O barracão das oficinas de locomotivas a vapor e carros está bem cuidado e ainda possui a caixa d'água, mas as oficinas das locomotivas diesel viraram um estacionamento. Do enorme pátio da estação só sobraram cinco linhas, mas a estação tem vigias dia e noite e continua funcionando" (Kleber, Garça, 2001).

"Lembro-me do galpão do lado oposto ao girador. Quantas saudades! Eu vinha da Sampaio Vidal, virava à direita pra cruzar a linha, e bem na esquina entre a Sampaio e esta rua havia o depósito de carros. As Gildas ficavam todos os dias no depósito, onde eram limpas e higienizadas. Ainda me vejo passando de bicicleta e vendo as Gildas e sentindo, no ar, aquele cheirinho de pinho, do desinfetante que era utilizado para a limpeza dos carros... À noite, era um espetáculo, as manobras para o acréscimo e engate, na composição que vinha de Panorama, dos carros do noturno que iam para a Luz. Os marilienses odiavam, porque parava todo o trânsito durante um tempão. Mas eu adorava! Carros indo pra lá, carros vindo pra cá... durante mais de uma hora, dava um congestionamento imenso no trânsito. O pessoal chiava, reclamava... mas era lindo!!! Principalmente o momento final do espetáculo: as duas G-12 urrando com tudo, na hora do ronco inicial, urrando muito forte, pra puxar aqueles mais de 10 carros Pullman STD" (João B. Lago, 2001).

Em novembro de 2001, a estação já estava desativada e abandonada, saqueada, sobrando porém o relógio, que não conseguiram arrancar da parede...

Em julho de 2002, Rodrigo Viudes relatou que os dois portões do hall de entrada foram substituídos por paredes e uma porta: "Era comum aos domingos ver as pessoas se acotovelarem na fila do guichê de passagens para comprar o bilhete. Do outro lado do balcão o funcionário perguntava: vai de primeira ou de segunda classe ? A diferença estava nas acomodações. Na primeira os assentos eram estofados na cor azul e o serviço de atendimento durante a viagem era mais chique. Na segunda classe, assentos em madeira mesmo, bancos duros onde os passageiros amargavam as terríveis oito horas de Marília a São Paulo. Minha mãe era mascate, vendia roupas que comprava na rua José Paulino e na 25 de março, e eu sempre viajava de trem com ela. Não gostava muito não, o cheiro das sapatas fenólicas me embrulhavam o estômago e o enjôo era certo durante toda a viagem. Para completar, quando chegávamos em São Paulo a gente pegava o bonde, que tinha janelas fechadas e o cheiro interno era terrível. São lembranças..." (depoimento de antigo usuário dos trens da Paulista).

Em outubro de 2002, o prédio reabriu como centro de saúde.

Em julho de 2004, segundo Evandro Satoshi Ishi, o armazém tornou-se uma loja de móveis e o antigo depósito de carros transformou-se em um loteamento comercial.

Em 2011, o centro de saúde continuava ali, com a fachada totalmente desgastada (vergonhoso para um centro de saúde e para a memória da estação), enquanto do lado da plataforma, drogados fazem a festa, sem atenção de ninguém. Triste fim de uma ferrovia gloriosa para a cidade.


ACIMA: Menos de seis meses depois de o ramal de Agudos atingir Marilia, a cidade cresceu tanto que era elevada a município, exatamente no dia 4 de abril de 1929. Reparem que na linha de prolongamento do ramal, ainda não construída então, o projeto indicava que ela passaria pelas estações de nome Nipponia (Padre Nobrega), Ormuz (Oriente) e Pompeia. Esta, na espera da linha ainda, que ali somente chegaria em 1935, já havia se desenvolvido estando já como distrito de paz do novo município de Marilia (O Estado de S. Paulo,. 4/4/1929).

1933
AO LADO: A linha ainca acabava na estação, mas todos esperavam pelo prolongamento e cobravam-no da Paulista (O Estado de S. Paulo, 1/2/1933).
1934
AO LADO: Marilia já teria mesmo problemas de comunicação entre os dois lados da linha? (O Estado de S. Paulo, 7/1/1934).
1934
AO LADO: De novo: Marilia já teria mesmo problemas de comunicação entre os dois lados da linha? (O Estado de S. Paulo, 10/6/1934).
1940
AO LADO: Novos horarios para os trens em Marilia (O Estado de S. Paulo, 2/8/1940).

ACIMA: A linha entre Duartina e Marília em 1948 (IGC - Instituto Geografico e Cartografico de São Paulo).

1949
AO LADO: O movimento da estação no ano anterior (1948) (O Estado de S. Paulo, 13/2/1949).

ACIMA: Movimento de cargas no pátio de Marília, provavelmente anos 1950 (Autor desconhecido).

1958
AO LADO: Notícia fala do "aumento" da estação de Marília (Folha da Manhã, 9/5/1958).
ACIMA: Pátio da estação de Marilia, sem data - CLIQUE SOBRE A FOTO PARA VER EM TAMANHO MAIOR (Acervo Klaus Jürgen Marienholz).

1960
AO LADO: Mais um trem noturno para Marilia (O Estado de S. Paulo, 19/03/1960).

ACIMA: Agora , em 1983, é a prefeitura da cidade que quer uma área da FEPASA - CLIQUE SOBRE O TEXTO PARA VER TODA A REPORTAGEM (O Estado de S. Paulo, 1/7/1983).

ACIMA: G-12 na plat6aforma de Marilis nos anos 1990 (Autor desconhecido).

ACIMA: Fantasmas do passado: a bilheteria ainda parece estar esperando por passageiros para comprar bilhetes, em 2008... (Créditos na própria fotografia).

ACIMA e ABAIXO, o trem puxado por três locomotivas U-20 cruza a cidade de Marília em 12 de agosto de 2008. Para mim e para muita gente, uma cena bonita. Praticamente não atrapalha o trânsito (é dia de semana, vejam a quantidade de carros esperando) nem atenta contra a segurança (pelo amor de Deus, não ver um trem desses, que, aliás, anda a menos de 15 km/hora??), não adianta os catastrofistas de plantão afirmarem que sim. Esta cena ocorre no mundo inteiro, inclusive nos Estados Unidos em diversos lugares (Fotos Fabio Vasconcellos).


ACIMA: O antigo depósito de locomotivas de Marília não parecia nada bem cuidado (Foto Rafael Correa, 11/2008).

(Fontes: Ralph Mennucci Giesbrecht, pesquisa local; Alberto Del Bianco; Klaus Jürgen Marienholz; Hermes Y. Hinuy; Luiz Moraes; Ricardo Koracsony; Evandro Satoshi Ishi; Rodrigo Viudes; João Batista Lago; Fabio Vasconcellos; Elly Jr.; Rafael Corrêa; Ivan Evengelista Jr.; Folha da Manhã, 1958; O Estado de S. Paulo, 1929; Cia. Paulista: relatórios anuais, 1923-69; IGC - Instituto Geografico e Cartografico de São Paulo; IBGE, 1973; Mapas - acervo R .M. Giesbrecht)
     

Chegada do primeiro trem a Marília em 1928. Foto cedida por Alberto Del Bianco

Estação original de Marília, junho de 1929. Foto cedida por Kleber, do acervo do Museu de Marília

Plataforma da estação original de Marília, 1929. Foto cedida por Kleber, do acervo do Museu de Marília

A estação atual, em cartão-postal, anos 1950. Foto cedida por Kleber, do acervo do Museu de Marília

Marília, 1958. Foto cedida por Alberto del Bianco

A estação, em 13/10/1993, ainda aberta e recebendo passageiros. Foto Hermes Y. Hinuy

A estação, em 09/10/1999, fechada. Foto Ralph Mennucci Giesbrecht

A plataforma já vazia, em 30/08/2001. Foto Hermes Y. Hinuy

Saguão da estação desativada, em 28/08/2001. Foto Hermes Y. Hinuy

A estação como centro de saúde em 10/2002. Foto Ricardo Koracsony

Plataforma da estação de Marília em 10/2008. Foto Luiz Moraes

Fachada da estação de Marília em 10/2008. Foto Luiz Moraes

Fachada da estação em 22/3/2016. Foto Silvio Rizzo

O relógio ainda sobrevive na plataforma em 22/3/2016. Foto Silvio Rizzo
 
     
Atualização: 15.05.2023
Página elaborada por Ralph Mennucci Giesbrecht.