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VXY Mogiana em MG
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Jurubatuba
Cidade Dutra
São Bernardo
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ramal Jurubatuba - 1970
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ESTIVE NO LOCAL: SIM
ESTIVE NA ESTAÇÃO: SIM
ÚLTIMA VEZ: 2007
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Estrada de Ferro Sorocabana (1957-1971)
FEPASA (1971-c.1979)
CIDADE DUTRA
Município de São Paulo, SP
Ramal de Jurubatuba - km 36,898   SP-1151
Altitude: 742 m   Inauguração: 28.09.1957
Uso atual: fechada (2016)   com trilhos
Data de construção do prédio atual: 1958 (provável)
 
 
HISTORICO DA LINHA: O ramal de Jurubatuba foi construído entre 1952 e 1957 para encurtar a distância entre a Capital e Santos pela Sorocabana. Partindo da estação de Imperatriz Leopoldina, no tronco, a linha seguia até Evangelista de Souza, na Mairinque-Santos, no alto da serra, para dali descer para o porto. Transportando passageiros e cargas desde a abertura da linha em 1957, o ramal acabou por se tornar uma das linhas de subúrbio da Capital. Por volta de 1980 foi feita a duplicação da linha e a colocação da bitola mista, o que levou à demolição, por causa do óbvio alargamento do leito para comporatr duas linhas, de todas as estações originais que estavam no trecho entre Universidade e Jurubatuba, com a exceção desta última. Uma nova linha com novas estações foi entregue, agora com trens partindo de Osasco e não mais de Julio Prestes, mas somente em 2000 é que ficaram prontas todas as estações previstas para todo o trecho que hoje é atendido pelos TUES metropolitanos da CPTM. Até dezembro de 2001 o transporte de passageiros se resumia ao trecho entre Presidente Altino, no tronco, e Varginha, na entrada da área de mananciais. Nesse mês, o transporte foi suprimido para além de Jurubatuba. Daí até Evangelista a linha foi está desativada até para cargueiros, mas, em 2007, foi aberta a extensão da linha eletrificada com trens da CPTM até a nova estação de Autódromo.
 
A ESTAÇÃO: A estação de Cidade Dutra foi inaugurada em 1957, setendo sido esta a primeira das estações abertas juntamente com o prolongamento do ramal de Jurubatuba, que nesse dia atingiria a estação de Evangelista de Souza, na Mairinque-Santos. A eletrificação da linha chegava até esta estação, nos primórdios do ramal.

Mais tarde, a linha foi prolongada até Evangelista de Souza. A estação de Cidade Dutra foi utilizada como tal até o final dos anos 1970, quando a remodelação do ramal pela Fepasa a desativou.

É a única estação do ramal original que estava de pé até 2016. Esta "descoberta", de minha parte, ocorreu quando, em junho de 2000, eu ouvi o final de uma reportagem na rádio Eldorado, que falava dos rios de São Paulo, e, neste caso, do rio Pinheiros. A repórter falava "... e depois de o trem passar por uma velha estação há muito desativada, cruzamos a ponte de Jurubatuba...". Ela já havia dito que estava viajando no trem que fazia o trecho desde Varginha, o que me levou a supor a localização deste suposto prédio como sendo atrás do autódromo de Interlagos. Em 22 de junho de 2000, um feriado de Corpus Christi, peguei o carro e fui lá, com a ajuda do guia de ruas. Percorrendo as ruas que davam acesso ao bairro da Cidade Dutra, junto aos trilhos, vi que a estação estava lá. Ela era de madeira, tinha a área de embarque de passageiros conjugada com o armazém, e servia como moradia e depósito de madeiras velhas, onde morava um senhor que era um funcionário aposentado da Sorocabana. Os desvios foram retirados, e os trilhos, hoje, passam a alguns metros distante da plataforma. Segundo o seu morador, Manoel de Oliveira Rocha (e também seu genro, Fernando, que também estava lá no momento), ele foi funcionário em várias estações da região, e se aposentou morando na estação. Ele estava lá desde o ano de 1962, transferido da estação de Pai Matias (na Mairinque-Santos), como portador de estação (a pessoa que operava os desvios). Mais tarde, aposentou-se, a estação foi fechada, e ele continuou morando lá. Tinha 79 anos, estava quase cego, e se queixava do pessoal da favela dos outro lado dos trilhos, que chamava de "bandidos", que sempre tentavam lhe roubar as madeiras que ele tinha na estação, esta totalmente cercada por arame. A estação ainda tinha as placas da quilometragem e da altitude, além do nome - Cidade Dutra.

É possível que as outras estações originais do trecho até Evangelista de Souza tenham sido do mesmo estilo, diferentes do trecho até a estação de Jurubatuba, que tinha as estações menores, mas de alvenaria.

Em 15/10/2001, o Jornal da Tarde publicou uma reportagem com a estação, entrevistando também o velhinho. Em novembro de 2003, o seo Manoel, muito doente, foi embora, e a pichação, o lixo e o abandono tomaram conta da velha estação. Seo Manoel faleceu em fevereiro de 2004.

"Há três anos vivo sem minhas grandes paixões, meu pai e nossa casa, nosso "barracão da fepasa", como chamava meu Manuelito" (Veronica Rocha, filha de Manoel, 06/2007).

No início de 2007, a reconstrução do trecho entre Jurubatuba e Varginha estava em andamento, e a estação, única remanescente das 11 originais do ramal, em risco de demolição pela CPTM,estava sendo utilizada como alojamento pelos trabalhadores da obra, deveria ser mantida em pé, com uso ainda a ser discutido, provavelmente um museu da linha. Ao seu lado, foi construída a estação de Autódromo, inaugurada em outubro de 2007.

Em dezembro de 2008 estava já fechada e com sinais externos de abandono, com vidros quebrados. O tombamento da estação, pedido por mim ao CONDEPHAAT em 2006, foi negado no final de 2011.

Em 2016, a estação ainda estava em pé e fechada. (Veja também AUTÓDROMO)


ACIMA: O bairro ainda era semi-rural em 1976 (Folha de S. Paulo, 12/3/1976)

"Esta criação de gado pertencia a um senhor conhecido na região como seu Nenê, que tinha um ranchinho a uns quinhentos metros do local que hoje situa-se a estação Autódromo sentido Grajaú. As vacas passavam de manhã seguindo uma estradinha paralela à estrada de ferro, passando ao lado da estação Cidade Dutra e descendo por uma trilha ao lado da entrada da ponte para pastar às margens do rio Pinheiros. À tardinha já escurecendo,elas voltavam sempre pastoreadas pelo Juca, uma pessoa extremamente singela por sua simplicidade. E isto acontecia todos os dias desde o final dos anos cinquenta e ao que me consta elas não incomodavam ninguém, pois não havia nenhuma casa neste trajeto. Escrevo isto com a experiência de quem morou durante sessenta anos onde hoje é o jardim Satélite" (Celso Borges dos Santos, 28/8/2015).

ACIMA: Família posa junto à estação em 2 de novembro de 1957, poucos meses após a inauguração do prédio. ABAIXO: No mesmo dia, o "Ouro Branco", saudoso trem da Sorocabana, parado junto à plataforma da estação (Acervo Edson Milani).


ACIMA: A estação tem agora o trem de novo passando por ali... só que ela somente fica olhando (Foto Anderson Conte, 17/11/2009). ABAIXO: Como ir ao autodromo de Interlagos em 1961 (Folha de S. Paulo, 18/8/1961).
(Fontes: Ralph M. Giesbrecht, pesquisa local; Robson Conte; Edson Milani; Ayrton Camargo da Silva; Rafael Asquini; Robson Sousa; Simon Macedo; Anderson Conte; Alfredo Couto; Veronica Rocha; Manoel Rocha (in memoriam); Jornal da Tarde, 2001; Folha de S. Paulo, 1961; E. F. Sorocabana: Relatórios anuais, 1940-69; Mapa - acervo R. M. Giesbrecht)
     


A estação, c. 1960. Acervo Ralph M. Giesbrecht


A estação, em 22/06/2000. Foto Ralph M. Giesbrecht

A estação, no lado da plataforma, em 22/06/2000. Foto Ralph M. Giesbrecht

Detalhe da porta e da placa de quilometragem, em 22/06/2000. Foto Ralph M. Giesbrecht

Em novembro de 2003, o abandono. Foto Robson Sousa

A estação em fevereiro de 2006. Foto Simon Macedo

A estação como alojamento, em 7/10/2007. Foto Anderson Conte

Em dezembro de 2008, sinais de abandono. Foto Alfredo Couto

A estação em 17/11/2009. Foto Anderson Conte

A estação em 6/10/2014. Ao fundo, o trem da CPTM e a estação Autodromo. Foto Robson Conte
   
     
Atualização: 21.09.2016
Página elaborada por Ralph Mennucci Giesbrecht.