|
|
...
Japuê
Canindé
Inderê
...
ramal de Igarapava-1935
...
ESTIVE NO LOCAL: SIM
ESTIVE NA ESTAÇÃO: SIM
ÚLTIMA VEZ: 2000
...
|
|
|
|
|
Cia. Mogiana de
Estradas de Ferro (1904-1971)
FEPASA (1971-1979) |
CANINDÉ
Município de Aramina, SP |
Ramal de Igarapava - km 134,390
(1938) |
|
SP-0071 |
Altitude: 580 m |
|
Inauguração: 01.11.1904 |
Uso atual: moradia (2017) |
|
sem trilhos |
Data de construção do
prédio atual: 1904? |
|
|
|
HISTORICO DA LINHA: O
ramal de Igarapava foi aberto em seu primeiro trecho, em 1899, até
Jardinópolis, a partir do local em que seria construída a estação
de Entroncamento, um ano depois. Em 1905, chegou a Igarapava, então
ainda Santa Rita do Paraizo. Em 1914, atingiria a linha do Catalão,
já em Minas Gerais, pouco antes de Uberaba. O ramal atravessava as
melhore terras de café do norte do Estado. Em fevereiro de 1979 foi
fechado para cargas, e em 10/05/1979 para os trens de passageiros,
e substituído pela variante Entroncamento-Amoroso Costa, que correria
mais a oeste da linha velha e se tornaria então a continuação do tronco
retificado da ex-Mogiana. Os trilhos foram retirados por volta de
1986, sobrando apenas as velhas estações, abandonadas ou com outras
funções. |
|
A ESTAÇÃO: A estação
de Canindé foi aberta em 1904.
Desta estação partia também um trem de carga particular, pertencente
ao Cel. Francisco Maximiniano Junqueira, percorrendo cerca
de 50 km. O seu acervo compunha-se de seis locomotivas e material
rodante próprios, que circulavam na linha da Mogiana até a estação
de União (depois chamada de Coronel Quito), transportando
lenha, e daí, por seu ramal particular, seguiam até a usina e canaviais
do proprietário (Relatório da Secretaria dos Transportes do Estado
de São Paulo, 1929).
A estação possuía até um depósito de locomotivas próprio, construídos
em 1924, devido a esse ramal (*RM-1924).
"Canindé era o fim da secção da tração dos residentes em Uberaba.
Os maquinistas que vinham de Uberaba voltavam a partir deste ponto.
O mesmo ocorria com os que vinham de Ribeirão Preto. Meu avô raramente
passava desta estação, pois como servia em Uberaba ele ia até Canindé
ou Jaguará ou Araguari" (Paulo Cury, 02/2009).
Em 1979, com os ramais particulares já desativados em Coronel Quito,
a estação de Canindé deixou definitivamente de funcionar, com
a supressão do ramal original de Igarapava, que passou a seguir
pela nova variante Entroncamento-Amoroso Costa, mais
para oeste da antiga linha.
O bairro do Canindé fica perdido no meio de um imenso canavial,
podendo ser alcançado em 2000 (única vez em que lá estive),
por uma estrada de terra, uma reta de 6 km que sai do trevo de Buritizal,
na via Anhanguera. O morador da estação dizia-me que Canindé
já foi muito maior, e que um dos prefeitos de Aramina - município
recente, ao qual o bairro hoje pertence - ofereceu casa pronta em
uma vila perto da cidade (bairro de Canindezinho) em troca
dos terrenos de quem tivesse a escritura de posse em Canindé,
no sentido de acabar com o bairro. Mesmo assim, não foram todos, mas
muitas casas foram derrubadas: em 2000, elas não chegavam a vinte,
algumas delas muito bonitas, certamente remanescentes do tempo em
que Canindé era o ponto de partida dos trens do Dr. Junqueira.
"Canindé foi um local próspero, pois na época das locos a
vapor era um depósito de lenha além de ponto de troca de locos
e o número de funcionários era grande. O local tinha cinema, restaurante
e outras coisas. Com a entrada em circulação das locos a diesel o
tráfego passou a ser direto, daí foi decaindo, hoje o Bairro de Brejão,
distante 6 km e ás margens da Anhanguera tem recebido certas melhorias,
asfalto... com isto o Canindé estagnou e vai decrescendo. A região
toda era só cerrado (Japuê, Canindé, Inderê) que hoje se transformou
em canavial da Usina Junqueira cuja moagem é feita em Coronel
Quito. O cerrado já pertencia à família Junqueira" (Abimael
Simões, 11/2005).
"A estação e a caixa d'água que abastecia o Canindé, na minha
época (1961), eram acionadas por motor a diesel. A água coletada para
uso apresentava uma nata furta-cor, característica do óleo e também
alteração de sabor. O responsável pelo motor dizia que a profundidade
do poço ultrapassava os 100 metros. Funcionava das 18 às 22 horas,
era quando tínhamos energia elétrica, depois, só lampião e lamparina.
Eu fazia plantão das 18 às 6 horas. As narinas amanheciam pretas pela
fumaça do querosene. Não raramente, o motor pifava e chegava a uma
semana o seu conserto. Nessas ocasiões, era enviado um pequeno vagão-tanque
com água para nosso uso e da população local. Hoje já existe
energia elétrica, mas a corrutela está em decadência. Pessoas conhecidas
minhas alegam o aumento de pessoas sem qualificação, ou seja, viciados
em bebidas alcoólicas. O cultivo da cana alastrou-se e fez desaparecer
o cerrado. A região virou um '"mar de cana'" (Abimael Simões,
19/01/2017).
Sobre as locomotivas a vapor em Canindé: "Naquela época
(1961) não havia mais vestígio algum de atividades da era das locomotivas
a vapor em Canindé. Os trabalhadores ali eram antigos e contavam
que Canindé era o local de trocas e manutenção de locomotivas a vapor
vindas de Uberaba e Ribeirão Preto (seria um posto de troca). Na estação
morei em uma casa alugada, quando era telegrafista. Era particular,
eu pagava aluguel. Havia também duas casas que eram da Igreja,
onde naquela ocasião ainda havia missas ocasionais. Em um ano ou pouco
mais em que lá fiquei, presenciei uma quermesse em benefício da construção
da Igreja. Acredito que jamais ficou pronta e agora é só ruinas"
(Abimael Simões, 19/01/2017).
1920
AO LADO: Esta linha foi construída? Seria ela o ramal citado nos anos 1920 (ver acima) (O Estado de S. Paulo, 24/1/1920). |
|
1924
AO LADO: Acidente próximo à estação
de Canindé 12 de fevereiro (O Estado de S. Paulo, 14/2/1924).
|
|
ACIMA: Esquema do pátio de Canindé
em novembro de 1968 (Clique sobre a figura para ter maiores informações)
(Acervo Museu da Companhia Paulista, Jundiaí, SP - Reprodução
Caio Bourg).
ACIMA: Caixa d'água da estação
de Canindé (Foto Abimael Simões, 18/1/2017).
(Fontes: Ralph M. Giesbrecht, pesquisa
local; Abimael Simões; Paulo Cury; A. C. Belviso; Caio Bourg;
Museu da Companhia Paulista de Jundiaí; O Estado de S. Paulo,
1924; Secretaria dos Transportes do Estado de São Paulo: Relatório,
1929; Cia. Mogiana: relatórios anuais, 1890-1969; Mapa - acervo
Ralph M. Giesbrecht). |
|
|
|
A estação por volta de 1910. Foto do album da
Mogiana, cortesia A. C. Belviso |
A fachada, em 17/06/2000. Foto Ralph M. Giesbrecht |
Foto do lado da plataforma, em 17/06/2000. Foto Ralph M. Giesbrecht |
Em 17/06/2000, a estação é uma moradia.
Foto Ralph M. Giesbrecht |
A estação em 18/1/2017. Foto Abimael Simões |
A antiga estação, em 2020. Foto Rodrigo Flores |
|
|
|
|
Atualização:
25.06.2020
|
|