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VXY Mogiana em MG
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Pirapora
Buritizeiro
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ESTIVE NO LOCAL: NÃO
ESTIVE NA ESTAÇÃO: NÃO
ÚLTIMA VEZ: S/D
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E. F. Central do Brasil (1922-anos 1930)
BURITIZEIRO
(antiga INDEPENDÊNCIA)
Município de Buritizeiro, MG
Ramal de Pirapora - km 1007,873 (1928)   MG-1225
Altitude: -   Inauguração: 28.10.1922
Uso atual: abandonada (2015)   com trilhos
Data de construção do prédio atual: 1922
 
 
HISTORICO DA LINHA: O ramal de Pirapora, que saía da estação de Corinto, chegou em 1910 a Pirapora, às margens do rio São Francisco, mas para curzar o rio através de uma ponte ferroviária, levou 12 anos, quando foi inaugurada a estação de Independência (Buritizeiro) na margem oposta. Nessa época, o trecho fazia parte da Linha do Centro da Central do Brasil. Nos anos 1930, entretanto, com a maior afluência de tráfego na linha para Monte Azul, esta passou a ser parte do tronco e o trecho Corinto-Pirapora passou a ser apenas um ramal. Na mesma época, Buritizeiro foi desativada, junto com a ponte sobre o São Francisco. O ramal nunca passou dali, ao contrário dos planos de 1922, que pretendiam chegar a Belem do Pará. No final dos anos 1970, o tráfego de passageiros foi desativado no trecho. A linha permanece ativa até hoje (2003), pelo menos oficialmente. Ainda há trilhos sobre a ponte do São Francisco...
 
A ESTAÇÃO: A estação de Independência foi aberta em 1922 (as obras haviam se iuniciado em 1911) e recebeu o nome como homenagem ao centenário da Independência do Brasil, comemorada nesse ano. A estação foi inaugurada juntamente com a grande ponte ferroviária sobre o rio São Francisco.

Fazendo parte da linha do Centro na época, era a última estação, a terminal, mais de mil quilômetros distante do Rio de Janeiro. Era também a primeira estação além do grande rio, o Velho Chico.

Dali deveria seguir a linha para Belém do Pará, como previa Max Vasconcellos, em seu livro As Vias Brasileiras de Comunicação, em 1928: "Aqui, onde a vastidão deste cenário e a imponência deste rio dão a visão suntuosa da grandeza do Brasil, termina a Linha do Centro. Em futuro que não poderá estar muito afastado, os 2.547 km que medeiam entre a ponta dos trilhos e a ciade de Belém, no Pará, estarão cobertos pelos dois fios de aço que encurtam as distâncias e solidificam a integridade das nações de território vasto. E entre silvos sonoros e vitoriosos, a alegre locomotiva irá buscar em 3 dias os nossos irmãos do norte, que hoje levam 15, a chegar à capital do seu País".

O prolongamento não foi construído, a ponte passou a ser rodoviária sem que lhe tirassem os trilhos, o nome foi logo alterado para o do distrito à qual pertencia - Buritizeiro - que finalmente se tornou município autônomo.

A estação foi desativada já nos anos 1930, os trens não cruzavam mais a majestosa ponte, a linha desde Corinto já não era mais a tronco da Central, mas simplesmente o ramal de Pirapora.

"A linha, ao cruzar o rio, seguiria para o norte via Formosa e teria um ramal para Patos. Com base em cartas de navegação da USAF dos anos 1940, vê-se que a linha chegou a ser aberta até um lugar denominado Paredão de Minas. Em Pirapora, entrevistei pessoas que me garantiram que a linha foi estendida até lá. Alguns pilotos também dizem isto. O fato é que não encontrei documentos da Central sobre a operação da linha, apenas da construção. Na estação, a plataforma é revestida de ladrilhos amarelos, e ainda há linhas no pátio, mas encobertas pela areia do rio São Francisco " (Pedro Paulo Resende, 2003).

"Quando estive lá, por volta de 1990, a estação de Buritizeiro ainda estava de pé. Aquela ponte é uma comédia. Hoje é utilizada para tráfego rodoviário, porém devido à estreiteza só passam veiculos em uma mão por vez. O absurdo reside no fato de que eu não sei como aquela ponte chegou a suportar material ferroviário, já que toda vez que um carro passava a ponte sacolejava tanto que eu parava de andar de puro medo" (Nicholas Burman,
04/2003
).

"A estação está abandonada. Fica aproximadamente a 1.500 m da ponte sobre o São Francisco. A plataforma era bem comprida. Fica em uma área deserta junto ao núcleo central da cidade. A ponte é engraçada: apesar dos (muitos) anos em que o trem não passa, os trilhos ainda estão lá. Não há controle de sentido de direção. O motorista mete a cara e seja o que Deus quiser. O segredo é encaixar as rodas entre os trilhos. Pra quem não está acostumado dá um frio na barriga pois as tábuas estão soltas e um descuido o carro cai no estrado da ponte. Vira e mexe algum carro cai. As prefeituras ainda estudam reativar as guaritas existentes em cada ponta" (Rodrigo Cabredo, 08/2005).

O conjunto de dois prédios (estação e armazém) ainda estavam de pé em 2009, totalmente abandonados. Ficavam numa área isolada da cidade, e chegou a ser um centro cultural nos anos 1990, mas voltou a ser abandonado.


ACIMA: Colocação da pedra fundamental da nova estação de Pirapora como início das obras para o ramal Pirapora-Belém do Pará. Interpreto isto como sendo a estação de Independência, depois Buritizeiro, já do outro lado da ponte sobre o rio São Francisco (O Malho, 2/12/1911).

ACIMA: Planta que mostra a distância e a via entre as estações de Pirapora e de Independência, feita durante a inauguração desta última estação em 1922. Para ve-la inteira, CLIQUE SOBRE A FIGURA (Arquivo Público Mineiro).

ACIMA: Cobertura da plataforma entre os prédios da estação e do armazém, totalmente abandonados em Buritizeiro (Foto de autor não identificado, maio de 2009).

(Fontes: Pedro Paulo Resende; Glaucio Henrique Chaves; Nicholas Burman; Rodrigo Cabredo; Arquivo Público Mineiro; Max Vasconcellos: Vias Brasileiras de Comunicação, 1928; Guia Geral das Estradas de Ferro do Brasil, 1960; Guias Levi, 1932-79)
     

Em 1928, a estação e o armazém de Independência. Foto Max Vasconcellos

A estação, ao fundo, e o enorme armazém, em primeiro plano, de Buritizeiros, em foto de 2003, de Pedro Paulo Resende.

A estação, pequena junto ao enorme armazém, em 2003. Foto Pedro Paulo Rezende

Na casa de turma, em 08/2005, a inscrição: "EFCB - 5a divisão". Foto Rodrigo Cabredo

Bela porta em Buritizeiro, 08/2005. Foto Rodrigo Cabredo

A estação e ao fundo, o armazém, em 08/2005. Foto Rodrigo Cabredo

A estação e o armazém em maio de 2009. Autor não identificado

A estação em 2015. Foto Glaucio Henrique Chaves
 
     
Atualização: 02.07.2019
Página elaborada por Ralph Mennucci Giesbrecht.