HISTORICO DA LINHA: A Estrada
de Ferro Central de Pernambuco foi aberta em 1885, de Recife a Jaboatão,
pela Great Western do Brasil, empresa inglesa que mais tarde viria
a incorporar quase todas as ferrovias de Pernambuco, estendendo-se
pelos Estados limítrofes. Aos poucos, a linha foi sendo estendida,
somente chegando ao seu extremo, em Salgueiro, no ano de 1963, sem
se entroncar com linha alguma na região. Antes disso, em 1950,
a União incorporou a rede da Great Western, que passou a se
chamar Rede Ferroviária do Nordeste. A EFCP passou a se chamar
Linha Centro. Esta linha, que como toda a RFN passou a ser controlada
pela RFFSA a partir de 1957, passou a ser operada por esta a partir
de 1975. Em 1983, os trens de passageiros foram suprimidos e mantidos
apenas no trecho entre Recife e Jaboatão, como trens de subúrbio.
Atualmente (2005), de Jaboatão para a frente, a linha está
abandonada, sem movimento ferroviário por parte da CFN, concessionária
da linha desde 1997. |
A ESTAÇÃO: A estação de Francisco
Glicério foi inaugurada em 1886. Mais tarde adotou o
nome de Pombos. "Em 1891 um engenheiro-chefe da Estrada
de Ferro Central pretendeu dar o nome de Francisco Glicério
à povoação de São João dos Pombos,
mas acontece que a mudança só se efetuou na legenda,
colocada na parede da estação e nas tabelas dos preços
de transporte, Prevaleceu, afinal, o primitivo nome" (Estevão
Pinto, História de uma estrada de ferro do Nordeste, 1949,
p. 107).
A estação passou por alguns episódios
interessantes na época da Coluna Prestes: "Na mesma
época que a Coluna Prestes se encontrava no Nordeste foi transferido
do Rio de Janeiro para o Recife o tenente Cleto da Costa Campelo
Filho, que havia prometido ao comando da Coluna Prestes que iria
levantar parte do Exército em Pernambuco e juntar-se à mesma na
região do Pajeú. No Recife estavam alguns oficiais revoltosos, participando
da tropa secretamente outros na clandestinidade, que programavam
fazer um levante. Era época de Carnaval e o articulador do movimento
foi o jovem tenente Cleto Campelo. O plano foi descoberto, alguns
conspiradores presos e o levante fracassou. Cleto Campelo conseguiu
fugir para Jaboatão, onde junto com 25 companheiros tomou a cadeia
pública e as oficinas da Great-Western, libertou os prisioneiros
prendeu os policiais e cortou a linha telefônica para o Recife.
Apossaram-se da munição que existia na estação ferroviária, tomaram
o trem de passageiros descarrilando os vagões que não precisavam
utilizar. Integraram ao movimento alguns operários da Great-Western,
saquearam parte do comércio e viajaram pela ferrovia Central com
paradas sucessivas em Tapera, Vitória de Santo Antão e Pombos. Em
Vitória de Santo Antão os rebeldes passavam de 80 homens, almoçaram
no Hotel Fortunato e seguiram em frente. Em Gravatá os legalistas
haviam organizado a resistência. os revolucionários desceram do
trem e foram surpreendidos com muitos tiros. O tenente Cleto Campelo
caiu morto. Era 18 de fevereiro de 1926. A derrota trouxe grande
desgosto para os revoltosos e começou a desistência de vários componentes
da tropa, porém o comandante substituto, tenente Valdemar Lima,
dominou a situação. Valdemar Lima, pernambucano de Recife, conhecido
como "Tenente Limão", ordenou o maquinista a seguir em frente com
destino Bezerros-Caruaru. No entanto, devido a uma sabotagem , o
trem descarrilou alguns quilômetros antes da cidade de Caruaru,
num povoado denominado Gonçalves Ferreira. No momento outros rebeldes
fugiram, ficando com o tenente apenas 30 companheiros. O tenente Valdemar Lima, depois da queda do trem, sem condução
e muito preocupado, desistiu do plano, que era chegar às margens
do Rio São Francisco, onde se encontrava uma parte da Coluna Prestes
comandada pelo tenente João Alberto Lins de Barros, esperando o
tenente Cleto Campelo, até receber a notícia do fracasso dos companheiros
do Recife. A Coluna atravessou o Rio São Francisco com destino ao
Sul" ("A origem de Topada", autor desconhecido,
site mq.nlink.com.br/ ~stefan/caruaru.htm).
Segundo o livro Antologia Ferroviária do Nordeste, de Alcindo de
Souza (1988), a estação foi fechada por ser deficitária
em 1º de agosto de 1983 e em 1988 abrigava o centro cultural Luiz
de Souza. Em 2005, o prédio era uma oficina de veículos.
Em 2021, a ex-estação se encontrava numa região periférica da cidade, estava bem mal cuidada e com suas paredes lacradas. Ainda era possível encontrar uma estrutura que parecia ser um banheiro e uma casinha que devia ter sido a casa do agente ou de algum operário da ferrovia e mais à frente era possível já observar que o leito da ferrovia foi tomado por casas.
ACIMA: Mapa do município de Vitória
de Santo Antão nos anos 1950. A linha Centro cruza-o de leste
a oeste. A estação de Pombos é também
sede de um distrito, próximo à divisa oeste (Enciclopédia
dos Municípios Brasileiros, IBGE, volume IV, 1958).
ACIMA: Casas da vila ferroviária de Pombos, no antigo pátio da estação de Pombos, em 2021 (fotos Rodrigo Henrique em 18/10/2021).
(Fontes: Rodrigo Henrique; Luiz Ruben F. de A. Bonfim; André
Luiz; http://mq.nlink.com.br/~stefan/ caruaru.htm; IBGE: Enciclopédia
dos Municípios Brasileiros, 1958; Estevão Pinto: História
de uma estrada de ferro do Nordeste, 1949; Alcindo de Souza: Antologia
Ferroviária do Nordeste, 1988; Guia Geral das Estradas de
Ferro do Brasil, 1960; Guias Levi, 1932-82; Mapa - acervo R. M.
Giesbrecht)
|